Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

****: Você tem certeza de que vai agora?

Minha irmã me abraçava no aeroporto, com os olhos cheios de lágrimas, tentando me convencer a ficar mais uns dias.

Dulce: Eu tenho que ir, Bia. Você sabe que James só me deu 4 dias de recesso. Ele está muito ocupado agora que a empresa está no auge e precisa de mim.
Bianca: Mas ele te escraviza, Dul.
Dulce: Eu recebo muito bem pra isso. Enfim, deixe-me ir por que já deram a última chamada.

Minha irmã me abraçou pela milésima vez e eu tive que enxugar suas lágrimas.

Dulce: Não é pra tanto, Bia. Há telefone, internet, podemos nos comunicar perfeitamente bem.
Bianca: Mas eu vou sentir muito sua falta, irmãzinha.
Dulce: Eu também. Foi muito bom esses 4 dias que passei aqui.
Bianca: Promete voltar no natal?
Dulce: Claro! Terei um mês de férias então, posso ficar o tempo todo por aqui.
Bianca: Ótimo! Agora vá, porque não quero que se atrase mais por minha causa.

Eu dei um último beijo em minha irmã e peguei minhas malas, seguindo para o portão de embarque. O aeroporto estava intransitável, era gente para todo o lado. Eu comecei a correr mais ainda quando disseram que o avião já estava pronto para decolar. Estava andando tão rápido que até dei uma trombada forte num homem, fazendo-o derrubar sua mala...

Dulce: Oh, desculpe senhor! É que estou com muita pressa, meu avião já vai decolar. Mil desculpas.
***: Não há problema. Vá, antes que perca o seu avião.

Ele sorriu pra mim gentilmente e eu agradeci, saindo correndo que nem uma desesperada pelo aeroporto. Por sorte, consegui chegar no avião à tempo, havia sido a última a entrar. E então, o avião decolou em direção ao México e me levando de volta para a casa.

--*

****: Algum problema, meu amor?
Christopher: Não. Simplesmente esbarrei numa mulher desajeitada, mas nada demais, Any.
Anahí: Esse povo que não olha por onde anda...
Christopher: Ela estava com pressa, é totalmente compreensível. Onde estão Miguel e David?
Anahí: Foram ali na bomboniere comprar uns doces.
Christopher: Você não devia deixar seus filhos andando num aeroporto cheio, Any. Eles ainda são pequenos.
Anahí: Eles têm dez anos Christopher, já ta na hora de aprenderem a se virar sozinhos.
Christopher: Os filhos são teus, você que sabe. Vá buscar os garotos, vou colocar as malas no carro.

Nós estávamos voltando de uma mini-férias em Paris. Miguel e David queriam viajar e minha irmã e eu resolvemos atender esse pedido.
Any estava viúva há um ano e, desde que perdeu seu marido, veio morar comigo e trouxe meus sobrinhos também. E desde então, eu agia como um pai para eles.

Coloquei as malas no carro e esperei Any chegar com os meninos. Eu ri do nada, me lembrando da mulher atrapalhada em quem tinha esbarrado minutos atrás. Pela pressa que estava indo, devia estar realmente atrasada e desesperada para chegar ao avião.
Any voltou com Miguel e David cheios de bala na mão e eu passei a mão pela cabeça dos dois.

Christopher: Do jeito que vocês comem doce, vão ficar com cárie e vão engordar também.
David: Quem se importa, tio Christopher?
Miguel: O que importa é ser feliz, tio.
Christopher: Tudo bem, tudo bem. Entrem no carro, já está mais do que na hora de ir pra casa.

Os meninos entraram no carro, obedientes, e Any sentou-se ao meu lado, no banco do carona.

Any: Eu gosto de viajar, mas nada melhor do que a nossa casa.
Christopher: Fico feliz que você a considere sua também. Até pouco tempo, você a chamava de minha.
Any: Bom, eu não pretendo arranjar mais ninguém por agora. Já basta o que eu sofri com a morte de Rodrigo, prefiro dar um tempo para os homens. Nem que pra isso eu tenha que te perturbar.
Christopher: Você sabe que me ofende falando assim. Você e meus sobrinhos podem ficar o tempo que precisarem. Eu sou sozinho mesmo, vocês são uma ótima companhia.
Any: Não pensa em se casar, meu irmão? Já tens vinte e sete anos, não acha que está na hora de encontrar alguém?
Christopher: Não acho nenhuma mulher hoje em dia adequada para mim. São todas fúteis e superficiais, que não tem nada no cérebro. E eu preciso de alguém com o mesmo grau de inteligência.
Any: Uau! Sua esposa então vai ter que ser alguém como Albert Einstein?
Christopher: Digamos que sim...

Nós dois rimos e meus sobrinhos ficaram fazendo inúmeras perguntas, durante toda a viagem. Eu já me sentia verdadeiramente um pai para eles e estava bastante feliz em cuidar da minha irmã. Não precisava de uma mulher...pelo menos não agora.

--*

Cheguei em casa tropeçando em minhas próprias malas. Morava em um apartamento aconchegante da Cidade do México, perto da empresa onde eu trabalhava. Era a secretária de James Stwart, o vice-presidente da JS. Jeweller`s, uma famosa empresa de jóias daqui. Era um trabalho que ocupava todo o meu dia, mas me agradava bastante, além de ser muito bem remunerada.
Joguei as malas de qualquer jeito na sala e me esparramei no sofá. Minha irmã havia dito para que assim que chegasse, ligar pra ela. Mas eu estava muito cansada e resolvi tomar um banho quente primeiro.
Depois de uns vinte minutos que eu resolvi ligar pra ela. Mas por algum motivo, ficava dando ocupado toda hora. Liguei então para o seu celular e ela atendeu.

Dulce: Liguei pra avisar que cheguei bem e já estou em casa.
Bianca: Por que não ligou aqui pra casa?
Dulce: Eu tentei ligar, mas o seu telefone só dava ocupado.
Bianca: Eu moro sozinha Dul, não tem como estar ocupado, já que eu to no celular contigo. Peraí...você anotou o novo número?
Dulce: Eita, eu esqueci. Tava ligando pro antigo.
Bianca: Então é por isso. Deixa eu te passar de novo, pega caneta e papel aí.

Eu me sentei na mesa e peguei o que ela pediu.

Dulce: Pode falar.
Bianca: 501- 8978. Não esqueça do DDI. Do jeito que você é avoadinha.
Dulce: Pode deixar. E eu não sou avoadinha. Se fosse, não seria a secretária de uma empresa importante.
Bianca: Só no trabalho que você atenta, porque comigo...se eu não te segurar pelo braço é capaz de você se jogar na frente dos carros.
Dulce: Hahá, olha como eu to rindo, Bianca. Enfim, agora deixa eu arrumar as coisas pro trabalho amanhã.
Bianca: Credo Dul, curta seu último dia de férias.
Dulce: Não posso, o trabalho me chama. Dê um beijo em Mariano. E fala pra ele tratar muito bem minha irmã mais velha.
Bianca: Ele vai vir aqui amanhã cedo, então eu dou o recado. Me liga amanhã?
Dulce: Claro, pode deixar. Beijos maninha, te amo.
Bianca: Eu também.

E eu desliguei o telefone, guardando o papel do seu novo número dentro da agenda telefônica. Terminei de organizar alguns papéis para o dia seguinte e fui deitar bem cedo, para acordar bem disposta para o trabalho ao amanhecer.

--*

Chegamos em casa por volta das 8 da noite. Miguel e David já estavam dormindo no carro. Any e eu tivemos que pegar os dois no colo e colocá-los na cama, tirando os doces que ainda estavam em suas mãos.

Christopher: Eles foram dormir sem escovar os dentes. Esses meninos vão ficar com cárie.
Anahí: Deixe eles, Christopher. Amanhã eles escovam.
Christopher: Você não acha que deixa eles fazerem o que quiserem, não? Desse jeito eles vão crescer mimados e não vão saber respeitar regras.
Anahí: Talvez você tenha razão. Sei que talvez não esteja sendo uma boa mãe pra eles, mas você sabe que eu engravidei muito nova e...
Christopher: Any! Ninguém aqui ta dizendo que você não é uma boa mãe. Apenas tem que ser mais rígida com eles.
Anahí: Vou tentar. Mas depois discutimos isso, Christopher. Vamos pegar as malas no carro.

Depois de ter arrumado tudo no armário, resolvi tomar um banho e, logo depois, ver televisão. Ainda tinha mais três dias de folga e queria aproveitar esse restante de férias fazendo ‘ nada`.

Any: Não vai dormir?
Christopher: Vou ficar vendo um filme aqui, quero acordar tarde amanhã e aproveitar o final das minhas férias.
Any: Ok meu amor, eu já vou dormir. Até amanhã.

Ela me abraçou e deu um beijo em meu rosto, indo para o seu quarto. Eu voltei a minha atenção para o filme e me deitei no sofá. Com o passar dos minutos, sem que eu percebesse, meus olhos foram se fechando lentamente, até eu adormecer completamente.

Acordei no dia seguinte com o barulho do telefone tocando. O dia estava nublado e o relógio marcava às 7 da manhã. Quem diabos ligaria uma hora dessas? Com muito sacrifício, me levantei do sofá e fui até o telefone, vendo quem era o inconveniente que estava ligando essa hora...

Christopher: Alô?

--*

Eu esperava ouvir a voz de Bia, mas ao ouvir a voz de um homem eu enrijeci. Estava tarde para Mariano, seu namorado, estar em sua casa. A não ser que ele fosse dormir com ela, aí era outra história. Mas continuei achando a voz um pouco diferente. Enquanto pensava no que dizer, a voz do outro lado falou em um tom mais alto.

Christopher: Alô?
Dulce: Posso falar com a Bianca?
Christopher: Não tem ninguém com esse nome aqui não.
Dulce: Oh, desculpe! Foi engano.

Eu imediatamente desliguei o telefone, extremamente envergonhada. Olhei de novo o número no papel e tive quase certeza de que tinha ligado certo. Resolvi ligar outra vez. Mas aquela mesma voz rouca atendeu, me fazendo desligar o telefone outra vez. Eu ia matar Bianca por ter me dado o telefone errado. Mas antes do trabalho eu ia fazer isso, pois estava na minha hora de dormir e eu não ia perder mais meu tempo.

Quando eu cheguei no trabalho, por volta das oito da manhã, o meu celular tocou. Assim que eu atendi, recebi uma bronca, como se eu tivesse culpa de alguma coisa.

Bianca: Você disse que me ligava, safada. Fiquei esperando o dia inteiro.
Dulce: Eu liguei, sua besta. Mas caiu duas vezes na casa errada. Você não me deu o telefone certo.
Bianca: Eu dei sim, tenho certeza. Você que deve ter anotado errado.

Eu abri minha gaveta e peguei o papel com o telefone, conferindo.

Dulce: Você me deu o 501-8978.
Bianca: Mas é exatamente esse o meu telefone, Dul. Você que deve ter discado errado.
Dulce: Eu não disquei errado, eu tenho certeza de que disquei os números certos.
Bianca: Vamos fazer um teste: eu vou desligar o telefone e você liga pra esse número, ok? Se você não ligar de volta em dois minutos, eu te ligo de novo.
Dulce: Ta bom, peraí, vou desligar.

Eu desliguei o telefone e respirei fundo, cansada daquela confusão. Eu tinha certeza de que tinha discado o número certo das vezes passada, Bianca que deve ter me dado o número errado. Disquei os mesmos números das outras vezes, e logo ouvi a voz da minha irmã.

Bianca: Viu? Você deve ter discado errado antes.
Dulce: Acho que eu to ficando maluca. Eu tinha certeza de que tinha ligado certo nas outras duas vezes.
Bianca: É o seu trabalho, to falando. Você ainda vai ficar louca de tanto trabalhar.
Dulce: E eu já disse que gosto do meu trabalho. E não preciso sair daqui.
Bianca: Bom, você que sabe. Agora deixa eu ir me arrumar, to indo pro curso. Mariano daqui a pouco vem me buscar.
Dulce: Ok, bons estudos, eu vou voltar ao trabalho. Beijos.

Eu desliguei o telefone e encarei novamente o papel com o seu telefone. Eu devia estar realmente louca, porque jurava que tinha ligado certo. Mas seja lá o que tenha acontecido, eu só espero que esse engano não aconteça outra vez.

--*