Fanfic: FOI POR ENGANO - DyC

Eu tirei as fotos do envelope ansiosa e vi que tinham três ali dentro. Eu só tinha pedido duas, mas não estava nem um pouco incomodada por ter uma a mais. Talvez fosse algum tipo de bônus, vai saber.
Eu peguei a primeira e meu coração quase saiu de dentro do peito quando vi a foto. [clique para ver] Eu já havia imaginado ele de todas as maneiras, mas não pensei que pudesse estar falando com alguém tão...bonito! Claro, não poderia haver outra palavra para defini-lo melhor. Christopher era lindo, sem qualquer sombra de dúvidas. Ele poderia me mostrar mais mil fotos que eu não precisaria de outra pra comprovar isso. Mas claro, eu estava ansiosa pra ver as outras também. Peguei uma segunda e torci o nariz ao vê-lo com uma linda loira. [clique para ver]. Mas logo sorri, pensando que talvez pudesse ser sua irmã.
E então peguei a terceira e última, rindo mais ainda da cara dele. [clique para ver] Se antes eu tinha dúvidas de que Christopher era um verdadeiro palhaço, agora eu tinha certeza.
Ainda com um larguíssimo sorriso no rosto eu me recostei na cadeira, olhando aquelas três fotos sobre a minha mesa. Mordi meus lábios e suspirei, desejando por um momento que ele tivesse aqui. Mas logo afastei esses pensamentos da minha cabeça, pois eu tinha namorado! Me dei conta de que tinha que ligar pra ele... afinal, o trato era que se eu aprovasse era pra ligar. E Christopher definitivamente estava mais do que aprovado.

--*

Já estava arrumando as coisas para sair do trabalho, quando o telefone toca. Agora era ela, tinha que ser ela! E tive a confirmação quando escutei sua vozinha fina do outro lado da linha.

Christopher: Então você já recebeu as fotos, não é? E o que achou? Estou aprovado?
Dulce: Bom...sua irmã é muito bonita.

Eu soltei uma gargalhada e me recostei na cadeira.

Christopher: Eu sei que minha irmã é linda, mas eu estava perguntando por mim.
Dulce: O cara de cabelo rosa que estava contigo também parece ser bem engraçado.
Christopher: Dulce...
Dulce: Christopher...
Christopher: Estou esperando.
Dulce: O que você quer que eu diga?
Christopher: Se aprovou ou não as fotos, esse era o nosso trato, não lembra?
Dulce: Mas você se olha no espelho todos os dias, sabe que...
Christopher: Que...? Eu quero ouvir da sua boca.
Dulce: E por que é tão importante? Todas devem dizer mil coisas positivas sobre você todos os dias.
Christopher: Mas nenhuma delas é você.
Dulce: O que quer dizer com isso?
Christopher: Apenas que você é mais especial para mim do que pensa.

--*

Ok, eu tinha que admitir. Além de muito bonito, Christopher Uckermann era um ótimo conquistador. Ele conseguia fazer um jogo de palavras comigo, que me deixava encurralada, sem saber o que dizer, com vergonha dos meus próprios pensamentos. Eu não sabia o que ele tinha, ou que queria comigo ou onde ele aprendeu a ser um ótimo galanteador, mas eu tinha que confessar: eu amava tudo aquilo.
Não é todo dia que uma mulher ouve que é especial. Ainda mais de uma pessoa que nunca viu na sua frente e que você acabou de ver o rosto. Eu me senti especial, nem que fosse apenas neste momento, quando ele me disse aquilo. Nem Roger havia me dito isso no pouco tempo em que namorávamos. Christopher me fez sentir muito bem nesse momento. E depois disso, eu tinha que retribuir de alguma forma.

Dulce: Você é lindo demais.

Eu escutei sua gargalhada do outro lado e morri de vergonha. Coloquei automaticamente a mão no rosto , como se ele estivesse vendo meu rosto corado na minha frente e fechei os olhos, imaginando como ele estaria agora.

Christopher: Obrigado. Era tudo o que eu precisava ouvir.
Dulce: Eu estou me sentindo ridícula agora também.
Christopher: Só porque falou a verdade?
Dulce: Metido.
Christopher: Responda a pergunta, depois me xinga.
Dulce: Ah sei lá...acho que eu nunca disse na cara de um homem que ele era muito bonito.
Christopher: Talvez porque você não tenha conhecido nenhum tão bonito.
Dulce: Ou que me forçasse a falar o que eu achava dele.
Christopher: Eu não te ameacei com nenhuma arma pra você falar.
Dulce: Mas fez lavagem cerebral, ok?
Christopher: Está bem, Dulce...como você quiser acreditar.

Nós ficamos em silêncio e eu me recostei na cadeira novamente e segui olhando aquelas fotos. E por um momento desejei ardentemente que ele estivesse aqui comigo...agora.

Christopher: Ficarei esperando as suas.
Dulce: O que?
Christopher: Como o que? Suas fotos.
Dulce: Não! Eu não sou provida de beleza como você, Christopher.
Christopher: Aposto que está exagerando. Acho que eu tenho que perguntar pro seu namorado o que ele pensa dessa sua auto-estima.
Dulce: Está louco? Roger me mata.
Christopher: Ele não sabe que você fala comigo constantemente?
Dulce: Claro que não!
Christopher: Por que? Eu sou tão ameaçador pro namoro de vocês assim?

Eu fiquei quieta, pois não sabia o que responder. Será que era mesmo?

Christopher: Quem cala, consente.
Dulce: Não sei o que dizer.
Christopher: Não se preocupe, eu já sei a resposta. Muito bom saber que eu estando do outro lado do Oceano posso acabar com o namoro de alguém.
Dulce: Você é ridículo, Christopher.
Christopher: Eu sei, obrigado. Posso te fazer uma última pergunta?
Dulce: Lá vem...anda Christopher, tenho que voltar ao trabalho.
Christopher: Ok, realmente o trabalho deve ser mais interessante que falar comigo, mas enfim...seu namorado também é lindo demais assim como eu?

Eu senti vontade de matá-lo naquele momento, mas ele falou de um jeito tão charmoso que eu tive que rir.

Dulce: Eu vou desligar o telefone na sua cara, é sério.
Christopher: Você não teria coragem...
Dulce: Quem faz uma, faz duas...
Christopher: Ok, ok...não vou arriscar. Vou deixar a senhorita trabalhar em paz.
Dulce: Quando eu chegar do trabalho eu te ligo.
Christopher: Isso porque parecia mais interessada no trabalho do que em mim.
Dulce: Justamente por isso, pra apagar esse fogo que acendeu de repente.
Christopher: Você está perdendo no jogo de palavras hoje, admita.
Dulce: Aliás, ultimamente eu não tenho feito outra coisa, não é? Eu vivo perdendo.
Christopher: Não se preocupe, da próxima vez eu deixo você ganhar. Até mais tarde, Dulce.

E então ele desligou o telefone, sem dizer mais nada. Eu simplesmente ri, vendo como eu gostava demais desse jeito bobo dele. E antes de voltar ao trabalho, peguei mais uma vez nas fotos, para olhá-las mais uma vez...

--*

Sinceramente, eu não lembrava qual a última vez que eu sorria tanto como nesses últimos dias. Eu falava com Dulce diariamente, duas, três vezes por dia e até estava esquecendo de fazer as coisas. Não sabia o que estava se passando comigo, mas quem se importa? Essa felicidade que eu estou sentindo aqui no peito não tem que ter explicação, apenas tem que ser sentida.
Eu tentei convencê-la durante a semana toda a me mandar pelo menos uma foto sua, mas Dulce era teimosa demais. Dizia que tinha vergonha, que eu não ia gostar e mais um monte de coisas. Eu só me perguntava uma coisa: porque ela está se preocupando em me agradar tanto, já que supostamente não quer nada comigo?
Foi então que um dia, chegando do trabalho, eu recebi uma carta. Não acreditei quando vi no remetente seu nome e o lugar onde morava.
Assim que entrei em casa, coloquei a maleta em cima da mesa e chamei Any, que estava na sala vendo TV com meus sobrinhos.

Christopher: Você pode vir aqui um minuto?
Anahí: Claro, o que foi?

Nós dois fomos para a cozinha e nos sentamos na mesa, frente a frente.

Christopher: Recebi uma carta de Dulce.
Anahí: Aquela mexicana que você ama falar?
Christopher: Exatamente. E pelo tato, estou sentindo que tem algumas fotos aqui dentro. Queria abrir contigo.
Anahí: E por que comigo?
Christopher: Você é minha irmã, é importante que conheça as pessoas que eu gosto.
Anahí: Você está apaixonado por ela, meu amor?

Nesse momento eu engoli em seco, olhando diretamente para o envelope. Tentei entender o que se passava dentro de mim durante alguns segundos, mas não encontrei nenhuma resposta. E então sorri, olhando para minha irmã novamente.

Christopher: Acho que ainda é muito cedo pra falarmos de amor. Mas digamos que numa escala de 0 a 10, o que eu sinto por ela é 100.
Anahí: Acho que eu entendi. Tudo bem, vou dar minha opinião crítica e você sabe que eu sou chata pra essas coisas.
Christopher: Ela se acha feia. Vamos ver se ela está com a razão, não?

Anahí pegou a carta de minhas mãos e a abriu. Me entregou um bilhete que vinha junto com as fotos e começou a examiná-las, enquanto eu lia o que ela havia escrito.

" Ok, você me venceu pelo cansaço, aí estão minhas fotos. Mas não reclame porque são só duas, é melhor do que nada. Espero que você não se assuste ou caia pra trás (mesmo que eu ache que nessas fotos eu nem estou tão feia assim ). Só pra explicar: A primeira sou eu ( a de cabelo vermelho, dã )e minha melhor amiga Samantha em um casamento. E a segunda é com uma outra amiga minha que eu não vejo faz um tempinho (não mandei foto sozinha pra você não olhar diretamente pra mim). Enfim, se fizer qualquer comentário engraçadinho sobre as fotos, sabe que cortarei a linha e mudarei de telefone. Beijos."

Eu tive realmente que rir daquele bilhete. É incrível como ela escrevia exatamente da forma que falava. Esperei Any terminar de ver as fotos, até que ela olhou pra mim.

Christopher: E então?
Anahí: Minha opinião crítica é...eu gostei dela!
Christopher: Sério mesmo? Anahí dizendo que gostou de alguém? O que ela fez pra merecer esse privilégio.
Anahí: Deixa de ser bobo! Sei lá, eu fui com a cara dela. Eu a achei bonita sim. Não é como os padrões de beleza da mídia, tem sua beleza própria, exótica, eu gostei. E o mais importante: ela não se aproveitou de seus atributos pra te conquistar em algo. O decote do vestido da primeira foto é aceitável e na segunda ela está com um casaco que esconde qualquer coisa. Pode parecer besteira de Anahí, mas eu gosto de mulher que se dá o valor.
Christopher: Deixa eu ver isso, porque estou morrendo de curiosidade.

Eu tomei as fotos da mão da minha irmã e arregalei os olhos assim que vi a primeira foto, a da festa. [clique para ver] Eu tive que rir, pensando na bronca que eu ia dar nela ao se chamar de feia. Podia ter um monte de feias dessas passando pela rua ao meu lado, eu não ia me importar nem um pouco. Na segunda foto ela estava com um carinha de adolescente que me fez sorrir mais ainda. [clique para ver] A boba mandou foto com amigas pra eu não notar somente ela, mas até parece que eu estava prestando atenção nas outras. Eu só olhava para aqueles olhinhos inocentes, ou talvez nem tanto, e aqueles cabelos vermelhos, que me agradaram bastante. Dulce não era como eu imaginava...era muito melhor.
 
Anahí: E então? O que acha?
Christopher: O que eu acho?
 
Eu fui até a minha irmã e lhe dei um beijo estalado no rosto, explodindo de felicidade.
 
Christopher: Eu acho, minha irmã, que encontrei a mulher da minha vida. Ela apenas ainda não sabe disso.

--*

Dulce: Pára, Christopher, eu já estou arrependida de ter te mandando essas fotos!

Ele não parava de me elogiar um minuto! Já estávamos nos falando há quase meia hora e ele seguia com o mesmo conto, que eu era linda, tinha um sorriso perfeito e que adorou o tom vermelho dos meus cabelos.

Christopher: É bom repetir várias vezes, pra senhorita se convencer de que é bela.
Dulce: É difícil, viu? Já enfiei na minha cabeça.
Christopher: Pois trate de tirar! A próxima vez que me disser que é feia, juro que desligo o telefone na sua cara!
Dulce: Está com síndrome de Dulce Maria agora, é?
Christopher: A gente vai aprendendo, né?

Eu sorri que nem uma boba, no exato momento em que Roger entrou no escritório.

Dulce: Só um minuto.

Eu coloquei o telefone sobre a mesa e Roger veio até à mim, me dando um selinho.

Roger: Está falando com quem?
Dulce: Minha irmã, já sabe.
Roger: Ah claro, mande um beijo pra ela. Enfim, vamos ver alguns filmes hoje? Estou a fim de ficar juntinho contigo, faz tempo que não ficamos assim. Falta pouco pra você sair daqui e nós podemos ir juntos para a sua casa, o que acha?
Dulce: Por mim está tudo bem! Preciso mesmo refrescar a mente, estou cansada de trabalhar e amanhã é sábado, graças a Deus.
Roger: Ok, vou te deixar cuidando das coisas, sei como James é. Até mais tarde, meu amor.
Dulce: Até.

E me dando mais um beijo, ele saiu. Assim que a porta se fechou, eu peguei o telefone, me apressando pra ouvir a voz de Christopher outra vez.

Dulce: Perdão, estava ocupada.
Christopher: Claro, imagino que ficará mais ocupada ainda mais tarde.

Eu engoli em seco, estranhando a mudança do tom de sua voz. Christopher tinha essas mudanças de humor de repente...e até onde eu lembro, era sempre que eu falava de Roger.

Dulce: Você ouviu?
Christopher: Digamos que eu tenha ouvido de tuberculoso. Mas eu não quero te atrapalhar, você deve estar com muito trabalho.
Dulce: Não estou, pode falar! Daqui a pouco eu saio.
Christopher: Não quero causar uma briga entre você e seu namorado, quando ele descobrir que você não estava falando verdadeiramente com sua irmã. Vou dormir, aqui já são quase três da manhã, quero descansar para o fim de semana. Beijos, até outro dia.
Dulce: Beijo pra você também...até.

E eu desliguei o telefone com o cenho franzido, me perguntando porque ele tinha mudado tanto, tão de repente. Por acaso eu estava lidando com um louco e não sabia?
Resolvi esquecer isso, pensando na minha noite com Roger. Hoje seria o dia perfeito para eu me transformar verdadeiramente em uma mulher. Já estava mais do que na hora de perder minha virgindade e Roger era o escolhido. Bom, pelos menos é o que eu achava.
No meu apartamento, ele estava muito concentrado no filme, enquanto eu apenas o olhava, pensando se daria o passo certo ou não. Mas já estava mais do que na hora de acontecer isso, eu já tinha vinte e três anos!
Muito determinada, eu comecei a passar a mão pelo peito de Roger, abrindo os primeiros botões de sua camisa. Ele me olhou assustado, mas eu estava com isso na cabeça e ia até o fim. Fiquei por cima dele no sofá e beijei sua boca, abrindo mais sua camisa ainda. Mas antes que eu pudesse continuar, ele me empurrou pelos ombros.

Roger: Dulce! O que você está fazendo??
Dulce: Acho que já está mais do que na hora de darmos um passo no nosso relacionamento, não acha?
Roger: Mas...ainda é muito cedo!

Ele me jogou pro lado no sofá e se levantou, fechando a blusa.

Roger: Não! Não temos nem dois meses de namoro ainda!
Dulce: E o que tem?

Eu estava começando a achar que aquilo era uma desculpa e que o verdadeiro problema era comigo.

Roger: Eu...não gosto das coisas assim, Dulce. Sou romântico, pra mim tudo tem que estar preparado antes, você me pegou de surpresa.

Eu franzi o cenho, não entendendo o que ele estava falando.

Roger: É melhor eu ir embora, outro dia nos falamos.

E sem dizer mais nada, ele saiu do meu apartamento, me deixando completamente sozinha. Eu fiquei um tempo sentada naquele sofá, sem me mexer, me perguntando o que havia de errado comigo. Por que nenhum homem me queria? Será que era tão visível assim que eu era virgem?
Eu senti lágrimas invadir meus olhos, me sentindo rejeitada. E sem pensar duas vezes, peguei uma garrafa de licor que tinha na geladeira. Nem sabia porque tinha comprado isso, deve ter sido porque estavam falando muito bem da bebida. E esse seria o melhor momento para desfrutá-la e esquecer os problemas.

--*

Eu era um louco apaixonado! Tinha surtado ao ouvir aquela conversa, só imaginando o que eles fariam nessa sessão privada de cinema. Resolvi dormir mesmo, para esquecer isso tudo. Mas eu tive terríveis pesadelos durante a noite, vendo o tal Roger tocar Dulce intimamente, o que não me deixou dormir um segundo.
E quando finalmente consegui pegar no sono, o telefone toca. Eu me revirei na cama, com preguiça, vendo que eram quase sete da manhã. Apenas estiquei o braço e peguei o telefone, que estava na mesinha de cabeceira.

Christopher: Alô?
Dulce: Chris?

Eu escutei seus soluções do outro lado da linha e fiquei preocupado. Imediatamente sentei na cama e passei a mão pelo rosto, despertando.

Christopher: Dul? Está chorando?
Dulce: Aham...

Ela não dizia mais nada, apenas soluçava e eu fiquei sem reação.

Christopher: Bom...eu preciso saber do que aconteceu pra ver se posso te ajudar.
Dulce: Você mentiu pra mim, Christopher!

Eu fiquei mais confuso ainda já indo para o banheiro, passar uma água pelo rosto.

Christopher: Eu nunca menti pra você Dul, o que está falando?
Dulce: Você disse que eu era linda e não sei mais o que e isso não é verdade!
Christopher: Ah, então era isso? Eu não menti, se é você mesmo nas fotos, continuo te achando linda!
Dulce: É, mas meu namorado não pensa assim.

Eu enxuguei o rosto na toalha, já pensando que a noite que eu havia imaginado entre eles não tinha acabado muito bem. Ou melhor, não tinha nem começado.

Christopher: E o que ele disse pra você ficar dessa forma?
Dulce: Nada é que...ai acho que eu vou vomitar!
Christopher: Está passando mal?
Dulce: Bebi quase meia garrafa de licor.

Nesse momento eu não pude evitar e soltei uma gargalhada.

Christopher: Você bebeu meia garrafa de licor sozinha?
Dulce: Não ria de mim! Isso me faz sentir mais patética ainda!

Ela tornou a chorar e eu logo entendi o motivo de tanto drama: ela estava bêbada.

Christopher: Ok, perdão. Mas você ainda não me contou o que aconteceu.
Dulce: Roger me desprezou! Eu disse que queria dar mais um passo no nosso relacionamento e ele não quis!
Christopher: E por que ele fez isso?
Dulce: E tu acha que eu sei? Se soubesse não estaria aqui bêbada, desabafando contigo do outro lado do oceano e me sentindo um filhote de cruz-credo!

Eu senti novamente vontade de rir, mas dessa vez me controlei.

Christopher: Sinto muito.

Claro que eu não sentia, mas tinha que ser um amigo compreensível. Mas na verdade, estava bastante aliviado com esse passo que não foi dado.

Dulce: O meu problema realmente deve ser muito visível!
Christopher: Que problema? Você tem algum defeito físico ou algo?
Dulce: Não, eu sou virgem.

E nesse momento eu quase deixei o telefone cair da minha mão. Dulce era o que??

--*

Eu estava um pouco tonta e por isso parei de andar de um lado pro outro no apartamento, me sentando no sofá. Christopher havia ficado mudo e meus olhos começavam a pesar...acho que tinha algum sonífero nessa bebida e eu não sabia.

Dulce: Christopher? Ta aí ainda?
Christopher: Err...aham, eu, é que...sim, estou.
Dulce: De verdade, você que é homem...dá pra perceber quando uma mulher é virgem? Porque eu to começando a achar que os homens tem alguma alergia com virgens, pois pelo menos de mim eles vivem se afastando!

Eu escutei uma gargalhada do outro lado da linha e me senti patética naquele momento, tornando a chorar.

Dulce: Eu sou uma estúpida mesmo! As pessoas só riem de mim!
Christopher: Não, não, perdão! Eu não quis...ah droga, eu não quis te deixar mal!
Dulce: Ninguém precisa me deixar mal, eu já estou mal! Queria ser simplesmente uma mulher de verdade!
Christopher: O fato de você ser virgem não quer dizer que não seja uma mulher!
Dulce: Claro que sim!
Christopher: Não é o que eu penso. E respondendo a sua pergunta, pela aparência física não dá pra saber, eu acho. Quando eu vi suas fotos, jamais pude imaginar isso.
Dulce: E o que você imaginou então?

Ele tossiu um pouco e eu me perguntei se ele estava comendo algo, pra ter se engasgado assim.

Dulce: Está bem?
Christopher: Sim, sim acho que estou.
Dulce: Então pode responder minha pergunta.
Christopher: Que você no mínimo já havia... bem... há muitos anos, porque com todo respeito... você é a mexicana mais...maravilhosa que eu já vi.

Eu me deitei no sofá e sorri, mando o que ele havia dito pra mim.

Dulce: Obrigada. Você também é o espanhol mais arrogante e lindo que eu já conheci.
Christopher: Obrigado pelo ‘arrogante`, apesar de eu amar quando você diz que sou lindo.
Dulce: Não se ofenda...ser arrogante é legal.
Christopher: Mesmo? Você gosta?
Dulce: Pensei que não gostasse. Até conhecer você.

--*

Eu sorri, adorando quando ela falava assim. Sua voz parecia estar mais meiga e parecia que havia dito aquilo com mais sentimento. Eu ficava me perguntando às vezes se Dulce gostava tanto de mim como eu gostava dela...pois apesar de ter namorado, as coisas que ela falava pra mim não eram de alguém que se importava muito com o outro que namorava.
Mas eu não queria me iludir, pois apesar de tudo, ela estava me ligando bêbada, magoada com o tal Roger...então ela devia mesmo gostar dele.

Christopher: Dul...é melhor você dormir um pouco, não acha? Você está bêbada, não teve um bom dia...é melhor dormir.
Dulce: Eu disse alguma coisa?
Christopher: Não, não se preocupe, você não disse nada...apenas estou preocupado. Amanhã você vai acordar e ter se arrependido de dizer essas coisas pra mim, afinal eu também sou homem.
Dulce: Mas é meu amigo, não é?

Sim, mesmo eu querendo ser muito mais que isso.

Christopher: Vai dormir, sério. Amanhã eu te ligo, tudo bem?
Dulce: Aham. Obrigada por me ouvir de verdade. Desculpa qualquer coisa, até amanhã.

E então ela desligou o telefone. Pensei que talvez ela tivesse ficado chateada por eu ter cortado o assunto, mas logo imaginei que ela ia esquecer tudo no dia seguinte. Até mesmo das coisas que havia dito pra mim. O problema é que quem não ia esquecer era eu.
No dia seguinte, Verônica me ligou. Só então me dei conta de que não tinha terminado ainda com ela. As coisas no trabalho estavam confusas, estava resolvendo muitas coisas ao mesmo tempo e eu acabei esquecendo. E então fiz o que tinha prometido à Dulce: pus um fim em tudo.

Verônica: O que? Mas...você não pode terminar comigo!
Christopher: É, mas eu acho que eu estou fazendo isso. Nem namorados somos, por favor!
Verônica: Mas eu me considerava sua namorada! Ainda mais depois do dia que me apresentou à sua família!
Christopher: Você entendeu mal, só queria que Any te conhecesse. Mas enfim, eu não posso continuar com isso. Eu só ia te enganar cada vez mais e mais.
Verônica: Não é possível que eu não tenha significado nada pra você.
Christopher: Foi bom o tempo que passamos juntos, mas não dá mais. Eu estou apaixonado por outra.

--*

Ainda bem que hoje era sábado, pois minha cabeça estava explodindo! Tive que pedir até comida por telefone, pois nem pra fazer um almoço eu tinha condições. Eu realmente não devia ter bebido aquilo tudo. E muito menos ter ligado pra Christopher! Meu Deus, que vergonha! Ele deve estar me achando no mínimo uma idiota, por eu ter dito aquelas coisas pra ele. E agora era mais um que sabia que eu era virgem...perfeito!
Alguns minutos depois o telefone tocou e eu sabia que era ele. Pensei duas vezes antes de atender o telefone, mas era inevitável, adorava ouvir sua voz.

Dulce: Alô?

Eu atendi baixinho e com uma voz fina.

Christopher: Que voz é essa?
Dulce: Voz de alguém que está morrendo de vergonha e não sabe onde enfiar a cara.
Christopher: Eu não estou vendo sua cara, infelizmente, não precisa ficar com vergonha.
Dulce: Não dá! Eu te contei a coisa mais vergonhosa da minha vida ontem! Maldita bebida!
Christopher: Não acho que uma pessoa devia se envergonhar por ser virgem. Com a sua idade, esse tipo de mulher é raro hoje em dia.
Dulce: E você acha isso bom?
Christopher: Nem bom, nem ruim, você apenas seguiu aquilo que queria, que era se guardar pra alguém que verdadeiramente amava. Eu acho isso legal.
Dulce: É, mas você não está aqui e os homens do México parecem que se importam demais com isso.
Christopher: Pois é...eu não estou aí, senão...

Eu fiquei boquiaberta. Ele estaria mesmo dizendo que...?

Dulce: Senão o que, Christopher?

Escutei sua risadinha safada do outro lado da linha.

Christopher: Nada, deixa pra lá.
Dulce: Não, agora eu quero saber!
Christopher: Nós dois sabemos que você já sabe. Epa, ficou confuso.
Dulce: Simplesmente diga, Christopher.

Eu não sabia o porquê, mas precisava ouvir aquelas palavras saindo de sua boca, ainda que soubesse à que ele se referia.

Christopher: Você é realmente insistente. O que eu quis dizer é que eu iria até o fim sem problemas e não teria fugido, como o gay do seu namorado.
Dulce: Ele não é gay!
Christopher: Não? Dul, um homem não teria fugido de uma mulher como você, só pelo fato de ser virgem.
Dulce: Ele não sabe que eu sou virgem ainda.
Christopher: Pior ainda! Só pode ser gay Dulce, eu jamais fugiria de uma mulher como você.

Eu sorri de lado e mordi os lábios, adorando ver como ele deixava escapar as coisas.

Dulce: Você sempre diz essas coisas que me deixam pensativa, Christopher...
Christopher: O que eu digo?
Dulce: Não sei...referências ao meu namorado, como você muda quando eu falo dele, do jeito que fala de ‘ uma mulher como eu`...você gosta de mim de uma forma que ultrapassa uma simples amizade?

Ele ficou quieto e eu respirei fundo, desejando intimamente que ele dissesse... ‘sim`.

--*