Fanfic: A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(

  -Minha senhora sempre cai nos braços dos monstros com tanta paixão?
-disse Alfonso, como se não tivesse podido evitar fazer o vil comentário.

 
-Não me provoques com seu péssimo humor; desta vez não funcionará.
-Sacudiu a cabeça com tristeza antes de pressionar seu corpo com mais firmeza
contra seu sólido ser, negando-se a lhe soltar-. Ao parecer, meu senhor, só um
monstro me captura assim.

 
Alfonso riu, surpreso, mas se deteve o ver que afastava a vista
tristemente.

 
-Por que o tens feito? -Anahí passou as mãos de sua cabeça aos ombros-.
Por que tivestes que agir com tanta crueldade?

 
-Pensei que quereria que Derrick recebesse seu castigo. -Vladimir se
retirou um pouco, movendo as mãos das costas à cintura de Anahí-. Agora que
está morto, não nos dará mais problemas.

 
Anahí lhe agarrou com mais força, temerosa de que tentasse afastar-se
dela. Não queria que partisse, ainda não. A áspera textura de seu corpo lhe
gostava muito. Enredou os dedos no nó que mantinha sua túnica atada no pescoço,
e disse:

 
-Não, Derrick lhe desafiou. Sei que tinhas o direito de lutar com ele,
apesar de que acredito que suas apressadas ações talvez lhe causem problemas
com o rei. Não ajudará a sua causa.

 
-Quererás dizer nossa causa? -disse Alfonso, franzindo cenho.

 
-É obvio. -Imitou seu cenho franzido com picardia e arrastou as mãos até
seu peito, que esfregou brandamente-. Me referia a... por que trataras de matar a
Ucker? Pensei que era seu amigo.

 
-Amigo? -Alfonso elevou as sobrancelhas surpreso-. Por que pensaras que
era meu amigo? Sou seu senhor. É um soldado contratado que o rei Pedro enviou
aqui. Não há amizade possível em um acordo como esse.

 
-Isso é o que toda esta gente significa para você? Não são mais que
criados e soldados que o rei que lhe mantém prisioneiro enviou aqui para seu
prazer? -Os olhos lhe encheram de lágrimas-. Na verdade me casei com um
monstro, pois é o que sóis se pensares isso. Não tens compaixão?

 
Não falava com tom acusador, nem com medo. Limitava-se a estabelecer o
que, pouco a pouco, começava a considerar um fato. Olhou para a camomila
fazendo um bico. Recordava a sua estranha proposta de matrimônio.

 
-Te atreves a chorar por ele? -espetou-lhe Alfonso, soltando-a e
obrigando-a a retroceder um pouco.

 
-Choro por todos os que estamos a suas ordens. Choro por mim e por sua
filha. Choro por nós.

 
-Trataréis de lhe libertar de seu matrimônio? Com Derrick morto... -Alfonso
estreitou os olhos com fúria, sem incomodar-se em acabar a frase.

 
-Não, terias que me jogar. Dei-lhe minha palavra. A gente me necessita,
embora só seja para protegê-los de você. Sua filha me necessita.

 
-Anahí a monja tratando de salvar ao mundo -se mofou com um bufo, dando
um agressivo passo para ela e desafiando-a em silêncio a que se retratasse. Mas
não o fez-. Talvez estivesse confundido quanto a seu temperamento.

 
-Não, só trato de salvar a seu ducado, monstro -replicou Anahí, sem
alterar-se-. E como primeira ordem...

 
-Atreves-te a me dar ordens ? -interrompeu-lhe rindo com incredulidade.

 
-Como primeira ordem, deixaráis que Ucker e Dulce se casem. Não espero
que se desculpes com o homem por suas espantosas ações, mas bastará com que
lhes permitam isso.

 
-Que mais acontece se se casam?

 
-Dá-me no mesmo, mas isso é o que desejam e isso é o que terão. Compreendo
que querias ficar com Dulce, mas já não lhe pertence. Teráis que se conformar
comigo até que encontres outra concubina.

 
Olhou-a com gesto estranho.

 
-Estáis ciumenta, mulher?

 
-Não me perguntes essas coisas, pois não tens nenhum direito. Meus
sentimentos são só meus. -Anahí franziu o cenho e se separou dele. Cravou a
vista ao longe, em um soldado que passava, e continuou-: Como segunda ordem,
sua filha precisa de vestidos novos e roupa interior. Igual a mim. Sei que não
temos dinheiro para comprar nada ostentoso, mas necessitarei algo que se adapte
melhor a minha condição... algo que não váis a fazer migalhas. Já decidi que o
vestido de noiva tem suficiente tecido para tirar um ou dois vestidos para a
menina.

 
-Ana Paula tem vestidos -respondeu Alfonso, aproximando-a mais a suas
costas. Sentiu seu calor e a lembrança de como lhe tinha arrancado a roupa da
última vez a excitou ainda mais. Ofegou, sentindo nascer a umidade e o desejo
na entreperna. Suas mãos não tinham nada a ver com as dele contra seu sexo e,
por muito que empurrasse, seus dedos não conseguiam fazê-la sentir tão
extasiada como os dele.

 
-Se referires-te ao baú que há em seus aposentos... -Anahí afastou o
ombro de seu quente fôlego e se afastou um passo mais, tratando de não render-se
a seus encantos.

 
-Aposentos? Que aposentos? -perguntou Alfonso, e parecia confuso. Sentiu
que a perseguia enquanto ela tratava de voltar a escapar. Algo lhe roçou os
quadris e ficou tensa, perguntando-se que a havia tocado. Esperou que voltasse
a fazê-lo, mas não sentiu nada. Tragando com dificuldade, pensou em quão fácil
seria para ele lhe levantar a saia como tinha feito na paliçada e tocar sua
pele nua. Começou a suar e sua respiração se fez mais profunda. Teve que fazer
provisão de toda sua força de vontade para voltar a centrar-se na conversação.

 
-Sim, os aposentos que ordenei que preparassem para ela -disse Anahí,
forçando um suspiro de exasperação-. Se não tivesses feito todo o possível
estas últimas semanas para se esconder de mim, lhe teria contado isso.

 
-Não estava me escondendo -se queixou Alfonso, lhe tocando o ombro.

 
-Não me importa. -Anahí voltou a afastar-se dele-. Os vestidos do baú
são muito pequenos. Se por acaso não te destes conta, sua filha cresceu; não
lhe servirão. Entretanto, aproveitarei todo o tecido que possa deles.

 
-De acordo. -Alfonso lhe passou o dedo pela pele que havia justo debaixo
de sua orelha. Anahí se estremeceu e o pulso lhe acelerou-. Ana Paula terá
novos vestidos.

 
-E o que acontece comigo? -perguntou vacilante.

 
-Podes ordenar que lhe costurem isso ou podes fazê-los você mesma.-
Moveu o dedo pelo pescoço em círculos lentos e 
a aproximou mais a ele-. Se necessitares de dinheiro, não tens mais que
pedi-lo. Se não tens vestidos é por sua culpa. Convido-lhes a que costures a
roupa ou a  mandes fazer. É parte do
acordo ao que chegamos antes de nossas bodas.

 
-Então não lhe importa?

 
-Não, não tenho tempo para fiscalizar o trabalho das mulheres. Se minha
senhora quiser que este castelo e ela estejam apresentáveis, ela mesma terá que
fazer-se cargo disso. Do contrário, deixes que volte a cair em ruínas. Não me
importa. -O duque continuou com os círculos pela clavícula e através de sua
palpitante garganta. Afundou a cabeça para lhe sussurrar contra o pescoço-: E
não é necessário que minha senhora me ordene tais coisas, se necessitares de
algo, só tens que pedi-lo.

 
Anahí se sentiu estúpida por não recordá-lo. Sua respiração se voltou
mais agitada e incitava em silêncio a seus dedos a que continuassem baixando.
Pensou que Alfonso só estava sendo sensível. Obrigou-se a não lhe proporcionar
o prazer de ver o que o fazia a suas vísceras, que se derretiam, junto com sua
resolução contra ele.

 
-E o que acontece com Ucker? -perguntou com acanhamento.

 
-Falavas com ele de suas bodas?

 
Anahí se estremeceu ao sentir os lábios dele contra sua pele.

 
-Sim.

 
-Então se casará com Dulce -respondeu.

 
Inclinou a cabeça para trás contra seu peito e deixou cair seu corpo
contra o dele, para que a sustentara. Fechou os olhos, bloqueando o sol cujos
raios resplandeciam sobre a escura pedra de seu lar. Os pensamentos que
despertavam ciúmes em seu interior saíram de sua boca sem querer-. E não
voltaráis a lhe levar a Dulce à cama?

 
Alfonso riu e a agarrou pela cintura. Afastou uma mecha de cabelo com o
nariz.

 
-Não, não voltarei a me levar a Dulce a...

 
Anahí lhe interrompeu, voltando-se com frenesi para ele. Introduziu os
dedos em sua juba e pressionou sua ardente boca contra a dele, em busca de seus
beijos. Empurrou os peitos contra sua túnica enquanto se movia para desfazer o
laço do pescoço. Afastando o tecido negro, percorreu as mãos por seu quente
peito e suas costas.

 
-Por que levas tanta roupa? -perguntou Anahí, movendo as mãos para baixo
para lhe levantar a túnica. Esqueceu seu propósito de estar zangada com ele;
sua proximidade a estava voltando louca de desejo. Posto que não levava duas
capas, não foi difícil encontrar a pele de sua cintura. Queria lhe sentir
dentro dela, queria sentir seu corpo, vê-lo. Tremeram-lhe os dedos ao roçar a
musculatura de seu corpo pela primeira vez; pois em sua primeira cópula não
tinha permitido que lhe tocasse.

 
Alfonso grunhiu ante suas carícias e fixou a vista na paliçada, por cima
da cabeça de Anahí. Fez uma careta e, lhe tirando a mão da túnica, agarrou-a
com firmeza com as mãos no peito.

 
-Eu -começou a dizer Anahí a tropicões. Tratou de afastar-se dele,
confusa e um pouco doída. E então viu que se esforçava para ver algo além dela.
Desconcertada, girou-se para ver o que olhava; uns soldados lhes observavam da
paliçada. Alfonso elevou a mão com fúria para ordenar aos espectadores que
partissem e, assim que desapareceram, rindo-se, voltaram a centrar um no outro.
Anahí se mordeu o lábio, afastando-se um pouco dele.

 
-Uma vez perguntaste que por que se chamava Lago Azul, quando não havia
lago ao redor -disse Alfonso com tranqüilidade-. Ainda queres saber a razão?