Fanfic: A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(

Anahí assentiu com a cabeça, incapaz
de falar. Perguntou-se que significado poderia ter que lhe dissesse aquilo
agora. Não tinham começado algo muito mais apaixonado? E, ainda antes, não
tinham estado discutindo?

 
Alfonso sorriu e lhe estendeu uma mão. Anahí a olhou com gesto vacilante
antes de tomá-la; sua mudança de humor a desconcertava. Parecia quase alegre.

 
-Venha. -Guiou-a até o gigantesco carvalho, cujos ramos caíam perto da
paliçada. Anahí sabia que além dos muros não havia mais que bosque; tinha-o
visto de uma das janelas da torre.

 
Alfonso rodeou a árvore e a guiou através dos ramos. À medida que
avançavam para a parte traseira do tronco, a sombra se fazia mais densa. Anahí
passou os dedos com delicadeza pela áspera casca. Ao ver que Alfonso tratava de
levá-la à parte de trás, vacilou.

 
-Não vejo -começou a dizer, mas calou ao ver que lhe soltava a mão para
agarrar algo da cintura. A curiosidade pôde com ela e se aproximou de ver. Alfonso
tirou a bolsinha, desatou os nós e extraiu da bolsa de couro uma chave de
ferro.

 
E então Anahí percebeu a portinha que havia oculta no escuro muro do
castelo. Era uma porta antiga e feita de ferro grosso e negro. Confundia-se com
a parede e, a primeira vista, era fácil passá-la por alto. O fecho de metal não
fez ruído quando o duque girou a chave na fechadura, nem as dobradiças chiaram
quando empurrou devagar para abri-la.

 
Alfonso teve que inclinar-se para passar. Uma vez dentro, e já erguido
de novo, estendeu a mão da escuridão para que Anahí lhe seguisse. O estômago
lhe deu um tombo ao tomar a mão que lhe oferecia; tocou-lhe as cicatrizes com
os dedos.

 
-O que é este lugar? -perguntou ao passar-. Por que não sabia que havia
uma porta aqui?

 
-Porque só uns poucos conhecem sua existência -respondeu Alfonso com um
fiozinho de voz-. E tinham ordens estritas de não revelar a ninguém. O rei Pedro
me mostrou isso ao me entregar o castelo. Eu também perguntei por que se
chamava Lago Azul.

 
-É um passadiço? -Anahí entrecerrou os olhos para adaptá-los à
escuridão. Quando sua vista se acostumou, viu que estavam em um passadiço de
pedra escura. A pedra se confundia com a escuridão e foi incapaz de divisar
aonde levava o corredor.

 
-Sim -respondeu Alfonso. Anahí entrou e a porta se fechou sem fazer
ruído a suas costas, lhes rodeando de escuridão. Empurrou-a para frente e
acrescentou-: Cuidado onde pisas; há algumas pedras soltas.

 
Anahí sorriu ante seu atento comentário. Era como se estivessem
entrando  em  um sítio 
onde as preocupações do exterior não importassem. Seguiu-lhe devagar,
passando a mão pela fria pedra. De repente, na escuridão, roçou o que parecia
ser outra porta de ferro.

 
-Meu senhor, acredito que encontrei o que estáis procurando. -Apesar a
que falou em voz baixa, o som retumbou no úmido e frio passadiço-. É uma porta.

 
-Não, essa leva sob o castelo. -Alfonso se deteve para pôr a mão sobre a
dela no frio metal da  porta-. Essa não é
a porta que procuro.

 
-Masmorras?

 
-Sim, minha senhora -disse por toda confirmação.

 
-Há prisioneiros nelas? -perguntou, fazendo esforços por escutar através
da porta.

 
-Não,  minha  senhora -riu ele-,  o único prisioneiro de Lago Azul sou eu.

 
Seus dedos procuraram a mão de Anahí na escuridão, lhe acariciando os
dedos ao encontrá-la. Seguia tratando de escutar o sons de algum prisioneiro
atrás da porta. Tratou de que não lhe fraquejasse a voz ao perguntar:

 
-Meu senhor?

 
-Querias que lhe confiasse um segredo, para confiar em você. - Sua voz
ressonava no passadiço. Anahí se estremeceu e deixou de sorrir na escuridão. O
duque apoiou a cálida palma da mão sobre a dela, pressionando-a contra a porta
de ferro.

 
-Assim é. -Pareciam ter passado séculos desde que fizera aquele pedido,
mas estavam os dois juntos aí, como se não tivesse passado o tempo.

 
-Concederei-lhe seu desejo. -aproximou-se mais a ela-. Mas suponho que
deveráis responder a duas perguntas.

 
Anahí se aproximou mais ao calor de seu torso, elevando os lábios para
ele, desejando seus beijos.

 
-Qual é sua primeira pergunta?

 
-Não, ainda não. -Alfonso lhe soltou a mão. Ouviu que se movia antes de
continuar-: Lhe contarei que secreto esconde o castelo. Não são prisioneiros, a
não ser meu tesouro pessoal que contém toda minha grande fortuna. Ou deveria
dizer nossa fortuna?

 
-Mas meu senhor, não temos maior fortuna que o pulsar de nossos
corações. -Anahí soltou um risinho. Tomou a mão que tinha livre e a apoiou no
peito para poder sentir o firme ritmo de seu coração sob a palma da mão-. O que
tem a ver tudo isso com o nome de Lago Azul?

 
-Nada, só que encontrastes a porta. -Alfonso seguia apoiando a mão
contra a dela sobre a porta de ferro e, com a outra, acariciava-lhe habilmente
o braço. Chegou a seus dedos e os percorreu nas sombras. Sua voz era quase um
sussurro quando disse- Segue levando esse anel.

 
Sentiu que se separava dela na escuridão após soltar esse comentário
despreocupado. Afastou a mão da porta, de modo que Anahí pudesse seguir
percorrendo a parede. Perguntou-se que outra coisa poderia encontrar-se oculto
sob o castelo. Sem prévio aviso, o passadiço fez um giro brusco à esquerda e Anahí
sentiu que desciam por uma rampa inclinada. Seguiram descendo até que se
desorientou por completo. Alfonso não falava, e começou a ter medo.

 
De repente, Alfonso se deteve. Anahí se chocou contra suas costas e
afogou um grito de pânico.

 
-Onde estamos? -vacilou e se recompôs-. Onde vamos?

 
-Tens medo? -perguntou em voz baixa e marcada. Inclinou-se para ela, lhe
roçando a cara com o cabelo que lhe caía pelos ombros. Não podia lhe ver na
escuridão, mas sentia seu quente fôlego contra sua pele. Sua fragrância a
afligia e o poder de seu corpo acalorado engolia seus sentidos. Elevou uma mão
e lhe roçou sem querer a bochecha.

 
-Essa é uma de suas perguntas? -perguntou com um calafrio, desejando
poder ver seu rosto. Tinha o coração em um punho e era incapaz de articular
palavra.

 
-Não. -Alfonso lhe tocou a mão que havia perto da cara e a afastou
brandamente das cicatrizes da mandíbula. Rodeou-lhe a munheca com os dedos,
agarrando a sua prisioneira firmemente. O pulso lhe acelerou-. O estáis?

 
-Um pouco -admitiu, inclinando-se para ele. Deixou-se levar pelo medo
que lhe produzia, embora a perigosa qualidade de suas palavras lhe gostava.
Estavam sozinhos, muito por debaixo do castelo. O que ia fazer-lhe? Voltaria a
tomá-la com sua áspera paixão? Não sabia se era seu protetor ou alguém de quem
deveriam protegê-la. Seu coração lhe dizia que era ambas as coisas. Começava a
sentir-se enjoada. Assustada pela escuridão e sentindo-se como se descessem às
profundidades de uma tumba, voltou a perguntar-: Onde vamos?

 
-À guarida do monstro. -O duque lhe soltou a mão. Anahí afogou um grito
para ouvir seu diabólico grunhido. Separou-se dele, mas já era tarde para
pôr-se a correr. Agarrou-lhe a munheca com a mão e não a soltou.

 
-Por-por favor. -Anahí lhe ouviu voltar a introduzir a chave em uma
fechadura de ferro. Puxou a mão para escapar, mas só conseguiu que a agarrasse
com mais força. O passadiço se voltou de repente caloroso e o ar se fez mais
espesso de repente-. Váis trancar-me? O que estáis fazendo?

 
A porta chiou ao abrir-se e não pôde evitar notar que esta não estava
tão bem engordurada como a de fora.

 
Talvez seja porque ninguém pode ouvir esta porta. Se gritasse, ninguém
me ouviria. Quanto andamos?

 
Anahí se cambaleou sem remédio quando Alfonso começou a andar. Pôs os
olhos em branco e pestanejou várias vezes. Deixou que a escuridão a consumisse,
pois não podia lutar contra ela.

kd os comentarios????