Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

 Capítulo 13 – Atração

Minutos se passaram e o silêncio estava presente ali, porém o modo como ele
me olhava me reconfortava.

Olha Mia, sinceramente eu acho que é falta de amor próprio o que você
está fazendo. Ele só te pediu desculpas, você nem sabe pelo que, e já fica aí
se derretendo - meu cérebro me alertava.

Ele permaneceu na cadeira onde estava, assistindo TV, enquanto eu pedia o
almoço. Deitei na cama esperando o almoço chegar e estava mentalmente
agradecida por ele estar ali, ainda que ambos não falássemos nada.

Patética, estava incapaz de coordenar idéias e acontecimentos com sua
presença, o que me fazia encontrar seus olhos com certo desconcerto. Não devia,
mas estava feliz em vê-lo.

Na verdade, estava mesmo era torturando meu coração. Até quando ele iria
agüentar?

Ele também me olhava com os pensamentos longes. Eu queria perguntá-lo
exatamente o que ele estava pensando. Mas estava com medo de ouvir algo que me
machucasse novamente.

O almoço chegou.

“Ponha o seu e come aqui comigo.” Apontei para a cama. Estava tentando
deixá-lo mais a vontade.

Comemos sentados na cama, sem nunca desgrudarmos os olhos da TV.

Era desenho animado.

Estava uma situação chata, mas eu não queria que ele fosse embora.Estava
sofrendo um pouquinho com a distância, mas nem que ficássemos calados a tarde
toda eu queria que ele continuasse ali.

Isso era masoquismo. Eu sei.

Terminei de almoçar e fui escovar os dentes.

“Tem escovas de dente descartáveis aqui, você quer?” Eu queria cortar o
clima.

“Quero. Eu não trouxe minha mochila. Obrigado.” Respondeu em tom educado.

Organizei o resto de comida e pulei de volta na cama. Eu estava cansada pela
noite não dormida e pela manhã de passeios e de compras, então precisava
descansar.

“Mia, eu já vou...” Disse sem certeza, ficando próximo à porta.

“Fica mais um pouco, depois você vai. Você tem que estudar?”

“Também... É que eu vou deixar você descansar, e eu também estou cansado.” Hesitou, sem jeito.

“Fica aqui, eu prometo não tocar em você.” Escondi
minhas mãos nas costas, fazendo cara de anjo, depois sorri e bati duas vezes na
cama, apontando para que ele viesse.

Ele sorriu tímido.

“Fecha as persianas e abaixa a TV, ou melhor, desliga, senão, eu não paro de
assistir.” Sorri manhosamente.

“Tudo bem.” Foi fechar as persianas.

Eu deitei encolhida em um canto da cama super king, assim deixaria um bom
espaço pra ele. Ele se deitou no outro canto, olhando para o teto.

“Já comprou sua passagem?” Perguntou baixo.

“Sim. Eu tinha comprado pra hoje duas da tarde, mas fui lá e troquei a
passagem para amanhã, às quatro. Acredita que os vôos de amanhã estavam todos
cheios e quase que eu não consigo?!” Balancei a cabeça admirada.

“Por que adiou?” Parecia estar querendo manter um diálogo.

“Por que resolvi sair hoje à noite e aproveitar o passeio mais um pouquinho.” Respondi sem hesitar.

Se ele já pensava que eu queria só aproveitar, agora que ele ia ter certeza.

Uma mulher querer sair sozinha na cidade grande, na cabeça moralista dele,
deve ser um absurdo.

Mas eu não ia mentir se ele perguntasse. Não tinha nada a esconder. Vou pra
casa do Ryan sim, vai que seja legal.

Uma pausa longa de silêncio se fez.

“Mia, realmente eu preciso ir.” Disse se levantando para sair.

Será que ele se irritou porque eu vou sair? Não. Seria muita pretensão minha
achar isso.

“Por favor, não vá. Fique como meu amigo... Santos não deixaria uma amiga
aqui sozinha, ainda mais eu.” Sorri tentando convencê-lo.

Ele sorriu de volta e deitou de lado, de frente pra mim.

Foi fácil... Estranho.

Fiquei calada, olhando para ele por longos minutos. Ele me olhava de volta,
com um olhar terno.

Meu Miguel relaxado e livre estava de volta. Mesmo que ele estivesse tímido.

Vagas lembranças dos olhos dele na noite passada ainda queriam invadir a
minha mente, fazendo minha garganta cortar, enviando assim umidade aos meus
olhos, mas eu respirava fundo e olhava de novo para ele, me convencendo que
aquele era o meu Miguel.

Estava feliz em saber que ele estava ali, mesmo que momentaneamente. Ainda
que fosse para me fazer uma caridade com a sua presença, ele estava ali e eu
estava feliz.

Hum... Acho que estou realmente abatendo o meu amor próprio.

“Mia... Podemos conversar?” Ele perguntou cautelosamente.

Pensei um pouco.

“Eu prefiro não...” Respondi pensando no que poderia vir com a
conversa. 

Com certeza seria algo que me magoaria. Ainda que involuntariamente, me
magoaria. Eu ainda não estava pronta para mexer em uma ferida.

Eu só queria ficar perto dele.