Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

 Soltei-me do abraço, entrei no carro e abaixei a capota. Aparentemente ele estava triste, mas não havia o que fazer. Se ele quisesse ir à minha casa ele poderia ir, podia até ser comigo agora, devia aproveitar que a mãe estava lá e ir comigo. Eu é que não vou mais ficar aqui, chega de sacrifícios por ele. Respirei fundo prendendo as palavras em minha boca. Eu vou me conter... Não vou pedir que ele vá me ver antes de viajar... Isso é demais. É uma afronta ao meu amor próprio. Dessa vez eu tenho que conseguir me libertar de vez. Não adianta acreditar que precisamos um do outro e que eu fui predestinada a ele, se ele não quer... Ele encostou-se ao carro, pegou em meu cabelo e olhou-me por longos minutos, inexpressivo. Parecia ter algo para falar, mas não desengasgou.

“Boa viagem, Miguel, espero que se saia bem.” Segurei as emoções para não me permitir embargar a voz.

 Eu não vou mais sofrer com isso.

 “Obrigado.”

 Na hora que eu preciso que ele fale alguma coisa, ele não fala, esse monossílabo!

 “Tchau.” Dei um sorriso forçado, arranquei o carro e saí sem olhar para trás.

 Todas as vezes que tentei afastar-me dele eu estava motivada por alguma força externa a mim... Uma vez o meu pai pediu, outra vez estávamos brigados no hotel e dessa última vez, por ele não ter vindo me ver... Hoje eu decidi que é o correto. Consegui enxergar que realmente não dá. Eu não posso viver assim para sempre, massacrando-me, sempre preocupada com o dia seguinte... Se ele vai aparecer ou não.

** 

Cheguei em casa encontrei com Alma e Santos na sala. “Oi, Alma. Oi, Santos.” Cumprimentei os dois. “Vai sair, Alma?” Perguntei ao observar que estava bem arrumada.

 “Vou. Ficou tudo bem lá em casa, Mia?”

 “Sim... Para onde você vai?” Eu queria desviar o assunto. Quanto menos falasse dele nos próximos dias melhor.

 “Vou jantar com Martin.”

Hum... Meu pai é um mole mesmo.

 “Mia, vem aqui no jardim conversar comigo um pouco.” Alma pegou em minha mão e me conduziu até a área externa da casa, sentando-se em um banquinho. “Como estão você e Miguel?”

 “Estamos bem.” Eu não ia demonstrar minha frustração.

 “Mia, você sabia que desde o dia que vocês se conheceram ele fala de você pra mim? Eu não sei como vocês estão, mas eu acho que vocês deviam ser fortes e se manterem unidos. Vocês se gostam, ele sempre gostou de você.”

 Quantas vezes eu vou ter que repetir para as pessoas que gostar não é o mesmo que querer?

 “Obrigada por se importar, mas gostar não tem sido suficiente pra mim...” Eu estava firme. Ela queria conversar, mas eu não ia me descompor da convicção. “Olha, Alma, eu já estou cansando de enfrentar tudo por ele, eu enfrento até ele mesmo para ficar com ele. É difícil lidar com o seu filho. Eu sei que ele gosta de mim, mas é complicado entendê-lo quando se refere a nós.”

O Dr. Martin chegou, graças a Deus. Eu não queria levar essa conversa adiante.

 “Então, depois conversamos mais.” Ela se despediu e saiu.

 Ao subir as escadas encontrei Diego saindo do quarto dele. “Lembrou que tem casa?” Me abraçou e brincou.

 “Pois é.” A essa altura meu rosto já devia ter sido invadido pelo efeito que a conversa da Alma causou em mim.

 “Mia, eu tenho dois convites sobrando para o Réveillon, meu pai ganhou o suficiente aqui para casa e mais três. Para um eu já arrumei o destino, o outro eu vou dá para uma conhecida da Vick, você quer dá um para a irmã do Santos? Ela nunca veio aqui, de repente ela quisesse...” O Diego bebeu! Se eu fosse trazer alguém de lá eu traria Miguel, não Roberta. Ele nem imaginava que a irmã do Santos era a lourona que ele estava babando na praia.

 Pensei... Eu poderia dar uma chance dele vir aqui, uma chance de ficarmos juntos de novo. Ah, é Ano Novo, só uma vez.

Eu sempre digo isso...

 “Diego eu vou dar um telefonema e te aviso.”

Falei e direcionei ao meu quarto, já discando o numero do Miguel no caminho.

 “Oi, Miguel.”

 “Oi. Chegou bem?”

 “Sim. Você tem algum lugar para ir amanhã?”

 “Não sei ainda, geralmente fico em casa. Vou ver quando a Alma chegar se ela quer ir à algum lugar.”

 “Tem uma festa em um clube e amanhã, se você quisesse vir, eu conseguiria o convite... É uma festa da nata de Guadalajara, vai ser muito boa, só ganham convites pessoas importantes da cidade. Vem?” Por que eu Falei demais?

 Ele ficou calado algum tempo. Era lógico que ele não iria vir, Mia, pra que se iludir!

 “Eu não sei... Eu não gosto desse tipo de festa.”

 Putz! Ele não entende que não é a festa, é ficar perto de mim! Que cara mais tosco!!

 “Tudo bem, não vem mesmo não!! Melhor cada um no seu espaço!! Não foram três dias de amassos que vão mudar a nossa realidade!!” Meu tom de voz aumentou e se transformou em dureza.

 “Mia, pára com isso! Se controla!”

 É... Realmente devia me controlar, os meus surtos não iam mudar a realidade. Respirei e deixei a sensatez me invadir. “Você está certo... Não tem o que fazer aqui... É melhor não vir mesmo... Melhor pra nós dois... Foi só um surto momentâneo, mas tudo bem. Até mais.”

 Desliguei o telefone sem lhe dá chance de argumentar. Meu estômago revirava de ansiedade.