Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

Mia POV

Passeava pelo jardim dando um tempo e pensando, quando vi
um garoto sentado com as mãos abraçando as pernas e olhando para o chão.

Nossa! Parecia uma miragem.

Como ele era lindo, um cabelo enrrolado, de para trás, de
cor preto, uma pele morena claro avermelhada, um rosto de anjo.

Porém ele tinha um jeitinho triste, num sei... Talvez fosse
muito tímido.

Eu o observava de longe e ele não levantava o rosto, sempre
fitava o chão.

Bom, eu não era tímida, pelo contrário.

Com meninos então, eu não tinha problema em conversar.

Como sempre fui muito amiga do meu irmão, não tinha problemas
em ficar perto de meninos, eu os entendia me relacionava muito bem desde
criança.

Era bom, porque quando algum menino ficava interessado em
mim, eu revertia à situação e fazia com que ele virasse meu amigo e não
precisava mais me preocupar com a paixonite.

Pensando assim, resolvi me aproximar.

“Oi.” Eu disse sentando no mesmo banco que ele.

“Oi.” Ele respondeu desinteressado, sem ao
menos levantar os olhos.

“Não está gostando da festa?” Forcei a conversa, analisando
mais o seu rosto.

Suas linhas eram perfeitas, ele era lindo.

“Odeio festa. Não gosto de muita gente reunida, só vim
porque minha mãe me obrigou.”

“Nunca tinha conhecido alguém que não gostasse de festa.”
Refleti, olhando para as árvores à nossa frente.

“Pois é, eu não gosto.”

“E do que você gosta?” Insisti, achando ele muito estranho.

“Gosto de ler e de músicas clássicas.” Respondeu, e até que
enfim ele me olhou nos olhos.

Ele tinha os olhos verdes, penetrantes e lindos.

“Por que você não gosta de festa?” Tentei de novo com o
interrogatório, eu queria animá-lo.

“Por que é um local onde as pessoas fingem que se gostam,
fingem que são iguais, comem e bebem juntas fingindo serem amigos, quando na
verdade não é assim. Então eu prefiro não viver na ilusão. Só vim por que minha
mãe me obrigou. Os funcionários morrem de medo de não vir e sofrerem
retaliações depois”. Disse olhando para o chão, depois respirou fundo “Seu pai ou
sua mãe trabalha na Coluccis?”

“Meu pai. Minha mãe não mora com a gente. Eles se separaram
assim que eu nasci.”

“Eu queria passar mais tempo com a minha mãe, queria que ela
ficasse mais em casa com a gente, mas ela não tem tempo para nada, sai cedo,
chega tarde. Esse emprego suga a vida dela.” Disse chateado.

“Minha mãe não mora com a gente há quase treze anos,
desde então, cuidamos uns dos outros lá em casa. Tínhamos
babá, mas não é a mesma coisa de mãe... “Suspirei, um pouco frustrada “Minha
mãe não nasceu para o lar, acho que ela não queria ter casado. Ela é
bailarina profissional, gosta de viajar, de ser livre.” Eu disse com a voz
sussurrada.

Ele sorriu com a minha explicação longa e desnecessária.

“Você tem irmãos?” Não queria acabar o assunto ainda.

“Sim, dois, mas eles não estão aqui.”

“Lá em casa somos quatro, uma escadinha, uma com onze, eu
treze, um com quatorze e outra com quinze. Quando minha mãe viu que essa
vida não dava para ela, ela foi embora.” Eu até sorri dessa situação “Tem uns
dois anos que eu não a vejo. Telefonamo-nos semanalmente, mas é só.”

Ele já sorria tímido, aparentemente do tanto que eu
conversava, mesmo que ele não mostrasse o mínimo interesse em continuar. Mas eu
queria vê-lo melhor e mostrar que podemos ser felizes ainda que as coisas não
sejam como planejamos. Talvez isso o animasse.

“Qual a sua idade?” Insisti em manter o diálogo, parecia que
ele não gostava muito de iniciar uma conversa

“Faço quinze semana que vem.”

“Um menino com quinze anos já tem uma imagem pessimista da
vida. Eu nem fui criada com a minha mãe e sou feliz mesmo assim, e você ainda
pode vê-la, ficar perto dela e está reclamando.”

“Hoje estou chateado não é por isso.” Ele olhou para o
horizonte, pensando “É por que você não sabe o quanto a vida, o mundo,
tudo é injusto.” Disse com semblante triste e olhou para o chão.