Fanfics Brasil - Capítulo 5 A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(

Fanfic: A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(


Capítulo: Capítulo 5

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berryparadise: te entendo perfeitamente, mas logo vai entender o verdadeiro motivo... é só terem paciencia,por enquanto só lhe digo uma coisa, o final é surpreendente, de fazer chorar qualquer um!!! como ja havia dito, uma linda historia de amor pra fazer suspirar qualquer um!!!


-Meu senhor, confio em que a viagem
foi boa -disse Ulric do terreno contigüo. Seu sorriso presunçoso delatava que
tinha seguido a conversação entre a prisioneira e seu guardião com interesse.
Não era o único; muitos dos cavalheiros e criados que havia pelo pátio tinham
deixado de lado suas tarefas para lhes observar-. Váis treinar imediatamente?


 
-A viagem foi conforme o esperado -respondeu o duque sucintamente,
detendo o passo um pouco para que o ancião lhe alcançasse-. E sim.


 
Alfonso tinha ido ver o rei Pedro. Como parte de seu acordo de refém,
devia viajar até onde estivesse o rei, ou o embaixador que tivesse designado, e
apresentar-se. Era a forma que tinha Pedro de lhe controlar. Também tinha
percorrido as terras de seu pequeno ducado, com a esperança de que algum dos
camponeses dissesse algo de Lady Anahí, mas não lhe disseram nada. A maioria
deles tremiam ante sua presença, e ocultavam suas crianças ao lhe ver.


 
-Tens descoberto algo de minha senhora? -inquiriu Ulric, como se tivesse
lido a mente de seu senhor.


 
Alfonso grunhiu em resposta e se arranhou a mandíbula, apertando o
passo. Percorriam a paliçada inteira. Os caminhos estavam limpos e os matos,
que normalmente brotavam a seu desejo nas esquinas do sujo pátio, tinham sido
cortados. Também notou que os animais estavam em um curral, e não soltos por
aí, como costumavam.


 
-Não me contou nada sobre ela; sigo sem saber como chegou até aqui
-informou Ulric.


 
O duque lhe escutava com interesse, embora por fora seguisse impassível.
Lhe tinha ordenado investigar.


 
-O hás dito ao rei Pedro, verdade? Estou seguro de que se uma mulher da
nobreza tivesse desaparecido, ele saberia. Poderia localizar ao conde antes de
nós -insistiu Ulric. O duque não disse nada-. Meu senhor, não podes mantê-la
aqui como prisioneira! Arrisca-se muito. Se o rei Pedro se inteirasse de que
retêm uma donzela... não, a uma donzela da nobreza, como prisioneira, pediria
sua cabeça ao rei Victor, e lhe desterrariam de ambos os países. Sim, e talvez
estalasse  de novo a guerra entre os
dois.


 
Alfonso se deteve e se voltou para olhar a Ulric com frieza. Brindou-lhe
o mais letal de seus sorrisos, um olhar que não guardava prazer algum, só
cruéis intenções.


 
-Não lhe hei dito nada ao embaixador do rei, e já decidi qual vai ser
minha vingança. Assim deixes de se preocupar, velho homem, dentro de pouco Lady
Anahí de Puente Portilla não importará nada.


 
-Não, meu senhor, não podes querer matá-la -disse Ulric, horrorizado.
Sacudiu a cabeça com violência, observando o rosto sem emoção de seu senhor,
mas Alfonso não mostrava nenhuma expressão-. Rezei para que não se voltaste tão
desumano. Lady Lurlina nunca valeu...


 
Ulric mordeu a língua ao ver o escuro olhar de seu senhor. A raiva
invadia ao duque, que não podia evitar o ódio e a ira que brotavam de cada um
dos poros de seu corpo. Lady Lurbina, sua difunta mulher, era um tema proibido.
Tinha sido desde a noite em que morreu.


 
-Não deixarei que o faças -disse o criado, mas suas palavras careciam de
convicção.


 
-Não sabes o que pretendo fazer -respondeu Alfonso com uma perversa
careta-. E farias bem em não se intrometeres em meu caminho. Lady Anahí é
minha. Se desejasse lhe cortar a cabeça, a cortaria. E não achas que não faria
o mesmo com vós se se puserem em meu caminho. Dei-lhe a vida a essa mulher, e
posso tirar-lhe com a mesma facilidade.


 
Ulric ofegou, empalidecendo de repente. Alfonso torceu o gesto em um
sarcástico sorriso sedento de sede. Logo, voltando-se de repente, dirigiu-se
para o campo de práticas, deixando ao senescal paralisado de medo a suas
costas.






* * *




 
A sala cheirava a fresco e as paredes negras brilhavam com perfeição.
Até as tapeçarias que penduravam das paredes tinham sido arrumadas e limpas.
Apesar de que seguiam estando velhos, agora que não tinham pó pareciam muito
mais bonitos. Tinham tirado todas as mesas e bancos móveis ao pátio para
limpá-los, antes de voltar a pô-los na sala.


Anahí ouviu muitos dos cavalheiros
murmurar satisfeitos pela mudança. Alguns deles inclusive sorriam com orgulho
renovado.


 
Sentou-se sozinha na mesa principal, olhando aos soldados reunidos na
sala principal. A casa transbordava de alegria; uma alegria que nem sequer a
escura presença de Alfonso podia apagar por completo. O ar bulia de vida, como
o dia prévio a um grande banquete de celebração. Em uma mesa próxima, um homem
contava uma brincadeira corriqueira sobre uma jovem criada e sua saia ao vento.
Ruborizou-se ao escutar ao cavalheiro contar o final da história sem rodeios e
tratou de olhar para outro lado. Muito tarde, pois o cavalheiro viu que tinha
estado observando e se calou de repente. Olhou a seus companheiros
desculpando-se, que riam a gargalhadas sem vergonha, e se serviu um pouco do
hidromel que havia nas mesas.


 
Anahí se sentia isolada na mesa principal. Punha-lhe nervosa estar tão
por cima de todos eles, a mercê de seus olhares. Era a primeira vez que alguns
dos homens a viam, e a estudavam com determinação e sem disfarces. Alguns deles
até se mostravam compassivos. Haldana, seguindo ordens de Alfonso, tinha-lhe
indicado que se sentasse no lugar de honra. Anahí se perguntou se seria aquela
a "recompensa" que o duque lhe tinha mencionado. Significaria aquilo
que lhe tinha satisfeito seu  trabalho?
De verdade pensava que exibi-la assim era uma recompensa?


 
Anahí sabia quão afortunada era, pois sua prisão podia ter sido muito
pior. Seu captor se mantinha afastado dela todo o dia e, ao parecer, Alfonso
mantinha sua palavra de tratá-la como a uma dama. A verdade é que era mais do
que teria podido esperar.


 
A jovem se estremeceu. Havia algo estranho na forma em que os criados a
olhavam sem cessar. Ninguém se atrevia a aproximar-se dela; era como se todos
tratassem de lhe dizer algo com os olhos, mas sem chegar a consegui-lo. Viu a Dulce
e a sorriu, esperando que lhe devolvesse o sorriso, mas a criada sacudiu a
cabeça e se retirou pela porta da cozinha. Talvez tudo isso se devesse à
chegada de Alfonso; não estranhava que os criados esperassem ansiosos a que seu
senhor aprovasse o trabalho realizado.


 
Respirou com nervosismo e olhou para sua direita. A cadeira estava
vazia; Alfonso ainda não tinha aparecido. Divisou a Ulric ao fundo da sala e
lhe sorriu vacilante. O ancião espremia as mãos e parecia nervoso. Sentiu uma
premonição. Anahí se levantou, alarmada, em um intento para ver o que lhe
passava, a Ulric e ao resto do castelo.   


 
-Onde achas que váis, minha senhora? Não lhe tinha ordenado que ficasses
aí? -o tom de Alfonso, que entrava naquele momento na sala, era duro.
Aproximou-se dela e entrecerrou os olhos para estudá-la.


 
Uma quebra de onda de prazer a percorreu ao escutar sua voz familiar,
apesar de que seu  tom fora tosco.
Girou-se devagar para ele, permitindo-se perder-se durante um minuto nas
profundidades de seus olhos, antes de retirar de novo a vista e obrigar-se a
olhar para baixo, com pose recatada.


 
-Algo acontece a Ulric; pensava em me aproximar para comprovar que
estivera bem -respondeu mansamente, embora por dentro tremia como uma folha-.
Acredito que trabalha muito para a idade que tem.


 
-Hmm -assentiu Alfonso, sentando-se junto a ela. Ao ver que não se
movia, lhe ordenou que-: Sente-se.


 
Anahí lhe obedeceu imediatamente, e sentiu em seguida a calidez de seu
corpo junto ao dela. Era como se se inclinasse de propósito muito perto dela.
Era plenamente consciente do olhar atento dos criados ao observar a mesa
principal. Um calafrio a percorreu e se alegrou de estar sentada em sua própria
cadeira, em lugar de nos bancos que havia em muitas outras casas. Se o corpo do
duque lhe roçasse, poderia chiar; embora ainda não sabia se de medo ou de outra
coisa  completamente diferente.


 
-Tens frio? -perguntou Alfonso com cortesia ao ver que tremia. A sala
era cálida, muito para ter frio.


 
-N-não -gaguejou com suavidade. Inclinou-se para frente e se distraiu
tirando miolos imaginários da mesa limpa.


 
-Então, talvez encontres minha companhia repulsiva? -sondou com
mordacidade. Recostou-se sobre seu assento e apoiou o cotovelo no braço de
madeira da cadeira.


 
-Não, meu senhor. -Anahí apoiou a mão em seu regaço e apertou os lábios
com força.


 
-Estás zangada comigo? -riu Alfonso. O som a tomou de surpresa; era uma
mescla de prazer e diversão, não tinha nada a ver com a risada diabólica que
tinha ouvido fazia tão pouco.


 
Estremeceu-se, porque mais que uma pergunta, tinha sido uma afirmação.


 
-Meu senhor, rogaria-lhe que se comportasse, não é próprio de você falar
de uma forma tão...


 
-Honesta? -perguntou, inclinando a cabeça divertido.


 
-Não, ia dizer vulgar. -Anahí esfregou o dorso da mão no regaço,
tratando de ocultar seu nervosismo-. A sinceridade está muito bem entre amigos,
mas nós...


 
-Não preciso jogar aos formalismos. Se não se disser o que se pensa, não
tem sentido falar. -Olhou-a com superioridade, desafiando-a a que dissesse o
contrário.


 
Anahí manteve a boca fechada ante suas palavras. Fez o que pôde para
ocultar sua irritação e passeou a vista com cuidado pelo resto dos homens.
Estalaram risadas ao fundo; tratou de ver o que as tinha originado, mas não
pôde ver o que acontecia, embora escutou alguém queixar-se pela falta de
comida.


 
A jovem suspirou com força e se esqueceu de si mesma enquanto estudava
ao duque. Lhe tinha secado a boca e não conseguia tragar. Cada vez que estava
perto dele, seu corpo se acalorava e esfriava com tal facilidade que não podia
pensar com claridade. Suas coxas se contraíam e o estômago lhe revolvia. Talvez
fosse um demônio, e a tinha enfeitiçada.


 
-Meu senhor? -perguntou quando as risadas cessaram. Anahí era consciente
de que seguiam lhes observando. Negava-se a lhe olhar de cara durante muito
tempo, por medo de que voltasse a acusá-la de ficar olhando-o.


 
Sim, não conviria que voltasse a me repreender em público.


 
Alfonso apoiou a têmpora nos nódulos, recostando-se sobre os braços da
cadeira e aguardando sua próxima reprimenda.


 
Anahí movia as unhas com nervosismo. A túnica marrom que levava posta
era monótona em comparação com a cor de seu cabelo. Perguntou-se se lamentaria
estar ali, pois seguramente estava acostumada a vestidos luxuosos e com
adornos. Comportava-se como uma dama, e estava contente com as mudanças que
tinha realizado na sala. Já se tinha dado conta das jarras de hidromel que
havia em todas as mesas. Quando entrou na sala, os homens estavam mais animados
que de costume, mas agora tinham baixado as vozes e apenas lhes ouvia.


 
-Meu  senhor? -repetiu, um pouco
mais forte esta vez. Também gostava de sua valentia.


 
-Sim? -respondeu, ocupado observando sua delicada orelha. Seria tão
fácil inclinar-se e lamber-lhe. Considerou a possibilidade de ordenar a todo
mundo que saísse, para assim poder pô-la sobre seu regaço e tomá-la ali mesmo,
na sala.


 
-Queres que chame os criados? -perguntou-. Todos os da sala esperam a
que chegue o jantar.


 
-Lhe rogo -pediu Alfonso, surpreso ante sua observação, apesar de que
lhe decepcionava um pouco sua moderação. Surpreso, viu como levantava a mão e
fazia um único movimento. Assim que sua mão voltou para a posição original, a
porta da cozinha se abriu de repente. Os criados levavam bandejas de comida e
as colocaram sobre as mesas. As bandejas estavam cheias de carneiro assado e
batatas temperadas, e rodelas de pão recém caseiro e ainda fumegante. Havia
nabos cozidos, e inclusive vasilhas de barro com manteiga recém feita.


 
Também se tinha dado conta, não sem grande surpresa, quão limpo estava
tudo. As teias de aranha, às que tinha começado a agarrar carinho, tinham
desaparecido das vigas do teto. A palha do solo estava limpa e perfumada.
Tinham esfregado as paredes de pedra e as tapeçarias. A Alfonso, todaa aquela
limpeza lhe parecia desconjurada em sua casa; eliminava a atmosfera sombria que
tinha tratado de estabelecer ao seu redor.


 
Seu pedreiro, Harold, atreveu-se a queixar-se da forma intimidatória em
que Lady Anahí dava ordens. Isso foi até que Alfonso lhe disse ao bêbado que
tinha dado permissão a Lady Anahí para que lhe ordenasse em sua ausência. O
gordurento homem se encolheu e havia retornado imediatamente ao trabalho, dando
ordens aos criados com más maneiras em sua indignação.


 
O duque observou a uma das criadas que passava junto a ele e viu que
tinha o cabelo curto molhado, como se acabasse de banhar-se. Levava os cachos
perfeitamente recolhidos, penteados para trás. Suas roupas também estavam
limpas e remendadas. Girando-se de repente, a criada se encaminhou lentamente
para a mesa principal e colocou a bandeja ante eles.


 
-Espero que a meu senhor não importe comer carneiro em lugar dos mingaus
de pescado. Alguns dos animais estavam já mais que dispostos e a manada era já
muito grande -comentou Anahí, assentindo a jovem criada. A jovem esteve a ponto
de tropeçar quando saiu em disparada dali-. Além disso, pensei que seria uma
boa forma de recompensar aos homens por seu duro trabalho que hão...


 
-Não me importa -lhe interrompeu.


 
-Meu senhor, queres que lhe sirva um pouco de bebida? -perguntou Anahí, limpando
toda dúvida dos olhos ao ocultá-los sob suas largas pestanas. Seus lábios
fizeram um bico sem querer.


 
Alfonso sentiu desaparecer uma parte de sua dura casca. Lhe removeram as
vísceras com uma força desconhecida; não sabia se o que bulia em seu interior
era piedade ou compaixão, a que vinha isso? Onde estava a intencionada mulher
que não duvidava em lhe desafiar? Alfonso ocultou o sorriso para ouvir seu tom
áspero. Sua obstinação lhe agradava. Ao ver que lhe tinha medo, quis apagar a
dor, quis lhe dizer que não acontecia nada; mas não podia mostrar sua
debilidade. Não cairia em suas armadilhas de mulher.


 
Alfonso assentiu com a cabeça e se recostou em seu assento para estudar
a cinturinha da jovem. Gostava da redonda curva de seu traseiro. Ao olhá-lo, as
idéias mais descabeladas se amontoaram em sua mente. Pensou em agarrá-la, lhe
levantar a saia e sentá-la em seu regaço ali mesmo, na sala. Tragou com força e
fechou brevemente os olhos. Suas fantasias se faziam cada vez mais freqüentes.
Bastava-lhe um olhar para começar a calcular as diferentes formas em que
poderia colocar a franga nela até o mais profundo de sua úmida boceta.


 
Moveu as mãos para apoiá-las brandamente sob o queixo, esfregando a
cicatriz da mandíbula com o dorso dos dedos. A mãos de Anahí tremiam enquanto
preenchia a taça do duque e voltava a deixar a jarra em cima da mesa. Elevou a
taça e a deu.


 
Alfonso agarrou a taça de suas trementes mãos, roçando de propósito sua
palma contra a dela. A jovem tragou visivelmente e evitou lhe olhar aos olhos
enquanto ele a examinava. Logo, franzindo o cenho, agarrou-lhe pela mão
bruscamente antes que pudesse retirá-la. Lhe estudando a palma, olhou a carne
áspera que viu. Não eram como deviam ser as mãos de uma nobre. Anahí fechou os
dedos e tratou de escapar. Alfonso a soltou, sem expressão no rosto.


 
-Meu senhor -suspirou  enquanto
enchia sua própria taça. Deixou a jarra sobre a mesa e se mordeu o lábio,
afastando as palmas da mão da vista-. Temo...


 
-Temem-me -concluiu ao ver que se detinha. Moveu a taça lentamente para
tomar um gole, sem afastar os olhos de sua cara.


 
-Não. -Olhou-lhe com desprezo e sotaque sua taça sobre a mesa. Estava
claro que não gostava muito que a interrompessem constantemente-. Ia a dizer
que temo não saber exatamente que papel queres que desempenhe aqui; pois não
sei atuar como uma prisioneira e não parece lhe agradar que atue como a dama
que meu pai me ensinou a ser. Pensei que talvez pudesses me explicar como
esperas que me comporte, a fim de não lhe decepcionar mais no futuro. Quero que
minha vida aqui passe o mais desapercebida possível, de maneira que não tenhas
que pensar em mim mais que o devido.


 
Alfonso franziu o cenho ante o que dizia. Até agora seus atos não lhe
tinham desagradado em nada. Ulric lhe tinha informado, em um intento
desesperado de explorar sua honra com a esperança de que mudasse de idéia, de
que tinha brindado a jovem a facilidade de escapar, tal e como lhe tinha
ordenado. O homem tinha chegado até o ponto de lhe oferecer que se fora dar uma
volta a cavalo, sem escolta. Anahí tinha rechaçado a oferta alegando que não
lhe permitia sair do recinto do castelo sem a companhia ou a permissão do
duque.


 
Ao parecer, sua honra lhe retém de verdade aqui.


 
Ao duque não lhe agradou em excesso a idéia, pois significava que as
idéias preconcebidas que tinha do sexo oposto não eram de todo corretas. Não
era tão vaidoso para acreditar que Enrico a tivesse enviado a sua casa para lhe
assassinar. Pensando-o friamente, duvidava muito que o conde pensasse nunca nele.


 
-Minha senhora, eu gostaria que jantasses. -Deixou a taça na mesa e
passou a mão pela borda, onde seus lábios se posaram.


 
Alfonso observava seus movimentos com cuidado. Tinha a sensação de que
não estava sendo de todo sincera, que escondia muito do que pensava e sentia.
Lhe encolheu o estômago com um sentimento desconhecido que lhe comia por
dentro, lhe enchendo de culpabilidade. O sentimento não lhe agradou
absolutamente. Levava anos sonhando em vingar-se e, agora que estava perto de
consegui-lo, sentia lástima.


 
O duque ignorou o que pensava e se concentrou em sua comida. Tratou de
ignorar a surpreendente mulher que tinha ao seu lado e que revoava ao seu redor
entretendo-se com a comida e simulando comer. Sacudiu a cabeça ao dar-se conta
de que não era tão fácil ignorá-la.


 
A multidão ali congregada se foi animando cada vez mais, e as risadas
dos homens e criados se ouviam fora da sala. Alfonso jantava em silêncio.
Observava as mudanças ao seu redor com uma mescla de diversão. Apesar de que
riam, viu que muitos dos cavalheiros jogavam fugazes olhadas a Lady Anahí.
Conhecia bem esses olhares de avaliação. Anahí prestava pouca atenção aos
homens, pois mantinha a cabeça encurvada e parecia concentrada em seu regaço. Alfonso
percebeu a modéstia da mulher com sombria aprovação.


 
Minha querida senhora, sois um autêntico mistério.


 
Sacudindo a cabeça, voltou a concentrar-se na comida, e fez o que pôde
para recordar de quem era filha.






* * *




 
Anahí era incapaz de comer o cordeiro salgado e as batatas cozidas que
havia em seu prato; não tinha apetite. Entretanto, apesar disso tratou de
simular fazê-lo para seu captor, embora o que fazia era reorganizar a comida
que havia em sua parte do prato e empurrá-la para o lado do  duque quando 
este não olhava, para que a comesse ele.


 
Finalmente, quando o final da comida pareceu próximo, girou-se para Alfonso
e lhe perguntou, sem preâmbulos:


 
-Posso ir já, meu senhor captor? Eu gostaria de me retirar, se não me
necessitares mais.


 
Anahí não tinha tido intenção de que suas palavras soassem tão
sarcásticas; embora tampouco se incomodou em pedir desculpas. Vladimir não
tinha falado durante toda a comida e, certamente, não tinha respondido a sua
pergunta sobre o lugar que se supunha que devia ocupar no castelo. De fato, não
lhe havia dito nada de seu futuro, e Anahí começava a cansar-se da atuação.


 
"Talvez seja porque não me aguarda nenhum futuro aqui!". Olhou
com pânico a Alfonso. "Está zangado comigo; talvez não me aguarde nenhum
tipo de futuro!".


 
-Não, quero que fales comigo.


 
-Mas não tenho nada interessante que lhe contar, meu senhor. -Anahí
falou com a mesma dureza com que o tinha feito ele um segundo antes. Vacilou um
pouco ao voltar a lhe olhar, exasperada-. E se não se tiver nada do que falar,
o melhor é não falar. Não é verdade, meu senhor?


 
Murmurando, de maneira que só Anahí ouvisse seu sussurro admitiu com
inapetência:


 
-Mas há coisas que me dirás.


 
-Ah. -Anahí ficou surpreendida e lhe lançou um rápido olhar de lado
enquanto lhe acendia o rosto. Odiava que conseguisse sempre fazê-la avermelhar.


 
-Há coisas que desejo saber.


 
-Aqui? Desejas falar aqui? -Estava cansada dos fofoqueiros olhos do
serviço. Ali onde estava, tão acima, sentia-se como se a expusera; embora, por
outro lado, temia ficar a sós com o duque e se alegrava em parte do escrutínio
público pois, embora sabia que ninguém iria em sua ajuda chegado o caso, que
lhes observasse da distância a reconfortava em certa maneira


 
-Não.


 
Os olhos de Anahí se dirigiram para o vão da escada e perguntou por que
estava tão emocionada.


 
-Então? Queres que vamos ali?


 
Alfonso seguiu seu olhar; levava a seu dormitório. Retirou rapidamente o
cenho franzido, mas Anahí o tinha visto.


 
-Demos um passeio. -Alfonso ficou em pé e esperou a que ela fizesse o
mesmo. Não lhe ofereceu a mão, nem a ajudou a descer do pódio. Em lugar disso,
caminhava na frente dela, esperando que lhe seguisse como uma criada.


 
Anahí franziu o cenho em silêncio a suas costas e lhe seguiu sem fazer
ruído. Alguns dos cavalheiros se deram conta do desafiante olhar que lhe
lançava, e sorriram para si. A sala inteira guardou silêncio e observou aos
nobres com curiosidade. Anahí era perfeitamente consciente de seus olhares.


 
-Vai matá-la agora? -acreditou ouvir alguém suspirar.


 
-Não, ainda não lhe chegou a hora -percebeu que respondiam.


 
Anahí não podia assegurar onde acabava sua imaginação e começava a
realidade.


 
Alfonso não se voltou nem uma vez para assegurar-se de que lhe tivesse
obedecido e, de algum jeito, isso a zangou. Tratava-a como se fora um vira-lata
bem educado. Jogou uma olhada à escada e se perguntou se teria o valor de
correr e esconder-se dele. O teria merecido. Mas a idéia se foi tão rápido como
veio; não se atrevia a lhe desobedecer tão abertamente, assim continuou lhe
seguindo.


 
Quando saíam pela porta, o céu da tarde começava a cair. Graças a
agradável brisa, o ar era algo mais fresco. O céu se tingia de tons laranjas,
serpenteado aqui e lá por umas quantas nuvens brancas. O negro castelo se erguia
como por arte de magia, tocando o céu. Anahí se alegrou de ter dado a ordem de
que rastelassem a paliçada, pois antes cheirava a chão de cão e a terra úmida
enquanto que agora, à medida que se aproximavam dos jardins, a fragrância a
ervas aromáticas e flores se fazia cada vez mais forte. A salvia, a camomila e
o hortelã inundavam seus sentidos. Anahí aspirou profundamente e sorriu a si
mesma sentindo-se, por um par de segundos, livre.


 
-Há um banco -interrompeu de repente o duque seus pensamentos. Para lhe
ouvir, apagou o sorriso dos lábios e a substituiu por uma careta. Indicava com
a cabeça o grande banco de pedra que havia na sombra do gigantesco carvalho-.
Sente-se.


 
-Não sou um cão -replicou Anahí, pois suas palavras lhe deixavam muito
claro qual era sua posição. Ofegou e se cobriu a boca com a mão, esperando seu
aborrecimento. Jamais tinha respondido dessa forma, o que lhe estava passando?


 
Voltou-se para ouvi-la e sorriu. O frio olhar de seus olhos se suavizou,
mas o momento foi tão breve que acreditou havê-lo imaginado. Anahí estava
surpreendida de que não a tivesse reprimido imediatamente. Seu pai teria
ordenado que a açoitassem ante tal falta de respeito.


 
-Sente-se, por favor -disse, ajeitando sua ordem anterior. O céu que se
via atrás de sua cabeça se voltou mais profundo com a iminente escuridão. Moveu
os dedos com graça no ar, para lhe indicar o banco, o que lhe fez parecer muito
mais cavalheiresco. Anahí se surpreendeu ao ver a praticada simplicidade de seu
fluido movimento. Entretanto, a expressão de seu rosto deixava claro que seguia
sendo uma ordem.


 
Anahí deu um vacilante passo para frente antes de deter-se, insegura. O
vento fez que lhe olhasse o peito. O cabelo do duque flutuava delicadamente na
brisa, e sua negra túnica se elevou o suficiente para revelar a faca que levava
oculto na cintura.


 Anahí assentiu fracamente, mantendo-se de
costas a ele de propósito, cuidando de não lhe zangar ainda mais. Ao ver a
arma, lembrou-se de repente dos olhares e dos sussurros dos criados. O coração
lhe encolheu ao compreender. De repente, sentiu um medo atroz e, se não tivesse
visto que a grade estava baixada, teria tratado de escapar.


 
O duque fez um gesto para lhe indicar o banco e Anahí obedeceu sua
silenciosa ordem de que se sentasse. Os braços lhe caíam pesadamente a ambos os
lados e não lhe perdia de vista com os olhos. Chegou a borda e se sentou ao
final da pedra, lhe deixando espaço se por acaso queria sentar-se junto a ela.
Graças a Deus, não o fez.


 
Em lugar disso, Alfonso ficou diante dela. Seus negros cachos refletiam
a cor púrpura do pôr-do-sol e formavam uma auréola sobre sua cabeça. Ao lhe
olhar, não viu as cicatrizes, a não ser ao atrativo homem de rosto duro e
impassível. Sua proximidade fez com que o estômago lhe desse um tombo,
excitada. Afastou o olhar, tratando de não esquecer o medo que sentia, tratando
de não esquecer o à mão que tinha a faca.


 
-Chegou a hora de que me contes como chegaste aqui- disse, e pareceu bem
mais uma exigência.


 
Anahí se estremeceu ante suas toscas maneiras.


 
-Não, não é de sua incumbência.


 
-Conte-me-o. -Alfonso se inclinou sobre ela com a ordem. Ela se
estremeceu e elevou o queixo ainda mais, desafiante-. Tudo o que acontece nesta
casa é de minha incumbência.


 
-Se isso for certo -começou a dizer, com o mesmo cenho franzido-, me
nomeies a todos os criados que trabalham em suas cozinhas. Me demonstres que
lhe importa o castelo.


 
Alfonso ficou boquiaberto e seus olhos se estreitaram perigosamente.


 
-Estou cansado de seus joguinhos. Me respondas.


 
-Não -replicou com a mesma dureza. Ficou em pé, disposta a partir, mas o
duque a agarrou pela mão e a obrigou a deter-se. Agarrava-a com força,
advertindo-a.


 
-Não hei dito que pudias partir.


 
-Não penso responder a suas perguntas. Sou sua prisioneira, mas isso não
lhe dá direito a pinçar em meus pensamentos. -Sabia muito bem o que diziam
dele, viu suas mãos calosas e, ainda assim, quando lhe tinha perto não sentia
medo-. Se persistires em me perguntar, darei-lhe as boa noite, meu senhor
captor, e abandonarei esta morada de uma vez por todas.


 
-O que escondes? A quem proteges? -Empurrou-a para trás até que voltou a
estar frente a ele, sem lhe soltar o braço. Ignorou sua ameaça; os dois sabiam
que não valia a pena, pois não podia escapar dele nem de Lago Azul-. Por que
não queres me responder?


 
-Porque não voltarei a me enviar com ele! -gritou antes de poder
conter-se. Cobriu a boca rapidamente, surpreendida de sua própria admissão.


 
-Lhe enviar com quem? Com seu pai? -perguntou Alfonso com um grunhido.
Ao ver que não respondia, sacudiu-a com força. Brocava-a com o olhar, lhe
solicitando saber tudo.


 
-Não, a ninguém. -Anahí olhou a sua túnica, onde sabia que se escondia a
faca. As lágrimas lhe amontoavam nos olhos. Queria lhe suplicar, mas sabia que
não conseguiria nada com isso-. Por favor, me soltes. Deixes que vá ao convento,
a fazer meus votos. Não direi a ninguém que trataras de me reter aqui. De fato,
estarei-lhe eternamente agradecida por sua ajuda; recordarei-lhe todas as
noites em minhas preces até que morra, se isso for o que desejas.


 
-Não pareces ter esse tipo de caráter. Não sei por que, mas não imagino
se ajoelhando piamente cada dia de seu dia para rezar, minha senhora cativa
-observou Alfonso com frieza-. Como é que queres acabar em um convento? De
verdade seu pai cede a sua única filha ao Santíssimo tão gostosamente? Não
acredito. Conheço seu pai, e não é tão generoso.


 
-Não lhe hei dito que vou ali -admitiu com olhar nervoso-. Não sabe onde
estou.


 
-Ah, então tem outros planos para você, por isso estás aqui?


 
-Me prometas que me mataras antes de me enviar de volta. De todas
formas, esse é seu plano, ou não? Ouvi os criados sussurrarem; por isso não
querias que falasse com Ulric. Ia avisar-me, verdade? -Anahí tragou com força e
passou a língua pelos lábios. Com um apagado som de desespero, tragou as lágrimas,
sentindo-se derrotada-. Por favor, não me esfaqueies; não quero morrer assim.
Me concedas isso ao menos. Me dê algum veneno que possa beber... o que seja,
salvo a faca.


 
Tratava de parecer despreocupada, mas seus olhos foram diretos à faca
que guardava na cintura.


 
-Não sei o que lhe terá feito meu pai para lhe ofender, mas se o que
desejas é se vingar com minha morte, faças sem dor. Pois foi meu pai, e não eu,
quem lhe ofendeu. -As lágrimas lhe caíam pela cara e os lábios lhe tremiam,
suplicando uma morte indolor. Alfonso lhe encolhia o coração-. Por favor, meu
senhor.


 
-Por que lhe importa tanto como morres? -Perguntou o duque com
aspereza-. Depois de tudo, o final é o mesmo.


 
Anahí tragou o soluço, fazendo o possível para tratar de parecer valente.


 
-Por favor, se o final é o mesmo para vós, por que não me concedes o que
lhe peço? Assim os criados terão menos que limpar depois.


 
-Por que não suplicas por sua vida? -Alfonso franziu o cenho e fez um
gesto violento com a mão. Inclinou-se para ela e baixou a voz até fazê-la um
áspero sussurro, mas não se intimidou ante seu aborrecimento. Então, observando
a mão com a qual a agarrava, soltou-a de repente-. Por que se rende sem lutar?
O que aconteceu com a insolente mulher que sempre me planta a cara?


 
-Sei muito bem que a vida de uma mulher vale pouco para vós. Vi como me
olhas. Vós não gostais de mim. Não valho nada para você, mais que a vingança.
-O sol se pôs por completo e agora o céu se voltava de um azul escuro. Anahí se
girou para olhar as camomilas do jardim. Aspirou profundamente antes de
continuar-: Para que íeis escutar-me? Afetaria a sua decisão, uma vez feita?


 
-Tens razão -concedeu-. Uma vez tomada minha decisão, seria difícil me
convencer do contrário, pois contradiria as razão pelas quais o decidi ao
princípio. Não se pode confiar em um homem que questiona suas próprias
decisões.


 
-Assim tomastes sua decisão: vou morrer? -Anahí se estremeceu e voltou a
olhar a camomila. Sua respiração se tranqüilizou e deixou de tremer. Uma
lágrima rodou por suas brancas e suaves bochechas.



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Autor(a): annytha

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  Tomou o queixo com a mão para lhe obrigar a girar a cabeça e para que lhe olhasse, retirou brandamente as lágrimas de suas bochechas com o polegar, fazendo uma careta ao fazê-lo.   -Ainda não o decidi.   Anahí assentiu, deixando-se levar pelo doce alívio. Tinha uma oportunidade. Sabia que, com um homem ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 633



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  • annytha Postado em 03/07/2011 - 19:11:25

    berryparadise bebe gracias pelo 600 comentarios, amei, amei de verdade.
    mandycolucci assim que der agente coloca a conversa em dia em, mas vou fica te devendo a 2ª temporada, mas te espero nas minhas outras webs em.
    myrninaa: oh Deus me deixam com o coração partido me pedindo isso, mas realmente não dar gente!!! tem inumeras outras webs e isso iria me atrasar muito.
    mas espero todas vcs lá com seus comentarios em.
    gracias por tudo, e los amo.
    pra siempre LOS A!!!

  • myrninaa Postado em 02/07/2011 - 20:56:47

    Demorei mais cheguei =D, desculpa não ter vindo antes, mas semana de provas¬¬... ai sem chances de entrar.
    Ameiiiiiiiiiiii muito mesmo a wn, e o final então... mais que perfeito.
    : 2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2< +1

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:22

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:17

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:06

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:49

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:44

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:35

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:34:04

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:33:56

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D


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