Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

Eu estava nervoso por passar o natal com Dulce e sua irmã, mas ao mesmo tempo feliz. Não acreditava que finalmente eu estava ao seu lado depois de tantos telefonemas e um desencontro.

Anahí: Pare de andar de um lado para o outro, Christopher! Está me deixando tonta!
Christopher: Eu estou um pouco nervoso.

Na verdade eu estava muito, muito nervoso.

Anahí: Vou passar perfume em você e vamos para a casa de Dulce. Está quase na hora que combinamos.
Christopher: Eu sei passar perfume.
Anahí: Como da vez que foi encontrar com ela? Colocou o vidro todo em você!

Após colocar um pouco de perfume em mim, eu, Anahí e meus sobrinhos nos dirigimos para a casa de Dulce.

Miguel: Está esquecendo os presentes no porta-malas , tio!
David: O tio está nervoso Miguel, não sei como conseguiu chegar até aqui.
Christopher: Muito engraçados vocês dois.

A casa de Bianca estava toda decorada com piscas-piscas e enfeites natalinos... Estava muito linda, assim como a noite estrelada. Tocamos o interfone e Dulce abriu o portão para que nós entrássemos.

Anahí e meus sobrinhos foram cumprimentar Bianca e marido enquanto Dulce me recebia com um doce e delicado beijo.

Dulce: Feliz natal, amor!
Christopher: Será o melhor de todos, estar aqui com você e ainda passando essa data tão especial contigo é o que eu mais queria.
Dulce: Você não existe!

Nos beijamos mais uma vez e entramos na casa de sua irmã abraçados. Cumprimentei a todos e logo coloquei o presente de todos debaixo da árvore de natal. Bianca estava com uma enorme barriga e a todo o momento Mariano tocava em sua barriga. Observando essa cena pensei em um futuro: Dulce grávida e linda como sempre foi e eu um pai babão.
A felicidade seria ainda mais completa, se é que é possível. Meus sobrinhos gostaram bastante da casa e dos aperitivos também.
Anahí e Bianca conversavam animadamente enquanto eu seguia sempre ao lado de Dulce.

Dulce: Nossas irmãs se deram bem, Chris.
Christopher: E como. Não param de conversar.
David: Quando vamos abrir os presentes, tio?
Christopher: Natal não é só presente não, David.

Ele riu cruzando os braços.

Dulce: Mas é uma das melhores partes. Só não digo hoje que é a melhor, porque esta é você estar ao meu lado!
Christopher: Você não sabe como eu fico feliz em escutar isso.
David: Eu ainda estou aqui!

David disse, arrancando gargalhadas de Dulce

Miguel: Eu também quero abrir os presentes tio!
Christopher: Só após a ceia, meninos. Logo chega, sim?!

Dito isso eles voltaram para o sofá e volta e meia iam à mesa pegar algum aperitivo ou beber refrigerante.

Christopher: Sua irmã está com um barrigão.
Dulce: Sim e está linda.
Christopher: Não tanto como você.

Aproximei-me ainda mais dela colando nossos corpos e logo nossos lábios. Era um sonho sendo realizado. Bom, quem sabe não seja verdade quando dizem que o natal é mesmo mágico? Dulce, a mulher da minha vida em meus braços, finalmente. Não tinha como eu estar feliz e nada poderia estragar essa noite tão especial.

Anahí: Casal melação, podemos fazer a ceia?

Dulce sorriu sem graça e fomos para a mesa de mãos dadas sentando um ao lado do outro.

Miguel: Depois vamos poder abrir os presentes?
Anahí: Vão sim meus amores.

Todos riram da ansiedade de David e Miguel para abrirem os presentes. A comida estava muito gostosa: Pernil com batata sotê e farofa ao seu redor, rabanada e um arroz com várias coisas deliciosas, sem contar alguns outros aperitivos que eu não sabia dizer os nomes.

A conversa fluiu de uma forma incrível entre todos, até meus sobrinhos conversavam conosco arrancando gargalhadas de todos. Os dois eram uma figura! E ainda tinham os comentários de Anahí. Para completar Bianca e Mariano contentes pelo bebê a caminho e, claro, Dulce! Às vezes falávamos baixo para que só nós dois entendêssemos, além de selinhos e trocas de olhares intensos.

Dulce: Eu amo você.
Christopher: Não como eu amo você.

Pronunciamos tais palavras absurdamente baixas e em seguida encarei-a com paixão. Dulce era o que eu sempre busquei em uma mulher e fui encontrá-la do outro lado do continente. A vida era mesmo cheia de surpresas.

David: Oba, hora dos presentes!

David falou mais alto sorrindo verdadeiramente indo em direção à árvore de natal dali. Ela estava com muitos piscas-piscas e continha muitos enfeites e ainda possuía uma estrela dourada em sua ponta.

Eu comprei presente para todos, assim como Anahí, Dulce e Bianca. Miguel e David pareciam mais felizes do que nos outros natais, talvez por terem ganhado três presentes a mais. Abriram apressadamente e logo começaram a brincar com os brinquedos por toda a casa. Bianca adorou o presente, assim como Mariano e, além disso, eu e Anahí demos uma roupinha de bebê a eles que sorriram encantados ao vê-la.
A felicidade reinava ali e eu respirei fundo, sentindo plenamente toda aquela felicidade que eu não queria que acabasse nunca.

--*

Christopher me chamou num canto da casa e me abraçou, me dando vários beijinhos pelo rosto, me fazendo rir sem parar.

Dulce: Ai, Chris! Estamos no meio de crianças, se controle!
Christopher: Não posso, é algo mais forte que eu! Ainda mais sabendo que falta tão pouco para ir embora...
Dulce: Não vamos discutir esse assunto de novo. Você sabe que eu preciso voltar...
Christopher: E você sabe que tem um emprego garantido aqui. Estou segurando esse cargo para você e não sei por quanto tempo mais vou conseguir isso, preciso mesmo de uma secretária!
Dulce: Por favor... Não vamos falar disso agora, ok? Nosso Natal está perfeito e não quero estragar isso!
Christopher: Você tem razão... Temos tempo até janeiro, até lá eu sei que vou conseguir te convencer de que seu lugar é aqui em Madrid, ao meu lado.

Ele me deu mais um beijo apaixonado e em seguida meu celular tocou. Assustei-me um pouco, pois estava em família e não havia ninguém que pudesse me ligar, já que Sam havia ligado mais cedo para me desejar feliz natal.
Conheci o número no visor e vi que era do trabalho. Algo devia ter acontecido e sabia que não poderia ignorar a ligação.

Dulce: Só um minuto, Christopher. É do trabalho, preciso atender esse telefone. Vou na varanda e já volto.

Virei de costas para ele e atendi, enquanto corria para ficar sozinha na varanda.

Dulce: James? Aconteceu alguma coisa? Por que está me ligando tão tarde?
James: Fiquei sabendo que está em Madrid... É verdade?
Dulce: Sim, por quê?
James: Só pra avisar que você vai ter que voltar para recolher suas coisas. Está demitida!

Arregalei completamente os olhos, não acreditando que aquilo fosse verdade. A noticia tinha chegado na pior hora possível e eu sabia que seguramente havia alguma injustiça por trás disso tudo, já que eu sempre cumpri meu trabalho muito bem.

Dulce: E eu posso saber o motivo da minha demissão?
James: Uma fonte informou que você está saindo com o advogado do caso do plágio, do qual estamos sendo acusados. Infelizmente eu considero isso uma traição e não posso mais seguir trabalhando contigo.
Dulce: Espere! Não fala isso, James! Trabalho aí há anos e sabe que sou uma ótima funcionária! Não há jeito de reverter essa situação?

Ele ficou quieto durante um tempo até que eu ouvi sua voz outra vez.

James: Se vier amanhã mesmo pra cá, explicando todo o caso, talvez eu posso ver o seu lado. Mas já aviso que sua situação não é nada boa. E perdão por estar lhe dando uma notícia como essa no Natal, mas é que eu fiquei sabendo poucas horas atrás e tive que agir rápido.
Dulce: Então... se eu voltar amanhã mesmo, ainda tenho chances?
James: Se me vier com uma boa explicação... Preciso desligar, a decisão é sua. Estarei no escritório o dia inteiro, sabe onde me encontrar.
Dulce: Tudo bem. Amanhã estou aí então. Até.

Ele desligou o telefone e eu abaixei a cabeça, suspirando bem fundo. Essa, definitivamente, era a pior decisão que eu já tive que tomar em minha vida...

--*

Senti-me um pouco incomodado pelo fato de Dulce não ter atendido o telefone na minha frente. Por mais que fosse algo do trabalho, não via razões para ela se esconder assim e falar no telefone tão longe de todo mundo. Enquanto tomava um copo de vinho, ficava pensando que podia ser Roger para encher sua cabeça. E aquilo me deixava bastante irritado.

Anahí: O que foi, meu amor? Seu semblante mudou de repente.
Christopher: Incrível como você nota tão rápido minha mudança de comportamento.
Anahí: Sabe que eu te conheço como a palma da minha mão.
Christopher: Dulce foi atender a uma ligação do trabalho lá fora e eu não gostei disso.
Anahí: E qual o problema? Só porque se conheceram pessoalmente agora acha que são gêmeos siameses? Deixe a menina respirar, Christopher, desde que ela chegou aqui eu só vejo você sufocando-a com beijos e abraços exagerados a todo o tempo. Agora ela nem pode atender a um telefonema longe de você que já começa a surtar. Veja bem o que faz, meu irmão.
Christopher: Não acho que estou errado, apenas não via necessidade dela atender a esse telefonema longe de mim. Ainda mais que você sabe que o ex-namorado dela trabalha na mesma empresa. E se for ele?
Anahí: Ah, Christopher, não vou dar mais palpite, você que sabe. Se é pra ficar com essa cara, é melhor ir falar com ela logo e ver o que aconteceu. Eu vou colocar os meninos pra dormir, que já estão morrendo de sono. Se cuida.

Anahí me deu dois tapinhas nos ombros e saiu. Tomei mais um gole de vinho, olhando em direção à varanda e decidir ir até lá. Eu realmente precisava saber o que estava acontecendo ali.

--*

Sabia que Christopher não ia gostar de nada disso. Estava apreensiva e a última coisa que queria era uma briga com ele. Mas não havia escolha. Eu precisava voltar urgentemente, mesmo ele entendendo meu lado ou não.
Segui ali fora, olhando a noite estrelada, sem coragem de entrar e encará-lo. Ele já não queria que eu voltasse para o México para morar lá, quanto mais que eu voltasse antes em função do meu trabalho. Principalmente para tratar de minha demissão, que provavelmente era tudo que ele queria nesse momento.
Porém, mesmo eu tentando fugir, ele entrou na varanda e sentou-se ao meu lado no largo banco. Sabia que não podia mais me esquivar de seus olhos castanhos e havia de encará-los, para contar toda a verdade.

Christopher: Até quando pensava ficar aqui fora?
Dulce: Até criar coragem para lhe dizer o que eu tenho que dizer.
Christopher: É algo tão grave assim?

Christopher não me encarava e isso me deixava mais nervosa ainda. Ele olhava pra frente, em qualquer direção, com uma voz bastante séria. Provavelmente já sabia que não se tratava de algo bom.

Dulce: Tenho que voltar.

Disse de uma vez, antes que enrolasse mais ainda algo inadiável.
Christopher finalmente olhou para mim, mas quem virou a cara, incapaz de encará-lo, dessa vez fui eu.

Christopher: Imaginei que seria difícil lhe convencer a ficar aqui. Mas eu ainda tenho esperanças. Quando tem que voltar: dois ou três dias antes do esperado?
Dulce: Amanhã.
Christopher: O que??

Ele levantou-se num salto, me assustando um pouco com tal reação.

Christopher: Mas você prometeu que ficaria até janeiro!
Dulce: Eu sei, mas o que posso fazer? Eu fui demitida e tenho que voltar para saber o que aconteceu!
Christopher: Por que foi demitida?
Dulce: Eu não sei, exatamente por isso que eu tenho que voltar! Tenho que falar com James e tentar conseguir meu emprego de volta!

Menti, não querendo que ele soubesse a verdadeira causa da demissão.

Christopher: Emprego de volta? Mas você já tem seu emprego garantido aqui! Ou será que é tão ruim assim ficar perto de mim? Deve ser isso, não é? Viu que eu não era tão perfeito quanto no telefone e agora quer uma desculpa para me dispensar!

Abri a boca, porém não saiu qualquer palavra dela. Não podia acreditar que depois de todas as declarações de amor, depois de todos os momentos lindos que havíamos passado, ele teve coragem de dizer essas coisas.

Dulce: Não acredito nisso...
Christopher: Eu que não consigo acreditar que você vai fazer isso comigo.
Dulce: Fazer o que contigo?? Eu amo meu trabalho!
Christopher: Claro, um trabalho que te escraviza até não poder mais, que te deixa longe de sua adorada irmã e onde você nem tem amigos verdadeiros!! Não consigo entender o que você vê naquele lugar!
Dulce: Eles me pagam bem e eu já estou acostumada a trabalhar lá!
Christopher: Ah, entendi. Então é tudo sobre o dinheiro não? Vai largar tudo, família, amor e uma vida feliz aqui na Espanha por dinheiro! Obrigado por me mostrar tão tarde uma parte de você que eu não conhecia!

Suas palavras entravam como uma bala de metal, uma a uma, em meu coração. Já sentia o choro travar em minha garganta e não permiti que ele subisse mais.

Dulce: Agora sim você me ofendeu de verdade!

Foi tudo o que eu consegui dizer, antes de me segurar para não desabafar.

Christopher: Você me ofendeu muito mais a preferir estar longe de mim do que comigo.

O silêncio pairou entre nós. Eu não podia dizer mais qualquer letra do alfabeto sem que o choro vencesse a barreira que com tanta dificuldade estava lutando para erguer agora. Christopher apenas olhava para o chão, incapaz de me encarar e ficamos assim por alguns minutos, até que ele me olhou novamente.

Christopher: Tenho que ir embora. Sinto que se eu ficar aqui as coisas entre nós somente irão piorar.
Dulce: Ah, você acha que podem piorar?

Minha voz saíra embargada e as primeiras lágrimas já começavam a inundar meus olhos.

Christopher: Você quem vai me dar a resposta. Vá amanhã até minha casa e diga que irá ficar. Então resolveremos nossa situação. Feliz Natal.

Ele me deu as costas e saiu da varanda, batendo com força a porta.
Sentei-me no banco e cobri o rosto com as mãos, deixando que saísse todas as lágrimas que havia prendido durante a briga. Amava Christopher, de verdade, mas eu precisava voltar o quanto antes para tentar recuperar o trabalho que por tanto tempo tive. Entendia o seu lado, sua frustração, mas ele infelizmente não estava vendo a minha parte da história.
Talvez, no fim das contas, toda essa relação tenha sido apenas um engano.

Fim da Primeira Temporada.