Fanfic: ٠Moмєntos dє Encαnto٠DყC Terminada

Mal percebeu Poncho
acomodar-se atrás do volante até que ouviu o barulho do motor e viu o carro
virar a esquina. Lá se iam todos os seus pertences. Dulce lançou um olhar
vingativo para Christopher, o qual perdeu a maior parte do efeito devido à luz
fraca da noite. 
— Tarde demais para mudar de idéia — murmurou ele. 
— Ler mentes é um de seus talentos? 
— Quer discutir? — O tom de Christopher era suave,
embora ela sentisse a dureza sob a superfície. 
— Não particularmente. 
Ele andou até o carro, desativou o alarme, abriu a
porta de passageiro e esperou que ela entrasse. 
O que Dulce fez, com considerável graça e sem
relutância aparente. Uma lição no jogo de fingimento, concedeu, ciente de que
era a primeira de muitas que teria de aprender nos próximos meses. 
Oh, como seria sua vida?, pensou com desespero.
Christopher tinha especificado que a queria como esposa. 
Um corpo quente e disposto na cama dele. Uma
anfitriã social. E se ela engravidasse? Dulce reprimiu um gemido. Não tomava
pílulas ou usava qualquer outra proteção. Não precisara até agora. 
— Nada a dizer? — perguntou ele. 
Ela o fitou. 
— Estou planejando sua queda. 
Christopher riu, irritando-a.
— Não acredita em mim? 
— Acredito que vai tentar. 
— Conte com isso. — Dulce observou a mudança de
cenário quando o carro entrou no bairro nobre, onde as moradias pobres e
precárias davam lugar a edifícios sofisticados, bonitas casas cercadas por
muros altos ou portões ornados. 
Christopher, de acordo com a imprensa, residia
numa luxuosa mansão, a Point Piper, com vista para o porto, adquirida na época
do casamento deles, embora nunca tivesse sido habitada por ela. Havia comentários de que após
a compra da casa Christopher reprojetara a estrutura interna antes de gastar
uma fortuna em móveis e decoração.
Uma fortaleza, observou Dulce, guardada por segurança
de alta tecnologia e acessível apenas para aqueles que tivessem autorização
para entrar.
Uma iluminação bem posicionada revelava um caminho
tortuoso lindamente gramado e florido, o qual levava a uma elegante mansão, e
era impossível não sentir os nervos a flor da pele quando Christopher parou o
carro sob um largo pórtico.
Uma das duas imensas portas duplas se abriu para
revelar uma mulher magra de meia-idade.
— Esta é Alma — indicou Christopher quando tirou o
cinto de segurança. — Trabalha para mim na casa.
Poncho, Alma...
— O marido dela, Franco, cuida dos jardins e da
manutenção da área externa.
Aqueles funcionários residiam na casa?
— Há dois apartamentos independentes em cima das
garagens. Alma e Franco ocupam um, e Poncho o outro.
Dulce saiu do carro e, após as apresentações,
entrou no magnífico hall de mármore.
Enorme, com uma escada em caracol que levava ao
piso superior, iluminação perfeita, móveis escuros e brilhantes, e um vasto
número de lindas portas de madeira entalhadas, guardando diversos quartos.
Ela imaginou que haveria vistas panorâmicas do
porto durante o dia, e a magia das luzes à noite.
— Temos café. Ou chá, se preferir — murmurou Alma
educadamente. — As malas foram colocadas na suíte principal.
O estomago de Dulce revolveu-se. Não queria pensar
sobre o quarto, muito menos ir para lá.
— Chá seria ótimo — disse ela. E como uma tática
de prorrogação, acrescentou: — Talvez eu possa me refrescar primeiro?
Christopher indicou a escada.
— É claro.