Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

É brincando que se dizem verdades. Pelo menos é o que falam por aí. E estávamos usando desse artifício para arrancar palavras um do outro.
Meu coração batia acelerado, pois eu queria uma resposta positiva. Era loucura, era inacreditável o que eu sentia por ela, afinal, um Oceano imenso nos separava. Mas eu estava apaixonado e esperava do fundo do coração que Dulce estivesse pelo menos começando a sentir o mesmo por mim.

Dulce: Eu...não sei o que te dizer, para ser sincera.
Christopher: Diga o que seu coração sente e eu ficarei muito feliz.
Dulce: E se eu te disser que eu não sei o que ele sente? É tudo muito louco, Christopher, eu tenho namorado.
Christopher: Você namora só para dizer que não está solteira. Nós dois sabemos disso, Dulce.

Ela ficou em silêncio e cada vez eu ficava mais apreensivo, ainda esperando por uma resposta mais concreta.

Christopher: E então?
Dulce: Eu gosto de você.
Christopher: Apenas isso?
Dulce: Você sabe que não.
Christopher: E qual o problema falar?
Dulce: O problema é que, mesmo eu namorando só por namorar, eu costumo respeitar as pessoas. Além do mais, há muitos quilômetros que dividem a gente, não vou ficar de declarações de amor pelo telefone sabendo que essas declarações dificilmente vão ser concretizadas.
Christopher: Vamos nos encontrar daqui a duas semanas.
Dulce: E então? Você irá embora depois, nossas vidas vão voltar ao que era antes! Mesmo que aconteça alguma coisa entre nós, não poderá passar de um breve caso. E...eu gosto demais de você para tudo entre nós ser somente isso!

Ela não precisava dizer mais nada, já tinha obtido minha resposta. Dulce não queria ter um breve caso comigo e isso me deixava feliz...porque eu queria algo muito sério com ela também.

--*

Eu estava dizendo coisas demais, mas costumava ter a boca grande quando ficava nervosa. E Christopher estava me deixando nervosa.
Temia esse encontro, tanto pelo que podia acontecer, como também pelo que não podia acontecer. E a pior coisa seria criar uma grande ilusão para me decepcionar depois.

Christopher: E se eu disser que eu não quero somente um breve caso contigo? Que eu quero mais, muito mais?
Dulce: Christopher...é melhor não irmos por esse caminho.
Christopher: Por que não?
Dulce: É arriscado! Palavras são lindas, mas na hora de concretizá-las a história muda.
Christopher: Você imaginou nós dois naquele dia e não se arrependeu. Por que está com tanto medo de sonhar agora?
Dulce: Porque tudo começou com uma brincadeira.
Christopher: E agora?
Dulce: Você sabe muito bem como estamos no momento.

Ele ficou em silêncio e eu sentia meu coração disparado no peito. Me sentia uma idiota por ter esse tipo de reação com apenas um aparelho no ouvido, escutando sua voz. Mas tinha horas que eu ficava tão nervosa, que parecia que Christopher estava na minha frente.

Christopher: Ok, não vamos falar sobre isso agora. Resolveremos nossa situação quando eu estiver aí.
Dulce: Assim é melhor. Olho no olho.
Christopher: É, eu acho...enfim. Chegou um cliente aqui, preciso desligar.
Dulce: Ok, quando chegar em casa me liga.
Christopher: Pode deixar. Um beijo.
Dulce: Outro, até mais tarde.

E então desligamos. Eu deitei a cabeça na mesa, respirando fundo, tentando controlar as batidas do meu coração. Tudo isso já estava passando dos limites e um medo enorme crescia dentro de mim a cada dia. Será que Christopher e eu realmente íamos nos ver alguma vez?

--*

O senhor Larry Smith, que estava processando a empresa de Dulce, chegou no meu escritório para que discutíssemos o assunto.

Larry: E então, como anda o processo?
Christopher: Tudo em perfeitas condições. Falei com o advogado do senhor James e ele prefere que conversemos antes de abrirmos o caso, o que o senhor acha?
Larry: Se ele reconhecer o que fez e estiver disposto pagar uma indenização ou me dar os créditos, não vejo problema algum. É até melhor que cheguemos a um acordo, processos na justiça demoram muito tempo para serem resolvidos e eu queria resolver essa situação logo.
Christopher: Ele disse que quer que nos encontremos na própria empresa daqui a duas semanas.
Larry: Duas semanas? Temo não poder.
Christopher: Como assim?
Larry: Tenho uma viagem de negócios para fazer daqui a duas semanas.
Christopher: Nossa...então, teremos que ver como vai ficar isso.
Larry: Viajo numa quinta feira. Será que você não consegue marcar por algum dia antes?
Christopher: Prometo tentar, mas não sei o que posso conseguir.
Larry: Bom, peço encarecidamente que arranje isso pra mim. Tenho que trabalhar agora, só vim ver como estava tudo. Qualquer novidade é só me ligar, quero estar a par de cada passo do processo.
Christopher: Pode deixar senhor, tentarei resolver esse caso da melhor forma possível.

Me despedi do cliente e fiquei um tempo pensando, antes de ligar para o advogado de James. Esperava poder ficar alguns dias no México, mas com toda essa situação, temo que não será possível.

--*

Eu estava contando as horas para sair do trabalho. Isso porque fazia uma hora que voltava do meu horário de almoço. Eu estava muito ansiosa nos últimos dias e sabia que era por causa da vinda de Christopher.
Dez minutos depois, o telefone tocou, e eu pensei que fosse ele. Mas quando atendi, vi que era voz da minha irmã e relaxei um pouco, me recostando na cadeira.

Dulce: Como você está, Bia?
Bianca: Muito bem, apesar que eu tenho uma irmã desnaturada, que vai ser tia e nem quer saber do sobrinho.
Dulce: Isso não é verdade! Eu estou tão ansiosa pra ver meu sobrinho quanto você!
Bianca: Claro, você me liga todos os dias, né, Dulce Maria?
Dulce: Bom...
Bianca: Isso tudo é por causa daquele espanhol? Está muito envolvida com ele?
Dulce: Como eu posso estar envolvida, Bia? Nós só nos falamos por telefone.
Bianca: Se as pessoas hoje em dia se apaixonam pela internet...o que impede delas se apaixonarem pelo telefone?
Dulce: É complicado...
Bianca: Você que complica tudo! Já terminou com seu namorado, né?
Dulce: Ahm...não?
Bianca: Dulce!
Dulce: Que é?
Bianca: Está apaixonada por um e namorando outro? O que você tem na cabeça?
Dulce: Eu não disse que estava apaixonada por Christopher!
Bianca: Não precisa dizer, querida, eu sei! Esqueceu que viveu comigo por muito tempo? Te conheço muito bem, maninha.
Dulce: Não sei se estou apaixonada por ele...ainda que eu não possa negar que de fato sinto algo.
Bianca: Ok sister, quando você se convencer a gente conversa sobre isso. Então, vamos falar sobre outra coisa...

Nós começamos a conversar sobre o curso dela, Mariano, o bebê e etc. Bianca falou tanto que só então eu percebi que fazia tempo que não conversávamos assim. Eu realmente havia dado atenção demais à Christopher e esquecido da minha irmã.

Bianca: Quando você vem pra cá?
Dulce: Oi?

Eu me distraí pensando em Christopher e só ouvi a última pergunta, que me deixou confusa.

Bianca: Você não vem passar o natal aqui?
Dulce: Ah sim, claro, no fim do ano. Mas ainda estamos perto de setembro!
Bianca: Mas eu já queria saber!
Dulce: Ah...quando James me dar folga, né?
Bianca: Ou seja, nunca.
Dulce: Não seja exagerada. No meio de dezembro eu devo estar chegando aí.
Bianca: Acho bom, estou morrendo de saudades! E assim é bom que você vai poder encontrar seu amado.
Dulce: Acho que eu não vou ter que esperar tanto...
Bianca: O que você está querendo dizer?
Dulce: Christopher está vindo para cá, por causa do trabalho...e vamos nos encontrar daqui a duas semanas, mais ou menos.

Eu dei uma risadinha e escutei minha irmã berrando do outro lado da linha.

Bianca: Não creio! Me conte essa história direito, Dulce Maria!
Dulce: Ok, ok!

Eu comecei a contar para a minha irmã todos os últimos acontecimentos e notei que toda vez que tocava no nome dele, o sorriso em meu rosto ficava maior. Estava definitivamente cada vez mais difícil negar o que eu sentia por ele...

--*

Cheguei em casa um pouco tenso, por tudo o que tinha acontecido no trabalho. Falei rapidamente com os meus sobrinhos e Any se aproximou, vendo que minha cara não era uma das melhores.

Anahí: Aconteceu alguma coisa, meu amor?
Christopher: Complicações...
Anahí: No trabalho?
Christopher: Com Dulce.
Anahí: Vocês brigaram?
Christopher: Não...é que eu estava bastante empolgado, achando que íamos ter bastante tempo para resolver nossa situação lá no México.
Anahí: E o que aconteceu?
Christopher: Depois eu te conto, mana. Vou ligar pra ela agora, já volto.

Eu peguei o telefone e fui para o meu quarto, fechando a porta. Chamou algumas vezes até que Dulce atendeu.

Dulce: Você deu sorte! Estou saindo daqui a 10 minutos.

Eu olhei no relógio e franzi o cenho.

Christopher: Mas já?
Dulce: O advogado de James quer ter uma reunião particular com ele e acabou me liberando mais cedo.
Christopher: Bom pra você, não é?
Dulce: Claro! Assim vou poder ficar vendo MTV por mais tempo!

Eu me sentei na cama e sorri, já começando a falar o que eu queria.

Christopher: Vai ser um pouco complicado pra gente se encontrar quando eu for pra aí.

Dulce ficou em silêncio e aquilo me deu medo.

Christopher: Dul?
Dulce: Por isso que eu não queria me empolgar demais...sabia que isso ia acontecer.
Christopher: Eu não disse que não ia mais, disse somente que vamos ter que nos desdobrar para nos encontrar.
Dulce: Como assim?
Christopher: Eu vou aterrissar no México daqui a duas quartas feiras. Mas voltarei para a Espanha no mesmo dia. Meu cliente tem um compromisso no dia seguinte e tem que voltar no mesmo dia para arrumar as coisas. E como ele vai pagar tudo pra mim, terei que voltar junto e no mesmo avião que ele.
Dulce: E como a gente fica?
Christopher: Bom, eu vou para o lugar onde você trabalha. Se você estiver lá...
Dulce: Mas James não pode saber que eu te conheço!
Christopher: A gente inventa qualquer coisa, fala que vai ao banheiro, não sei...
Dulce: Estou com medo de não te ver...
Christopher: Vai dar tudo certo, Dul. É só a gente querer. Você quer?
Dulce: Mais do que tudo!
Christopher: Então vai dar certo. É só esperar.

--*

A semana demorou uma eternidade para passar, pelo menos isso pareceu. Eu estava contando os dias, as horas, os segundos para vê-lo pela primeira vez. Imaginava nosso encontro de todas as formas possíveis e sempre que o imaginava me beijando, sentia um frio no estômago, como se isso tivesse de fato acontecendo.
Roger voltou a falar comigo, mas as coisas entre nós não estavam cem por cento. E se ele estava esperando eu ir atrás para enchê-lo de beijos, se enganara, pois essa era a última coisa que eu estava pensando naquele momento.
Um dia antes de Christopher viajar, eu já estava pendurada com ele no telefone, demonstrando minha euforia mais do que devia.

Dulce: Que horas você chega amanhã mesmo?
Christopher: Devo chegar umas 8:30. A reunião na sua empresa é às 10, então assim que chegarmos, vamos apenas dar uma passada no hotel e vamos direto para aí!
Dulce: 10 horas? Ah não!

Eu me sentei no sofá, vendo que a coisa tinha ficado mais ainda complicada.

Christopher: Tem algum problema?
Dulce: James me disse hoje que era pra eu chegar mais tarde amanhã, depois de meio dia, pois estaria ocupado! Não imaginava que essa ocupação era a sua reunião!
Christopher: Mas a reunião vai acabar mais ou menos nessa hora mesmo. Faz assim: Chega um pouco antes e a gente se encontra na porta da sua empresa! Não acredito que James vá nos levar até lá embaixo, então ninguém precisa ficar sabendo.
Dulce: Tem certeza? Pode ser perigoso...
Christopher: Dulce! Você quer me encontrar ou não?
Dulce: Claro que quero!
Christopher: Então larga de medo, vai dar tudo certo!
Dulce: Ainda não sei...estou receosa com esse encontro, teremos muito pouco tempo!
Christopher: Eu posso tentar atrasar o meu cliente de alguma forma, não sei, dar um jeito...acho que uma hora pelo menos é suficiente para trocarmos uns beijos não?

Eu comecei a rir, não acreditando que estava ouvindo aquilo!

Dulce: Sim...uma hora é suficiente! Até porque...no final do ano eu vou pra aí, então...
Christopher: Eu senti essa frase como uma promessa de algo...
Dulce: O que você quer dizer? Eu não to prometendo nada! É só pra gente se conhecer!
Christopher: Claro, vamos fingir que sim. Enfim, eu preciso desligar agora, amanhã acordo cedo e já é madrugada aqui, né. Não quero que você me veja com cara de zumbi.
Dulce: Não é você que diz que confia no seu taco? Então, devia se achar bonito também até quando dorme pouco!
Christopher: Eu me acho! Mas amanhã o importante é o que você vai achar!

Eu sorri, mordendo os lábios, mal podendo acreditar que aquele homem da minha foto ia ser real na minha frente.

Dulce: Tudo bem, vá dormir então, descanse! Nos vemos amanhã.
Christopher: Sim, nos veremos...e eu mal posso esperar! Um beijo! Até!
Dulce: Beijos!

Ele desligou o telefone e eu suspirei, que nem uma boba. Eu não podia acreditar que em menos de vinte e quatro horas iria me encontrar com o homem por quem eu estava me apaixonando...e pretendia contar isso à ele.

--*

Eu tentei, juro que tentei...mas dormir naquela noite havia sido impossível. Se eu dormi duas horas foi muito! E esperava realmente que meu aspecto tivesse decente ao me encontrar com Dulce.
Não precisei nem fazer mala nem nada, pois ficaríamos somente algumas horas naquele país, pois teria que voltar no mesmo dia. Peguei apenas o necessário para a reunião e tomei um café rápido, que Any havia preparado para mim.

Anahí: Vai com Deus, meu amor, dê um beijo na Dulce por mim.
Christopher: Pode acreditar que eu darei.

Eu pisquei pra ela e Any riu, já entendendo minhas intenções. Me despedi dela e fui em direção ao aeroporto.
Assim que cheguei lá, tive que esperar alguns minutos pelo meu cliente, que chegou logo depois. O voo estava marcado para 6 horas e saímos lá exatamente no horário.
Correu tudo bem e chegamos no México um pouco depois das oito. O tempo que ficamos no hotel foi angustiante para mim. Nem sabia como ia me concentrar na reunião com um só pensamento na cabeça. Ainda mais que provavelmente essa reunião ia demorar, o que ia causar mais aflição em mim.
Quando Larry disse que já podíamos ir, dei graças a Deus. Fiquei calado durante todo o trajeto, imaginando meu encontro com Dulce. E o tempo que ficaríamos juntos, ainda que fosse apenas 60 minutos. Mas já seria uma ótima coisa.
O carro parou em frente à um enorme prédio, a JS. Jeweller`s. Assim que coloquei o pé pra fora do carro senti um frio no meu estômago, com um único pensamento na cabeça: estava no prédio onde a mulher da minha vida trabalhava.

--*

Fui abrindo o olho aos poucos ao acordar e me espreguicei na cama, notando a claridade que entrava pela minha janela. Olhei rapidamente no relógio e notei que eram 11 da manhã. 11 DA MANHÃ? EU ESTAVA ATRASADA!
Saltei da cama, não acreditando que o despertador não tinha me acordado! Só então eu notei que tinha esquecido de ativar o alarme e saí correndo até o armário, pegando a primeira roupa que havia visto em minha frente. Tomei o banho mais rápido da minha vida, penteei meu cabelo de qualquer jeito e peguei minha bolsa com as coisas essenciais para o meu trabalho.
Fiquei parada na frente do meu prédio durante uns cinco minutos esperando um táxi e nada dele aparecer. Já eram 11 e meia e a reunião de Christopher na minha empresa já devia estar acabando.
Pra completar, quando estávamos a uns quinze minutos do meu local de trabalho, o taxista parou em um engarrafamento enorme, que me deixou mais aflita ainda.

Dulce: Moço, será que não tem outro jeito de voltarmos e pegar outro caminho? Eu realmente preciso estar no meu trabalho já!
Taxista: Sinto muito senhorita, mas já há carros parados atrás de nós, não tem como recuar. O jeito é ligar para o seu patrão e dizer o que está acontecendo.

Ligar para o meu patrão...eu olhei para o meu celular, pensando em ligar para Christopher, pedindo para que ele desse algum jeito de me esperar. Mas se eu ligasse na hora da reunião poderia atrapalhá-lo.
O tempo passava e eu já estava pensando seriamente em sair daquele táxi e ir correndo até à empresa. Mas a distância ainda era longa para ir a pé e o único jeito era esperar e rezar para que eu chegasse a tempo de ver Christopher.

--*

Eram quinze para meio dia quando a reunião acabou. James não quis aceitar o acordo, pois negou todas as acusações. Decidimos então que abriríamos um processo contra a empresa e tudo seria resolvido no tribunal.
Minha barriga já dava voltas e voltas, pois esperava que Dulce estivesse lá embaixo. Mas resolvi improvisar caso ela se atrasasse por um motivo ou outro.
Enquanto nos despedíamos como pessoas civilizadas, ainda que desse para sentir a hostilidade no ar, dei um jeito de colocar meus óculos escuros em cima da mesa de Dulce, para que eu pudesse voltar depois, ganhando assim mais tempo para vê-la.
E tinha sido como eu havia pensado. Ao chegar lá embaixo, olhei de um lado para o outro, mas nada de ver nenhuma mulher ruiva por ali por perto. Parei de repente, antes que meu cliente entrasse no carro e dei um tapa de leve na testa, começado minha atuação.

Christopher: Eu esqueci meus óculos escuros na mesa da secretária de James. O deixei lá para pegar uma caneta e esqueci.
Larry: Vamos lá em cima então...
Christopher: Não precisa subir comigo, eu vou sozinho. O senhor me espera no carro, não demoro.
Larry: Não demore mesmo, pois temos um voo marcado.
Christopher: Não se preocupe é coisa rápida.

Eu voltei para dentro da empresa, a passos lentos e olhando de um lado para o outro, mas nada dela aparecer. No elevador, subi com um rapaz e resolvi perguntar algo.

Christopher: Com licença, você sabe se a secretária do James vem trabalhar hoje?
***: Ela só chega mais tarde. Não sei exatamente quando, mas enfim. Por que?
Christopher: Nada, sou apenas um amigo.
***: Christopher, da Espanha?
Christopher: Sim, como você sabe?
***: Pois sou Roger, o namorado dela.

Eu engoli em seco, não acreditando naquele encontro inusitado. Apesar dos susto, me apresentei educadamente, apesar de ter notado que seu semblante havia endurecido completamente, como se ele já me odiasse, sem nem ao menos me conhecer. Ele parou no terceiro andar, enquanto eu subi até o escritório de Dulce. Peguei os óculos e olhei ao redor, fazendo hora para que ela parecesse logo. Mas Larry não podia esperar mais. Tínhamos que pegar o resto de nossas coisas no hotel e seguir para o aeroporto. O voo já estava marcado.
Observei por uns minutos a mesa dela e vi um porta-retrato, que parecia ser ela e sua irmã, creio eu, na foto. Abri a minha maleta e tirei de lá o ursinho que planejava dar para ela, quando nos víssemos frente a frente. Mas já havia notado que isso não ia ser possível e resolvi fazer uma troca. Coloquei o ursinho no lugar do porta-retrato e peguei o objeto, colocando-o na minha maleta. Acho que Dulce não iria se importar com a troca. Respirando fundo e tentando gravar bem a recordação da sala onde ela trabalhava, pois seria a única coisa que poderia levar além da foto, eu saí. Apenas a recordação ficou. Pelo visto, não havia sido dessa vez.

--*