Fanfic: Autonomia

A dor me corroeu na minha primeira tentativa de respirar, o
ar entrou em minhas narinas quente ,espalhando a dor até o pulmão,meu primeiro
instinto ao sentir essa dor,foi mover meu corpo pra trás,e antes de pensar foi
exatamente o que eu fiz,e a dor então rasgou minhas espinha até perto da
nuca,foi inútil. A dor da minha última inspiração ainda estava presa em meus
pulmões e eu prendia a respiração pra não ter de senti-la de novo.Passaram-se
segundos intermináveis até eu perceber o quanto era inútil lutar contra minha
necessidade de  respirar e então eu
soltei o ar,que rasgou o caminho de volta para fora do meu corpo,a dor foi tão
intensa que eu imediatamente me arrependi de não ter prendido a respiração até
desmaiar.

Eu não tinha a mínima idéia de onde eu poderia estar,a única
pista que eu tinha era que era um lugar muito quente,tentei respirar de novo
falhando na minha tentativa de desmaiar sufocado, a dor foi ainda maior,e eu
não acreditava que aquela dor fosse possível.Decidido a não respirar até descobrir
onde estava,tentei abrir os olhos,lentamente, talvez pelo medo do que eu
poderia ver,então a dor dominou a minha outra tentativa desesperada de ação e
eu abri os olhos rápido a fim de evitá-la.Violentamente a luz me cegou,meus
olhos arderam e minha reação instintiva foi fechar os olhos,o que me rendeu
alguns segundos intermináveis da pequena tortura que me perseguia,eu não queria
ter de sentir a dor de respirar ou de tentar abrir os olhos de novo,estava
então decidido a desmaiar,dessa vez não ia trair minhas promessa de novo,pois
eu sabia que a dor seria pior,e assim eu segui forte na minha tentativa
desesperada de não deixar o ar entrar ou sair,de maneira alguma,eu só me
concentrava em me manter ali,numa tentativa de desesperada de me sufocar,até que
começou a dar certo,eu senti náusea,uma dor,que depois de tudo que eu já havia
sentido ali mais parecia uma coceira leve no peito,e uma irracionalidade
extrema,eu quase me esqueci do meu objetivo,da minha convicção em sufocar até a
inconsciência,mas a dor continuava vívida em minha mente e foi o único motivo
pra eu continuar.Tudo passou em questão de segundos,eu posso ter passado
minutos ou horas desmaiado,mas pareceram apenas segundos,eu senti os efeitos da
perda da minha consciência de leve,ainda tendo um pouco dela,e então quando o
último elo com minha consciência se desfez eu abri os olhos.

Dessa vez não havia luz pra me cegar,estava escuro onde eu
estava e eu estava aparentemente olhando para o teto,tomei o máximo de coragem
que pude,e inspirei longamente o ar,não havia dor ali,só o alívio de saber que
podia respirar tranquilamente.Aquilo tinha sido só um sonho,o sonho mais
doloroso de minha vida,mas só um sonho ao que parecia.Mesmo assim ainda sentia
um leve desconforto,endireitei meu corpo e percebi que estivera meio deitado na
cadeira do computador,tinha dormido por mais de meia hora,pois meu monitor
tinha desligado automaticamente,liguei-o e movimentei o mouse,chacoalhando-o
meio impaciente,até a tela ligar e aparecer por completo,só estava interessado
em olhar as horas,eram  Três e quarenta e
sete da manhã.

Sentindo a indisposição habitual de quando se acaba de
acordar,eu levantei sonolento e caminhei lutando contra a má vontade até meu
quarto,abri a porta e desabei no lugar onde ficava minha cama.