Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

Nos dias que se seguiram, Christopher havia dito para eu não ficar contando o tempo que faltava, pois isso fazia com que demorasse mais ainda para passar. Mas era impossível! Eu estava super ansiosa para ir, pensava nisso quase vinte e quatro horas por dia. Minha irmã chegou até a reclamar comigo, mandando eu mudar de assunto porque ela não agüentava mais me ouvir falando nisso. Com certeza era ciúmes, pois agora tinha outro motivo para ir a Espanha e nunca havia ficado tão ansiosa.
Estávamos no último dia de setembro e ele ligou para mim, como se já estivesse sentindo que estava louca para ouvir sua voz de novo.

Dulce: Olha, faltam só vinte e um dias pro seu aniversário.
Christopher: Vinte e um ou vinte e dois?
Dulce: O dia de hoje não conta. Vou comer chocolate, to ansiosa demais.

Fui em direção à cozinha, escutando-o rir.

Christopher: Isso tudo é vontade de me ver?
Dulce: Talvez...acho que é vontade de comer chocolate mesmo.
Christopher: Por que eu tenho sempre que ficar me declarando e você nunca admite o que sente?

Eu me calei um segundo e mordi minha barra de chocolate.

Dulce: Não sei...acho que é mais legal ouvir do que falar.
Christopher: Jura? Mas eu gosto de ouvir também, sabia?
Dulce: Vamos ver...quando você menos esperar talvez eu diga a mesma coisa pra ti também.
Christopher: Ok, finjo que acredito. Enfim, coloque na MTV.
Dulce: Por que?
Christopher: Está dando aquele programa de clipes que você gosta, onde as pessoas pedem um clipe e dedicam o mesmo para alguém.
Dulce: Ah, ta dando agora? Só um minuto então, vou ligar a tv.

Eu me sentei no sofá e liguei a televisão, dando mais uma mordida na minha barra de chocolate.

Dulce: Pronto. Você vai ver também?
Christopher: Você me viciou nesse programa, agora a primeira coisa que eu faço quando chego em casa é ligar na MTV.
Dulce: Ai que lindo! Adoro viciar os outros nas coisas que eu gosto.
Christopher: Então ponto pra você, Dulce Maria.

Eu ri com ele no telefone e fiquei vendo o clipe que acabava de terminar. Nós estávamos em silêncio, enquanto víamos o programa. Assim que dei mais uma mordida no meu diamante negro, a VJ começou a anunciar para quem o próximo clipe seria dedicado e meu coração acelerou no peito ao ouvir o nome dele.

VJ: E o próximo clipe é " Me muero", de La 5ª estacion. Vai dedicado de Christopher Uckermann para Dulce Maria e ele diz o seguinte: " A distância me faz te querer cada dia mais e mais. Espero que você entenda a mensagem da música." Então aí vai dedicado o clipe.

Eu comecei a tremer e meus olhos se encheram de água, nem conseguia ver o clipe.

Dulce: Me diga que você não fez isso.
Christopher: É, eu acho que fiz...
Dulce: Você é louco!
Christopher: Digamos que desde que eu te conheci eu não venho agindo no meu estado normal.

Eu gargalhei no telefone, enquanto lágrimas de felicidades caíram pelos meus olhos.

Dulce: Muito obrigada, de verdade. Jamais imaginei que alguém um dia pudesse fazer algo assim por mim.
Christopher: Shh, não fala nada. Apenas preste atenção na letra e imagine que sou eu dizendo isso tudo pra você.

Eu fiz o que ele pediu e me concentrei na letra, não deixando escapar nenhum detalhe dessa linda canção.

Peço por seus beijos
Por seu sorriso ingrato
Por suas belas carícias
É você minha alegria.

Peço que não me falhe,
Que nunca se vá
E que nunca se esqueça
Que sou eu quem te ama.

Que sou eu quem te espera
Que sou eu quem te chora,
Que sou eu quem te deseja
Os minutos e horas.

Morro por te beijar
Dormir na sua boca
Morro por te dizer que o mundo se equivoca
Morro por te beijar
Dormir na sua boca
Morro por te dizer que o mundo se equivoca
Que se equivoca, que se equivoca

Peço por sua ausência
Que me faz sentir sua falta
Que me faz sonhar com você
Quando mais me faz falta

Peço pelo amanhã
Que ao meu lado acorde
Enrolado na cama
Ai, como me faz falta

A música acabou e eu continuei chorando que nem uma besta. Aquilo era a coisa mais linda que alguém já tinha feito por mim em toda minha vida. Ele deve ter escutado meus soluços e perguntou, num tom brincalhão.

Christopher: Eu realmente espero que esse seja um choro de felicidade.
Dulce: E é, pode apostar!
Christopher: Então...você gostou?
Dulce: Acho que a única coisa que eu posso dizer é...yo me muero por ser besada por ti.

--*

Eu senti um frio no estômago ao ouvi-la dizer aquilo. Dulce não era muito de falar essas coisas, mas quando dizia, sabia como me afetar bastante.

Christopher: Que milagre! Você se declarando para mim sem estar bêbada.
Dulce: Não exagere, Christopher, também não sou assim. E depois de algo como isto, era impossível ficar quieta.
Christopher: Não quer adiantar sua viagem para cá, não?
Dulce: Não posso. Se deixar o trabalho, ainda mais com um certo processo contra a nossa empresa, sabe, eu acabarei sendo demitida.
Christopher: Estou até agora sem secretária e trabalhar sozinho está muito difícil.
Dulce: Não comece. Já disse que não quero largar meu emprego.
Christopher: Ok, não vamos discutir depois desse momento. Quando você chegar aqui, em dezembro, a gente conversa.
Dulce: É só isso que você quer fazer?

Eu não esperava aquilo e soltei uma gargalhada.

Dulce: Perdão. Saiu sem querer.
Christopher: Sei e aposto que agora está aí, morrendo de vergonha, não é?
Dulce: Já me conhece bem o bastante sem nos vermos, imagina quando nos virmos pessoalmente.
Christopher: Eu vou ter o prazer em debochar de suas bochechas vermelhas quando ficar com vergonha.
Dulce: Você não presta, Christopher!
Christopher: Nem um pouco...nem um pouco.

--*

O aniversário de Christopher estava chegando e eu não fazia idéia do que dar para ele. Já nos conhecíamos bem, mas não sabia o que comprar para lhe enviar como presente de aniversário. Talvez lhe desse uma caneta, advogados as usam bastante. Mas era um presente bastante clichê e eu queria lhe dar algo significativo.
Estava trabalhando, quando recebi uma ligação inesperada. Mas que ia me ajudar bastante também.

Dulce: Sam! Quanto tempo! Você nunca mais ligou, pensei que tivesse se esquecido de mim.
Samantha: Sabe que nunca me esquecerei de você. Perdão, estive ocupada.
Dulce: Claro...viajando pelo mundo, não é?
Samantha: Sim e não use esse tom deboche porque isso dá trabalho, ok?
Dulce: Sei...e me conta, como vai a sua vida mole?
Samantha: Ótima! Dul, você não sabe cada lugar lindo que tem pelo mundo. Inglaterra é magnífica, Paris é apaixonante e aqui em Madrid tudo é...
Dulce: Espera! Você está em Madrid?
Samantha: Sim, na belíssima Espanha. Por que a surpresa?
Dulce: Não é que...ah, Sam, você caiu do céu pra mim!
Samantha: Sim, eu sei que sou um anjo.
Dulce: Sério, Sam! Preciso que me faça um favor. Eu conheço uma pessoa aí que vai fazer aniversário e...
Samantha: Uma pessoa? Dulce Maria conhecendo uma pessoa fora do país que não seja sua irmã ou eu? Milagre! Por falar nisso, vou fazer uma visita para a sua irmã, faz tempo que não a vejo. Enfim, é um homem?
Dulce: Samantha, concentre-se, você está me deixando louca com tanto assunto ao mesmo tempo! E sim, é um homem. E sim, é tudo que você pode estar pensando.
Samantha: Meu Deus! Vocês estão namorando? Como se conheceram? E o que eu posso fazer por você?
Dulce: Calma. Deixa eu te contar nossa história. Você não vai nem acreditar...

--*

No dia vinte e um de outubro, em um sábado, acordei com minha irmã e meus sobrinhos subindo em cima da minha cama. Ela estava com um bolo de chocolate em suas mãos e uma velinha de vinte e oito anos encima do bolo. É...eu estava ficando velho.

Anahí: Parabéns, irmãozinho. Assopre as velinhas e faça um pedido! Hoje é o seu grande dia!
Christopher: Any, eu acabei de acordar.
Anahí: E daí? Anda, comer chocolate no café-da-manhã não vai matar ninguém.
David: Feliz aniversário, tio Christopher!
Miguel: Compramos um presente, olha aqui!

Miguei estendeu os braços e colocou em cima da minha cama um embrulho retamgular.

Anahí: Esperem meninos, deixa ele assoprar as velas primeiro! Ande, Christopher!

Eu assoprei as velas e fiz o pedido, como minha irmã falou. E claro, o pedido foi para que tudo entre Dulce e eu desse certo.

David: Agora abra o presente, tio!
Miguel: Fomos nós que escolhermos.
Christopher: Ok, vamos ver.

Abri o embrulho de uma só vez e me surpreendi ao ver a coleção de Dvd`s do filme "O Poderoso Chefão".

Miguel: E aí, tio? Gostou?
Christopher: Uau, eu amei! Estava querendo mesmo comprar!
David: Mamãe queria te dar o box de Lost, mas nós achamos que você ia gostar mais desse!
Christopher: E gostei mesmo, muito obrigado! Agora me esperem na sala que o tio vai tomar banho.
Anahi: Mas e o bolo?
Christopher: É só um banho rápido, vá cortando lá na sala que eu estou com fome.

E então me levantei, entrando debaixo do chuveiro. Enquanto a água caía pela minha cabeça, não podia deixar de pensar no que Dulce ia me dar de aniversário. Estava esperando sua ligação e queria mais do que tudo ouvir a voz dela hoje.
Terminei meu banho e fui até a sala, para comemorar meu aniversário ao lado de minha irmã e meus sobrinhos, que estavam quase mais felizes do que eu.

Christopher: Nem me esperaram pra comer o bolo, apressados!

Meu sobrinho riu com a boca cheia e recebeu um olhar repreensivo de Anahí.

David: A gente estava com fome e não pudemos esperar, tio.
Miguel: É. Você demorou muito...

Eu apenas sorri e sentei na mesa junto com eles, para finalmente aproveitar aquele café-da-manhã diferente. Com certeza não é todo mundo que tem a honra de comer um delicioso bolo de chocolate logo pela manhã.
Estávamos rindo e conversando animadamente, quando a campainha tocou. Pensei em sair da mesa para atender, mas Anahí me parou.

Anahí: Deixa que eu atendo.

Apenas concordei, e continuei a conversar com meus sobrinhos sobre suas aventuras na escola. Eles falavam rápido e às vezes era difícil acompanhar. Mas também era divertido.

Anahí: Chris, tem uma moça que quer falar com você...

Franzi a testa. Quem poderia querer me ver naquela hora? O dia mal havia começado! Levantei da mesa, e fui até a sala para me deparar com a figura de uma mulher loira e magra. Era estranha pra mim. Jamais tinha visto ela antes.

Christopher: Oi, posso ajudar?

A mulher estava prestando atenção dos porta-retratos da estante, e só quando falei pareceu notar minha presença. Olhei para ela com cara de dúvida e ela logo se apresentou.

Samantha: Olá, eu sou Samantha.

Continuei parado olhando para ela.

Samantha: É, nós não nos conhecemos, eu sei. Mas vim aqui a pedido de uma amiga.
Christopher: Amiga?
Samantha: Isso mesmo. A Dulce pediu para que eu trouxesse...
Christopher: Espera! Você e a Dulce se conhecem?

Ou aquela mulher era uma louca, ou estava falando sério.

Samantha: Um pouco. Acho que só... Desde que nascemos.
Christopher: Ah, então você a conhece muito bem. Não é?
Samantha: É... Até demais.

Ela ficou calada apenas me observando de cima a baixo e fiquei envergonhado.

Christopher: Bom, entre, pode sentar-se.
Samantha: Ah, claro, obrigada.

A loira entrou em casa olhando para todos os lados. Mandei meus sobrinhos irem comer no quarto e me sentei com ela na mesa, enquanto Anahí lavava a louça.

Christopher: Any, essa é uma amiga de Dulce.
Anahí: Ah, olá! Muito prazer, eu sou a irmã de Christopher.
Samatha: O prazer é todo meu.
Anahí: Vou deixar vocês sozinhos, aposto que têm muito o que conversar. Com licença.

Anahí também saiu da cozinha e ficamos só nós dois ali.

Samantha: Dulce não mentiu em nada. E eu que dizia que ela tinha uma péssima sorte pra homens!
Christopher: Péssima sorte?
Samantha: É. Desde que ela beijou o horroroso do Victor no segundo ano, pensei que ela era um caso perdido.

Comecei a rir, vendo que ela era divertida e conhecia Dulce melhor do que ninguém. Sorte minha.

Samantha: O cara beijava mal e ainda babava... Coitada! Mas então, aqui está você... Christopher.
Christopher: É, sou eu.
Samantha: Vocês "namoram" pelo telefone! Fiquei muito feliz quando soube... Meu Deus, quem diria que a Dulce iria gostar de alguém que ela nunca viu? Pelo jeito, você transformou mesmo a cabeça da minha amiga!
Christopher: Ela também me transformou um pouco...

Nós rimos, e então reparei um pacote vermelho nas mãos de Samantha.

Christopher: Isso é pra mim?

Apontei para o pacote, meio sem graça.

Samantha: Ah, eu já ia esquecendo! Dulce mandou pra você!

Sorri feliz por Dulce ter lembrado de meu aniversário. Peguei o pacote e abri rapidamente, rasgando o papel que abrigava o presente.

Christopher: Oh, meu Deus!

Era um ursinho de pelúcia. Ou melhor dizendo, uma ursinha. Usava um vestido florido e era super parecida com o urso que eu havia presenteado-a no dia em que não pudemos nos encontrar.

Samantha: Ela mandou dizer que a ursa e o ursinho que você deu a ela são namorados. E um dia também vão se encontrar.

Eu sorri, encarando aquela pelúcia mais uma vez. Havia sido uma ótima idéia da parte dela e já estava até pensando no que diria quando ela me ligasse mais tarde.
Olhei atentamente para Samantha e fiquei feliz em saber que Dulce tinha uma amiga tão especial. Às vezes pensava que Dulce era uma pessoa muito sozinha e era reconfortante saber que ela tinha alguém além da irmã.

Christopher: Obrigado. De verdade, por tudo o que fez.
Samantha: Imagina. Foi um prazer vir até aqui conhecer o homem que roubou o coração da minha amiga.
Christopher: Você acha que eu consegui isso mesmo estando do outro lado do oceano?
Samantha: Mas é claro! Acredite, eu conheço minha amiga o bastante para lhe informar que ela está completamente apaixonada. E não conte isso para ela. Tenho certeza de que irá ficar morrendo de vergonha e me matará se souber que eu andei falando essas coisas.
Christopher: Não se preocupe, não vou contar. Por que não me fala mais coisas dela? Apesar de nos falarmos todos os dias, sinto que ainda não a conheço inteiramente.
Samantha: Olha que eu tenho muitas histórias daquela ruivinha para contar!
Christopher: E eu estou disposto a ouvir todas...

--*

Havia acordado mais tarde do que de costume naquele dia. Andava trabalhando demais e sempre perdia a hora, ainda mais que meu relógio parecia fazer o favor de conspirar contra mim. Acho que já estava mais do que na hora de jogar essa porcaria fora.
Era quase uma hora da tarde quando eu peguei no telefone para ligar para Christopher, isso porque nem tinha escovado os dentes ainda. Na cama mesmo, eu peguei o aparelho e disquei seu número. Esperava que Sam já tivesse feito a entrega, pois eu queria sentir sua reação.

Christopher: Alô?
Dulce: Sei que devo ser a última a ter te dado parabéns hoje, mas compreenda que eu trabalho demais e moro longe demais. Mas de qualquer forma, feliz aniversário.

Ele ficou quieto por alguns segundos e senti medo que ele tivesse chateado por eu ter ligado tão tarde. Afinal, já devia ser quase 7 da noite lá.

Dulce: Christopher? Está tudo bem?
Christopher: Sim. Meu aniversário acabou de ficar perfeito porque eu ouvi sua voz. Muito obrigado por ter ligado.

Eu mordi os lábios, enquanto meu peito se enchia de alegria ao escutar aquilo.

Dulce: E por acaso achou que eu não ia ligar? Sei que demorei, mas meu estúpido despertador atrapalhou os planos de novo.
Christopher: Acho que quando você vier para cá a primeira coisa que te darei é um despertador novo.
Dulce: Eu irei agradecer. E como passou o dia?
Christopher: Foi tudo ótimo. Comi bolo de chocolate no café da manhã e ainda ganhei o box da seqüência de um dos meus filmes favoritos. Mas o que mais me agradou foi a Maria, que está louca para ver a outra metade dela.
Dulce: Maria?
Christopher: Sim, uma certa ursinha branca que parece bastante com um ursinho que eu te dei.

Só então eu entendi a que ele se referia e caí na gargalhada por causa do nome que ele tinha colocado na pelúcia.

Dulce: Tinha outro nome melhor para colocar não, é?
Christopher: O que tem? Ela me lembra você.
Dulce: Já que é assim, o meu vai se chamar Uckermann.
Christopher: E ainda não se chama? Fiquei ofendido agora!
Dulce: Não seja besta! Hey, minha amiga foi legal contigo?
Christopher: Sim, ela é fantástica. Qualquer dia desses eu também quero conhecer o Victor.

Quando eu ouvi aquele nome imediatamente senti meu rosto corar, mesmo não tendo ninguém ali. Sim, eu estava morrendo de vergonha...sozinha.

Dulce: Sério, eu vou matar Samantha!
Christopher: Por que? A sua história de vida é bem hilária, foi um bom entretenimento ouvi-la falar!
Dulce: Meu Deus, será que ninguém faz mais nada certo nesse mundo? Eu só pedi para ela entregar o meu presente e de brinde você recebe toda a história drástica da minha vida.
Christopher: Não seja exagerada. Eu adorei o brinde.
Dulce: Claro, não foi você que passou por isso.
Christopher: O que? Acha que é a única pessoa no mundo que deu o primeiro beijo em alguém errado?
Dulce: Não, mas não quero me lembrar disso, por Deus!
Christopher: Prometo que quando você vier aqui eu vou apagar a lembrança de todos os beijos terríveis que você já deu.
Dulce: Ui, se garante tanto assim é?
Christopher: Cem por cento.

Eu abracei minha almofada pela ansiedade que estava por esse tão sonhado encontro. Ele seria perfeito, eu sabia disso. Porque só de ver o rosto do homem que eu amava ao vivo pela primeira vez, tornaria tudo na minha vida mais perfeito. E eu mal podia esperar.

--*

Esperar era realmente algo complicado. Nunca fui uma pessoa impaciente, mas agora entendia o porque de tanta agonia na espera de algo que se anseia muito. Eu estava louco por vê-la. E só tinha passado um mês ainda desde o meu aniversário.
Parece que quando esperamos muito por algo, o tempo pára de correr. Qualquer que seja essa força da natureza irritante que torna tudo mais lento, era sem dúvidas algo angustiante.
Dulce viria em dezembro e dia vinte e dois de novembro estava a ponto de terminar. Pelo menos aqui, na Espanha. Ela ainda não tinha me dito a data certa de sua chegada, mas só o fato do próximo mês estar mais perto me deixava aliviado.
Esperei até duas da manhã para que ela me ligasse, como fazia todos os dias. Mas ela não o fez. Fiquei um pouco preocupado, pois nos últimos meses nós já tínhamos horários certos para nos falarmos e nunca perdemos um dia. Hesitei antes de discar seu número, pensando que talvez eu a tivesse sufocando demais, ouvindo minha voz todos os dias ela podia ficar cansada. Mas que fosse ao inferno toda essa paranóia, se Dulce estivesse de saco cheio de tudo ela que me dissesse!
Assim que atendeu ao telefone, notei que havia algo de errado. Dulce não estava bem e eu a conhecia o bastante para saber do seu estado de humor no primeiro "alô".

Christopher: Está acontecendo alguma coisa?
Dulce: Não...

Sua voz saiu tão baixinha que logo eu notei que ela esteve chorando. Dulce não podia me enganar mais.

Christopher: Não acredito em você. Por que não me ligou?
Dulce: Perdão, é que hoje eu estou de TPM.
Christopher: Já nos falamos antes quando você estava de TPM e nunca foi motivo para nada. Está enjoada de mim?
Dulce: O que? Não! Mas é claro que não! É que não queria te encher com meus surtos bobos...ainda tomei uma taça de vinho quando cheguei em casa para tentar melhorar, mas acabou surtindo o efeito contrário. Por isso não te liguei...Nunca dá certo falar contigo quando estou muito sensível. Acabo falando coisas melosas demais.
Christopher: E qual o problema? Eu gosto de ouvi-las.
Dulce: Mas eu não gosto de falar. Me sinto estúpida.
Christopher: Tudo bem, eu respeito isso. Quer que eu desligue ou...
Dulce: Não! Deixa, ouvir sua voz de certa forma já me fez sentir melhor. Obrigada por isso...Por sempre salvar meu dia.
Christopher: Não tem o que agradecer, ruiva...sabe que eu sempre vou estar aqui.

Ela se calou por um instante e logo escutei um baixo gemido, como se tivesse voltado a chorar. Esses momentos de tristeza são os que mais doem quando duas pessoas que se amam estão longe...Porque querer abraçar, confortar alguém e não poder, sentindo essa sensação de impotência dentro de si, poderia ser um dos piores sentimentos do mundo...

--*