Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

Ele era real. Por mais estranho que parecesse, somente agora havia caído a ficha, somente agora eu puder acordar finalmente do sonho de longos meses e torná-lo realidade.
Christopher se aproximava e o beijo tão prometido estava prestes a acontecer. Nem na minha mais profunda imaginação o sorriso dele poderia ser tão perfeito. Nem em toda a minha vida eu poderia pensar que me sentiria alguma vez assim por causa de alguém. E agora eu sentia. E agora todos os meus anseios de criança, adolescente e adulta, que nunca haviam passado, estavam aqui na minha frente. Ainda era difícil de acreditar que estava vivendo isso agora, de que realmente estava acordada e que poderia me beliscar mil vezes sem que eu acordasse. E quando ele parou à minha frente até acreditar nisso ficou mais fácil. É, eu estava vivendo o momento mais perfeito da minha vida. Mas nada disso se comparou ao momento que veio em seguida.
Apesar de termos combinado isso há meses, aquele negócio de não falarmos nada e de apenas nos beijarmos, tinha saído mais espontâneo do que o esperado. Eu realmente não falava nada porque não conseguia, a voz foi parar em algum lugar do meu corpo que eu não pude distinguir. O coração devia ter ido para o mesmo lado, pois eu nem lembrava mais que tinha um batendo no meu peito. Não que ele não estivesse pulsando rapidamente, muito pelo contrário! Ele poderia mesmo rasgar meu peito naquele momento, se isso fosse possível. Mas eu estava tão focada em seus olhos, em seu sorriso e em toda a sua pessoa que esqueci até mesmo que existia. O barulho ao redor desvaneceu-se e eu realmente pude escutar cada passo que ele dera até a mim.
Suas mãos levemente frias seguraram meu rosto e instantaneamente fechei meus olhos. Senti seu toque, senti sua pele e toda a textura da mesma. Os meus pêlos se arrepiaram, meus lábios tremeram de leve e, como que por instinto, eu me segurei em seus braços, tocando-o de verdade pela primeira vez. E eu sentia que estava tocando o paraíso.
Mas me senti inteiramente completa, pela primeira vez em toda minha vida, quando finalmente seus lábios tocaram os meus. Podia soar um pouco clichê, mas eles realmente se encaixavam perfeitamente com os meus e apenas com o encontro dos dois meu corpo todo reagiu a isso. Apertei seus braços com meus pequenos dedos, tentando me manter de pé, pois se não tivesse apoio realmente poderia cair. Eu já estava caindo de amor e minhas pernas tremiam mais do que quando eu vi um palhaço no circo pela primeira vez. Só que a tremedeira dessa vez era muito diferente, claro.
Não devia pensar em nada naquele momento, apenas deveria me concentrar na sensação que a sua língua, deslizando sutilmente por entre meus lábios, causava até na minha menor célula, mas não consegui. Apesar de estar correspondendo o beijo e gravando para sempre na memória aquele momento, eu só conseguia pensar em como não havia mais nada entre os dois, em como não havia mais oceanos extensos e nem linhas telefônicas que iam de um continente a outro. Não haviam mais celulares tocando, não haviam mais telefones ali. Éramos apenas eu e ele, sem qualquer barreira, sem nada mais impedindo. Agora, ao invés de algo entre nós, havia uma ponte - literalmente - que ligava os dois mais do que qualquer linha telefônica. Agora estávamos juntos. E eu esperava que fosse para sempre.
Com esse pensamento emotivo rondando minha cabeça, a primeira lágrima rolou pelo meu rosto, tocando os lábios de ambos, que se entretinham e aproveitavam ao máximo o fato de se encontrarem pela primeira vez. Ele com certeza sentiu a pequena gotícula entre nós, pois se afastou um pouco e olhou meus olhos cheios de lágrimas, franzindo o cenho, como se estivesse confuso com a minha reação. E foi então que eu vi que era a oportunidade para dizer o que estava engasgado há muito tempo em minha garganta.

Dulce: Eu te amo...

--*

Poderia ficar mais um tempo beijando-a, aliás, poderia ficar ali a minha vida toda que jamais iria cansar. Dulce tinha um sabor especial, que me fez ficar ainda mais enfeitiçado e apaixonado por aquela mulher, que agora eu não deixaria mais escapar do meu lado. Não sabia ainda como ia fazer, só tinha a plena certeza de que nós dois fomos feitos para ficarmos juntos e essa história de continentes diferentes não ia mais dar certo.
Sentindo sua lágrima levemente salgada se encontrar com nossos lábios, eu me desvencilhei, perguntando-me o que estaria acontecendo. E foi quando eu ouvi de sua boca a frase mais perfeita e melodiosa que poderia sair dela.
Encostei minha testa na sua e sorri, sentindo vontade de chorar também. Para os insensíveis que nunca amaram ninguém isso podia estar parecendo um típico dramalhão mexicano, mas para aqueles que sabem qual é a sensação de se realizar um sonho, é completamente compreensível. E Dulce era o meu mais belo sonho realizado e materializado à minha frente.

Christopher: Não sabe por quanto tempo esperei ouvir isso de você. E eu também te amo, ruiva.

Abracei seu corpo entre meus braços com muita vontade. Senti mais duas lágrimas de Dulce tocarem meu pescoço e sorri, me afastando novamente e tocando seu rosto. Não queria tirar minhas mãos de qualquer parte de seu corpo, pois tinha medo que ela desaparecesse da minha frente caso eu me afastasse só um pouco.

Christopher: Por que está chorando? Pensei que esse momento seria só de felicidade entre nós. Não imaginei lágrimas nele.
Dulce: Você está lidando com alguém muito emotiva e melodramática e sabe disso!
Christopher: Claro que eu sei! E até isso eu amo em você!

Não me contive e a beijei mais uma, duas, três, quatro vezes, até que ela começou a rir de receber tantos beijos meus.

Christopher: Eu juro que não sou tão grudento assim! É sério, sempre reclamaram que eu nem ligava muito com quem eu estava. E desculpa se estou passando dos limites, mas Deus! Esse frio na barriga não passa de jeito nenhum e parece que você vai embora daqui a alguns segundos!
Dulce: Eu não vou a lugar nenhum. Pelo menor durante um mês. Você tem trinta dias para me agüentar, Christopher.
Christopher: E depois? O que vai ser da gente? Voltaremos a namorar à distância, sem nos tocar nem nada?

Ela revirou os olhos, como se aquele assunto a incomodasse. E eu sabia que sim.

Dulce: Não vamos falar nisso. Vamos aproveitar minha estadia aqui, Christopher. Depois a gente vê o que faz.

Resolvi concordar, pois não queria brigar já no primeiro dia em que a gente se vê. Abracei sua cintura e pus meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo o doce aroma de jasmim que vinha de seu cabelo vermelho. Seus braços envolveram meu pescoço também e ficamos um tempo ali, ignorando todas as pessoas que desfilavam por aquela ponte, apenas aproveitando a presença um do outro.
Após alguns minutos em silêncio, Dulce sussurrou em meu ouvido.

Dulce: Pra onde vamos agora?

Ainda com o rosto na mesma posição, pensei um pouco, imaginando o primeiro lugar onde a queria levar. E não demorei muito em lhe dar a resposta.

Christopher: Para a minha casa. Quero que conheça a minha família! Quer vir?

--*

Eu estava tão extasiada naquele momento que até se ele me oferecesse pra ir pra debaixo de algum viaduto sujo eu iria. O importante agora era estar com Christopher, em qualquer lugar, em qualquer hora.

Dulce: Claro que eu aceito! Quero ver como são seus sobrinhos e sua irmã.
Christopher: Any vai te adorar! E olha que é quase impossível ela gostar das pessoas, mas é mais impossível ainda ela não gostar de você.
Dulce: Espero. Conhecer família me deixa nervosa.
Christopher: Não fique. Você está comigo.
Dulce: Sim, eu estou contigo... E ainda mal posso acreditar! Só eu estou com essa impressão louca de que vamos acordar nos próximos segundos e ver que isso não passou de um sonho perfeito?
Christopher: Bom, se foi um sonho então este com certeza será o mais perfeito de toda a minha vida. E o melhor desse sonho é que ele é completamente realidade... Ou eu preciso te beliscar para que possa acreditar?
Dulce: Não, pode deixar que estou bem.
Christopher: Vamos então? Meu carro está aqui perto.
Dulce: Dirija devagar, por favor. Não quero sofrer um acidente no melhor dia da minha vida.

Ele jogou a cabeça pra trás, rindo do que eu havia acabado de falar.

Christopher: Se eu não morri ao vir pra cá, não morro mais, acredite em mim.

Seu braço rodeou minha cintura e eu instintivamente pus minha cabeça em seu peito enquanto andávamos em direção ao carro. Seu cheiro, a textura de sua pele e sua leve respiração pareciam ter vindo diretamente do paraíso. E, na verdade, já me sentia nele.

--*

Dulce estava nervosa em conhecer minha irmã, mas eu sabia que tudo iria correr bem. Era impossível alguém não gostar de Dulce e Anahí nem era tão chata assim. Ainda mais sabendo do meu amor por essa mulher, estava seguro de que tudo ia dar mais do que certo.
Ao chegarmos em minha casa, Dulce apertou minha mão, temerosa. Abri a porta e chamei por Any e meus sobrinhos, que logo vieram em direção à sala para conhecer Dulce.

Christopher: Olá gente! Cheguei vivo.
Anahí: Que alívio! Do jeito que saiu daqui pensei que ia morrer no meio do caminho!
Christopher: Não, isso não podia acontecer agora. Precisava conhecer a mulher da minha vida e a conheci. Quero apresentar a todos vocês, Dulce Maria... O melhor engano da minha vida.

Notei que suas bochechas coraram e achei aquilo mais gracioso ainda.
Any deu um passo à frente e segurou nas mãos de Dulce, olhando fundo em seus olhos.

Anahí: Me responda com toda a sinceridade do mundo: o que você sente pelo meu irmão?

Balancei negativamente a cabeça, vendo que Anahí já estava começando a constranger Dulce.

Dulce: Eu sinto o mesmo que ele sente por mim... Sinto que ele é o homem da minha vida e que encontrei finalmente a pessoa certa pra mim.

Anahí demorou mais uns segundos para dizer algo e em seguida abraçou Dulce com força, assustando-a um pouco.

Anahí: Vi bastante sinceridade em seus olhos e amo quem ama verdadeiramente meu irmão. Seja bem-vinda à família.
Dulce: Muito obrigada!

Ver as duas mulheres que eu mais amava na vida se abraçando definitivamente havia sido algo fantástico para mim. Minha felicidade agora estava completa... Eu não poderia pedir por mais.

--*

Surpreendi-me com o caloroso abraço de sua irmã. Christopher já havia me falado várias vezes o quanto ela podia ser chata com pessoas desconhecidas mas, tirando a primeira pergunta que havia me deixado nervosa, Anahí havia sido um amor de pessoa comigo. Ela segurou em meus cabelos e disse que havia adorado o tom de vermelho e foi bastante simpática. Logo depois conheci David e Miguel, que eram garotinhos encantadores!

Miguel: Você vai morar aqui com a gente?
Dulce: Não, por enquanto não! Eu e seu tio estamos ainda começando nosso relacionamento, apesar de já nos conhecermos bem.
Christopher: Por mim você começaria a morar comigo hoje!

Dei um tapa em seu peito, sentido-me um pouco constrangida com aquelas declarações perto de sua família.
Anahí me chamou para almoçar e eu aceitei, pois já me sentia confortável ali.
Conversamos sobre várias coisas e com o passar do tempo nos minutos vimos que tínhamos mais coisas em comum do que poderíamos imaginar! Christopher quase não falou durante a conversa, apenas ficou olhando nós duas falando o tempo todo, com uma adorável cara de bobo.
Meu celular tocou de repente e eu tive de interromper o papo, vendo que era minha irmã quem estava ligando.

Dulce: Olá Bianca! Que pasa?
Bianca: Que pasa é que estou morrendo de saudades! Dul, eu fiquei um tempão longe de você e quando finalmente vem pra Espanha só quer ficar com seu espanhol favorito? Entendo que você esteja apaixonada, mas eu sou sua irmã, poxa... E essa gravidez está me deixando muito sensível!

Não pude deixar de rir, vendo que minha irmã estava fazendo drama outra vez.

Dulce: Ah, minha linda, você sabe que eu te amo! E que passei toda a minha vida contigo e se Deus quiser passaremos muito mais tempo juntas! Eu só quero curtir um pouquinho Christopher e a família maravilhosa dele que eu conheci hoje!
Bianca: Eu sei, mas a família que você tem aqui também é maravilhosa! E seu sobrinho está se revirando toda hora aqui dentro da barriga, com saudades da tia!
Dulce: Bianca, você é impossível, consegue derreter meu frágil coração! Ok, vou ficar apenas mais uma horinha aqui e já vou pra casa, ok?
Bianca: Muito obrigada! Quer que Mariano te pegue aí?
Dulce: Não, não precisa, Christopher me leva. Aí é mais tempo que eu posso passar com ele.
Bianca: Meu Deus, vocês não se desgrudam! Eu tive uma idéia... Passe o telefone para a irmã dele, quero falar com ela!
Dulce: Mas você nunca falou com Anahí em sua vida!
Bianca: Bom, pra tudo tem uma primeira vez, não é? Ande, passe logo, não estresse uma grávida!

Resolvi não contestá-la mais e entreguei o celular para Anahí,vendo a loira arregalar os olhos e falar com a minha irmã logo em seguida.

Christopher: O que sua irmã quer falar com a minha?

Christopher colocou sua mão sobre a minha sobre o sofá do qual estávamos sentados lado a lado. Eu sorri e fiquei brincando com seus dedos, enquanto respondia...

Dulce: Não faço idéia! Bianca está tendo um ataque de loucura, quis falar do nada com Anahí. Só espero que daí saia coisa boa.

Assim que terminei a frase Anahí soltou uma gargalhada, surpreendendo aos dois.

Anahí: Claro, claro. Vou passar pra ela... Prazer em conhecer-lhe! Até o Natal!

Anahí me entregou o celular e eu fiquei pensativa em relação à sua última frase.

Dulce: O que você está aprontando, Bianca?
Bianca: Só quero passar o Natal ao lado de uma irmã feliz sem que ela queira estar em outro lugar no ápice da noite! Convidei todos eles aí pra virem passar o Natal aqui... O que achou? Anahí já aceitou e tenho certeza de que Christopher também não vai ter qualquer objeção!

Meus olhos se encheram de lágrimas, imaginando que esse seria o Natal mais perfeito de minha vida.

Dulce: Não creio que fez isso por mim!
Bianca: Não, eu não fiz, fiz por mim mesma, pra ter minha irmã comigo. E a única forma de te ter é trazer Christopher pra perto de mim, senão nunca mais te vejo na vida.
Dulce: Ai, não seja exagerada Bianca!
Bianca: Exagerada nada, é que você não está sentindo a rejeição em sua própria pele!
Dulce: Ok, ok, chega né? Já estou indo pra casa, menos drama, please.
Bianca: Acho bom! Estou te esperando, beijos!

E ela desligou o telefone, sem nem me dar tempo de despedir.

Anahí: Você concorda com a idéia de sua irmã, Dulce? Pra mim vai ser ótimo passar o Natal em um lugar diferente, as crianças também vão adorar!
Christopher: Bianca nos convidou para passar o Natal na casa de vocês, foi isso mesmo que entendi?
Dulce: Foi sim... Você quer? Foi a maneira que ela encontrou de não me tirar de perto de você e nem ficar longe de mim também.
Christopher: Eu acho uma idéia perfeita! David e Miguel também vão adorar.

Christopher abraçou todo o meu corpo, me dando um beijo no rosto e sussurrando logo em seguida...

Christopher: Esse vai ser o melhor Natal de nossas vidas.
Dulce: Sim...Eu sei que vai.

--*