Fanfics Brasil - Capítulo 2 A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(

Fanfic: A Donzela e o Monstro (TERMINADA) ;´(


Capítulo: Capítulo 2

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 A gigantesca espada ampla de práticas
esfaqueou o ar com força sanguinária. Alfonso rugiu com a intensa ferocidade de
um bárbaro ao levantar a desafiada lâmina por cima da cabeça e seu eco ressonou
por toda a paliçada. Investiu contra o cavalheiro saxão utilizando os longos
movimentos cortantes do ataque viking, algo que fazia tempo que não punha em
prática.


 
O campo de exercício ressonava com os grunhidos dos dois combatentes, e
seus gritos carregados de esforço só se viam superados pelos gritos de ânimo
dos espectadores. Alfonso desfrutava da liberdade de seu exercício matutino. Os
soldados que observavam se empurravam uns aos outros, lutando por fazer um oco
de onde se ver melhor, e os jovens escudeiros e pajens observavam ao combatente
estrangeiro com a boca aberta.


 
O sol era excepcionalmente abrasador, mas o duque não tirou a capa, e
lhe pegava à costas empapada de suor ao mover a mão por cima da cabeça, fazendo
girar a espada enlouquecido. Era um movimento destinado a aterrorizar ao
oponente; não era mais que um singelo truque, mas funcionava quase sempre.


 
Victor lhe tinha proibido que ensinasse muitas coisas aos soldados
saxões, para que não fossem ganhar vantagem contra seu exército de vikings (em
caso de que houvesse uma nova guerra), mas não parecia muito problema. Aos
saxões gostava mais de lutar a sua maneira e com suas próprias armas; preferiam
utilizar uma espada menor na guerra, que pudessem lançar contra seus
adversários, em lugar de esfaquear.


 
O cavalheiro pouco destro contra o que lutava Alfonso não parecia ter
muitas opções ante seu experiente senhor. Entretanto, Ucker se movia com
valentia à luz da iminente derrota. A fina espada saxã que levava o guerreiro
tinha sido construída para que não pesasse muito, de maneira que fora mais
fácil de manejar, mas não podia nada contra o peso da espada larga com a qual Alfonso
cortava o ar uma e outra vez. A espada mais fraca se rompeu em duas e seu fio
caiu ao chão.


 
Os soldados murmuraram com compreensão ao ver que a espada do viking não
tinha sofrido dano algum. O competidor do duque ficou olhando sua espada surpreso
antes de arrojar o punho imprestável ao chão. Agarrado a seu escudo, aguardou o
seguinte golpe devastador.


 
Alfonso sabia que os cavalheiros saxões ocultavam seu medo ao ver a
enigmática forma em que se movia. A larga espada se fundiu com seu braço e a
brandiu com a facilidade da prática. Embora não estivesse afiada, uma espada
podia ser letal se se usava corretamente. O duque não pensava em lhe matar
enquanto se aproximava. No fragor da batalha, a maioria dos cavalheiros
aspiravam a lutar com valentia, mas Alfonso ria da Morte em sua cara,
desafiando-a a que viesse e o levasse. De alguma forma, queria que viesse lhe
buscar.


 
O duque rugiu com evidente hostilidade ao ver que seu adversário caía ao
chão abaixo dele. Se Ucker queria ir algum dia à guerra, deveria aprender a
sobreviver; sendo compassivo com ele não lhe ajudava. Alfonso não sabia por que
lhe importava, mas se ensinava a um homem, faria-o bem. Além disso, embora
resistisse a admiti-lo, gostava de Ucker.


 
O duque golpeou com força o escudo do derrotado cavalheiro, partindo a
grosa madeira. Do impacto, o braço de Ucker foi dar contra o chão. O homem
grunhiu de medo ao ver que suas duas defesas estavam partidas no chão e que não
tinha com o que proteger-se.


 
-Os detenham! -gritou o vencido, presa do pânico. Ucker rodou pelo chão,
fora do alcance da espada do duque. Suas costas suarentas e nuas se encheram em
seguida de sujeira, e abriu os olhos marrons de medo-.Detenham-no!


 
Alfonso sacudiu a cabeça, saindo de seu atordoamento quando a névoa da
batalha se dissipou. Confundido durante uns segundos, deixou cair a espada a um
lado e alargou uma mão para ajudar a Ucker a ficar em pé. O duque lhe brindou
uma fugaz ameaça de sorriso, mais rígida e severa, e mais dolorosa que
agradável. Tinha estado a ponto de lhe matar.


 
-Pensei que ías matar-me. Que forma é essa de lutar, meu senhor?
-exclamou o homem. Passou o antebraço pelas sobrancelhas suarentas e se sacudiu
o torso nu-. Estavas como possuído! Nunca lhe tinha visto assim.


 
-Ucker -respondeu Alfonso com uma risada forçada. Conseguiu manter o tom
grave de sua voz, embora por dentro tremesse como uma folha-, a paz o faz dizer
essas coisas. Passou muito tempo da última vez que batalhastes.


 
-Talvez tenham razão, embora não tenho o mais mínimo reparo contra a
paz, meu senhor. Certamente a prefiro tê-la que ver-me com você no campo de
batalha. -Ucker riu e arranhou a parte posterior da cabeça. Esfregando os
ombros, sorriu a Alfonso avergonhadamente-. Mas acredito que é provável que a
preciosa Dulce me esteja abrandando.


 
-Dulce? -Alfonso franziu o cenho. O suor lhe caía pelas sobrancelhas e
fazia com que a sobrecapa negra lhe pegasse à pele, pois a cor atraía o calor
do sol.


 
O duque puxou a capa e a passou por cima da cabeça num só movimento. Ucker
fixou a vista no chão ao lhe ver. Tragou saliva e se agachou para recolher os
restos de suas armas, só para entreter-se levando-as ao escudeiro.


 
Alfonso quase nunca se descamisava para fazer exercício, apesar que
muitos de seus homens lutavam assim. O duque não se ocultava atrás de suas
roupas porque fora muito pudico, mas sim pela forma em que lhe olhavam quando
não o fazia. Viu com acostumada indiferença como Ucker afastava os olhos dele;
o jovem procurava não olhar o torso nu de seu senhor.


 
-Dulce? -perguntou de novo Alfonso ao ver que o menino, não lhe
respondia. Fez um gesto ao resto de seus homens para que continuassem com suas
práticas e fez gestos a um moço para que lhe trouxesse sua espada de verdade,
que empunhou com firmeza assim que lhe havia dado a espada romana ao menino.
Não gostava de perder de vista sua espada nem um minuto-. A da cozinha?


 
-A mesma, sim-admitiu Ucker com um brilho indicador de antecipação e
medo nos olhos. Tragou saliva com força-. Quero lhe falar dela.


 
Alfonso observou ao cavalheiro que tinha em frente. Ucker era jovem e
não havia visto muitas guerras, mas prometia e formava parte do acordo ao qual
tinha chegado com o rei Pedro. Era um dos homens de confiança do rei saxão, e
devia servir como um dos cavalheiros de maior classe do exército de Alfonso. Ao
duque não lhe importou o acordo, pois gostava daquele homem. Ucker tinha
demonstrado ser leal, trabalhador e um aluno ardiloso. Entretanto, era  também um atraente menino pelo qual a maioria
das fêmeas se sentiam atraídas. Sem dúvida alguma, qualquer criada maquinadora
veria nele um bom marido pelo qual lutar. Essa era a razão pela qual o duque
odiava ver que se casava tão cedo, pois sabia que o cavalheiro ia pedir-lhe a
mão de Dulce.


 
Aqueles últimos dias, Alfonso tinha observado com pouco interesse os
flertes de Ucker e Dulce. Por que se importava que seus servos tivessem
amantes? Não obstante, não se tinha dado conta de que as intenções do jovem
tivessem ido tão rápido. Agora entendia por que se mostrou tão disposto a lutar
contra ele em um combate simulado, apesar do humor de cães do duque.


 
Sim, porque não há nada mais angustiante para  um homem que sentir-se apanhado por uma
mulher; especialmente por uma mulher pela qual se sente especial carinho. Por
isso deveriam consertar os matrimônios; é a única forma de que uma aliança
dessas magnitudes chegue a bom término.


 
-Não, Ucker. Agora não -disse Alfonso, girando-se para partir. Sentiu
uma quebra de onda de dor no estômago e ignorou a culpabilidade que sentia ao dar
as costas ao jovem-. Tenho muito que fazer; hoje não posso lhe dar conselho.


 
-Mas -suplicou Ucker, mas o duque lhe ignorou.


 
Alfonso se separou dele, se despedindo.


 
-Sigam com seus exercícios; na próxima vez que nos vejamos quero ver
mais progressos em sua destreza com a espada.


 
O duque grunhiu quando o jovem tratou novamente de lhe deter. Saiu do
campo de exercício e se dirigiu à sala principal atrás de uma jarra de cerveja,
golpeando com força o chão ao andar. Lhe removeram as vísceras ao entrar no
castelo. Tinha estado a ponto de lhe matar por nada.


 
Alfonso vacilou antes de atravessar a porta que levava a sala principal,
tomando ar para acalmar-se ao pensar na falta de controle que acabava de
demonstrar no campo de práticas. Ao entrar na sombra da sala, espremeu sua
túnica úmida com o punho e se secou a testa antes de passar o tecido pela nuca.
Levantou a pesada e longa mata de cabelo que lhe pegava à costas.


 
A sala era mais fresca que a paliçada. Nenhuma das duas chaminés que
havia, uma a cada lado da sala, estava presa. Devido a isso, a lúgubre sala não
estava iluminada mais que pelas velas e os magros raios de luz que entravam
pelas janelinhas do teto.


 
A sala principal necessitava urgentemente de uma lavagem de cara, mas o
duque não tinha ordenado que se fizesse desde que lhe deram a propriedade,
fazia já quase um ano. Alfonso sabia que era extrañamente contraditório que
ordenasse aos criados lavarem-se e, entretanto, permitisse que sua casa não o
estivera. As teias de aranha penduravam das vigas do teto. Os  adornos da sala, em seu dia espirais
maravilhosas, não eram já mais que magros traços do que foram. O matagal de
palha que cobria o chão, apesar de não feder, estava já velha e cheia de pó.


 
Se havia improvisado uma plataforma elevada em um lado da sala, feita da
mesma pedra negra com que se construiu o resto do castelo, e no alto se
colocaram quatro majestosas cadeiras para ele e qualquer honorável hóspede ao
que pudesse considerar suficientemente honorável para compartilhar a mesa com
ele. Normalmente jantava ali sozinho. A mesa de jantar que havia sobre a
plataforma era a única mesa permanente da sala. As mesas e bancos que haviam
mais abaixo, onde jantavam os servos e soldados, podiam mover-se, e as criadas
e lacaios deviam desmontá-las entre comida e comida.


 
Ao fundo da sala penduravam as cortinas, atrás das quais os soldados
dormiam sobre pilhas  de palha. Os
criados que não usavam pilhas dormiam sobre o chão. O costume era que o senhor
e a senhora da casa também dormissem na sala principal, em uma ampla cama no
centro da estadia, oculta do resto por cortinas. Mas, posto que o rei Pedro
restaurou ao princípio o castelo de Lago Azul como base militar para ele na
zona mais oriental de Wessex, o senhor do castelo dispunha de um aposento
privado na planta superior.


 
Embora enquanto eu seja o senhor aqui, não haverá nenhuma duquesa de Lago
Azul! Jurou com veemência Alfonso.


 
O duque decidiu que preferia uma habitação privada. Não queria passar as
noites escutando os encontros sexuais entre os soldados e as risonhas e jovens
criadas. Já lhe havia custado o seu não solicitar a companhia do sexo frágil a
sua cama com muita freqüência no passado, embora depois o considerou uma
decisão acertada. E nunca se beneficiava de suas próprias criadas.


 
Os soldados nunca se aproveitavam das habitações de convidados que
haviam perto da sua, salvo quem procurava relações adúlteras e não queria que
suas mulheres lhes pilhassem excitando-se com outras na sala principal; e se
mantinham fechadas e abandonadas. Até que chegou a misteriosa donzela, que
residia agora em uma dessas habitações. Tinha ordenado que a pusessem em um dos
aposentos da torre, o mais afastado possível de sua cama.



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Autor(a): annytha

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 633



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  • annytha Postado em 03/07/2011 - 19:11:25

    berryparadise bebe gracias pelo 600 comentarios, amei, amei de verdade.
    mandycolucci assim que der agente coloca a conversa em dia em, mas vou fica te devendo a 2ª temporada, mas te espero nas minhas outras webs em.
    myrninaa: oh Deus me deixam com o coração partido me pedindo isso, mas realmente não dar gente!!! tem inumeras outras webs e isso iria me atrasar muito.
    mas espero todas vcs lá com seus comentarios em.
    gracias por tudo, e los amo.
    pra siempre LOS A!!!

  • myrninaa Postado em 02/07/2011 - 20:56:47

    Demorei mais cheguei =D, desculpa não ter vindo antes, mas semana de provas¬¬... ai sem chances de entrar.
    Ameiiiiiiiiiiii muito mesmo a wn, e o final então... mais que perfeito.
    : 2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2< +1

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:22

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:17

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:36:06

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:49

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:44

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:35:35

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:34:04

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D

  • mandycolucci Postado em 01/07/2011 - 22:33:56

    2º temp. de A Donzela e o Monstro ?!?!?!? *-*
    Pense com carinho >s2<
    rsrsrs
    ;D


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