Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

 Mia POV

“O que aconteceu ontem à noite, Mia?” Fez uma careta e deitou o violão em seu colo. “Bom, vocês ficaram bêbados na festa, se agarrando... Imagine como...” Balançou a cabeça e eu desviei o olhar. “Eu percebi que Miguel não iria conseguir trazer você em casa, então peguei a chave com ele e vim trazer vocês. Só que vocês não quiseram subir e ficaram no sofá. Depois eu saí de novo e quando cheguei hoje vocês estavam dormindo, aí eu vim aqui, busquei um lençol e joguei em cima de vocês.” Explicou pausadamente.

 “E hoje?”

 “Bom, depois que eu cobri vocês, fui para o meu quarto tomar banho e me vestir, depois desci para lanchar. Quando cheguei lá em baixo o meu pai já estava, e te chamava várias vezes, mas você parecia que estava morta. Depois Vick desceu e a primeira coisa que ela disse foi assim: agora pode trazer homem pra casa assim, é? Meu pai bufou né, imagine. Então Lupita desceu e ficou aflita, querendo vestir a blusa em você, mas enfim meu pai conseguiu te acordar.”

 “Diego, você está decepcionado comigo? Ou com raiva de mim?”

 “Agora já passou, mas no início fiquei.” Ele deu de ombros.

“Diego, você acha que... fizemos alguma coisa?” Perguntei desconcertada.

 Ele olhou atentamente, como se não acreditasse que eu tinha feito aquela pergunta.

 “Eu acho que não... ele estava bêbado demais, um pouco parado. Você que estava ligadona, então acho que... não sei... acho que não. Mas por que a pergunta? Ia ser só um dia a mais!” Ele estava debochado.

 “Diego, isso não aconteceu até hoje.” Era chato conversar isso com um irmão, mas ele antigamente era o meu melhor amigo e eu queria voltar a confiar nele.

 Seus olhos aparentaram surpresa. “Sério, Mia? Tantas noites dormindo juntos e o caipira... nada?” Ele se divertiu às custas do Miguel, estava com o olhar insinuando impotência.

 “Não é por esse motivo, seu bobo. É que não rolou, estávamos nos acertando ainda.”

 Ele olhou-me por longos segundos e sorriu desacreditado. “Vocês se gostam muito, né?” Não era uma pergunta, era uma afirmação.

 “Acho que dá pra perceber, pelo menos do meu lado.”

 “Não, Mia, eu também vejo o lado dele. Pelo modo como ele te olhava e te tratava no hospital, é nítido que ele é ligadão em você.”

 “Diego... ele é legal, dá uma chance pra ele. E... por favor, não chama ele de caipira não, se você soubesse o quanto ele é inteligente.”

 “Eu admiro o modo como você gosta dele. Ele tem que ser muito legal mesmo para você gostar dele assim. Eu acho você muito forte, muito decidida, e mesmo com o que aconteceu essa noite, estou começando a admirar vocês. Acho interessante o tanto que vocês tem se esforçado para ficarem juntos mesmo com essas diferenças, as quais imagino que nem signifiquem mais nada para vocês.”

 “Obrigada, Diego, você é o meu melhor amigo de novo, eu amo você.” O abracei longos minutos e ele aparentava satisfação com aquele momento nosso.

 “Mia, eu quero te ver feliz... só que eu me preocupo com o meu pai...”

 Entendi. Realmente era como eu imaginava. Como meu irmão ele queria me ver bem, mas como único filho homem, ele queria apoiar as decisões do meu pai.

 “Eu te entendo, Diego, no seu lugar eu faria o mesmo.” O beijei no rosto e saí.

 Voltei para o meu quarto, e Miguel estava deitado, com as mãos atrás da cabeça.

“Trouxe o desodorante.” Entreguei. “Diego disse que fizemos um show ontem na festa, acho que quase nos pegamos na pista.” Disse sorrindo e deitei na cama enquanto ele passava o desodorante em pé.

 “Ele está chateado com você?”

 “Eu acho que agora não, mas imagine, ele deve ter ficado P da vida com a gente.” Ele voltou a deitar na cama junto comigo e colocou o braço embaixo da minha cabeça.

 Virei o rosto e inspirei o cheiro do desodorante, aproximando o meu nariz no seu braço. Ele se retraiu. “Pára, Mia, faz cócegas.” Sorriu e puxou o braço.

 “Adorei.” Coloquei o braço dele de volta embaixo do meu pescoço e me aconcheguei de novo.

 “Miguel, tem certeza que não está preocupado com a conversa?”

 “Não.” Respondeu prontamente. “O máximo que ele vai dizer é que sou um aproveitador e que quer me ver longe de você.”

 “Você vai embora para o seu curso se ele fizer isso?”

 “Não.”

 “Promete?”

 “Sim.”

 O abracei feliz e encostei a minha cabeça em seu peito, enquanto ele passava as mãos nos meus cabelos com calma tamanha, assim, deixei o sossego entrar. Estava com medo do meu pai estragar a minha felicidade momentânea, mas se Miguel disse que não ia embora, então eu tinha que ficar bem.