Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

Ligou o carro e, enquanto o motor esquentava, observou que deveria ter chovido muito durante a noite. O ar estava fresco e limpo agora e anunciava um dia bonito.

O dia bonito, contudo, começou a se tornar negro no instante em que ela percebeu que o motor não queria pegar.

— Oh, não! — ela se lamentou. O carro sempre funcionara bem. Por que fora encrencar justo aquela manhã? Nervosa, não sabia o que fazer para colocá-lo em movimento.

Continuou a girar a chave e a pisar no acelerador, até que, imaculadamente distinto num terno escuro, com uma pasta na mão, seu vizinho saiu do chalé, trancou a porta e, ignorando-a e às suas tentativas de tentar fazer o carro funcionar, se dirigiu à garagem.

No meio tempo que ele levou para tirar o elegante Jaguar da garagem, Anahi aceitara a evidência de que a droga do carro realmente não a levaria a lugar algum.

Odiara Herrera na tarde do dia anterior. Odiava-o em dobro aquela manhã, pois, embora tivesse percebido que se encontrava em dificuldades, simplesmente fechara a porta da garagem e voltara para o Jaguar.

Imbecil!, ela praguejou, detestando-o ainda mais ao se lembrar de que ele teria de passar por East Durnley para chegar à estrada rumo a Londres, e nem se oferecera para lhe dar uma carona.

Um segundo depois ela estava saltando para fora do carro e se dirigindo para a frente dos chalés.

Um ódio maior se apossou dela quando, se inclinando para a janela do carro dele, Herrera a fitou, sem nada dizer. Como era possível que ele, sentado, enquanto ela se encontrava de pé, pudesse fitá-la de cima para baixo? Impossível, mas ele conseguira!

Ciente de que não podia se dar ao luxo de se mostrar zangada, Anahi controlou a irritação e se dignou a esperar até que ele pressionasse o botão que abria eletronicamente a janela.

Se aquele arrogante pensava que ia se humilhar e pedir a ele uma carona até a cidade, estava muito enganado. Era preferível perder a manhã de trabalho, embora soubesse o quanto isso lhe custaria, a se rebaixar diante de um homem como Herrera.

Porém, ao se lembrar das dificuldades pela qual seu chefe estava passando e da importância da sua presença na reunião matinal, resolveu engolir o orgulho.

Com um tom de voz mais natural possível, falou:

— Será que poderia apelar para seu senso de humanidade, se é que o senhor possui um?

Fazendo-se de desentendido, embora com certeza soubesse do que Anahi precisava, Herrera indagou:

— A que devo tão gentil pergunta?

O sorriso era cínico, o que não impediu Anahi de perceber as covinhas que se formavam no canto de seus lábios ao sorrir, e que o tornava mais sedutor ainda.

Deu outro suspiro profundo, a fim de conter a irritação.

— Será que poderia fazer a gentileza de me dar uma carona até o vilarejo, já que, como o senhor pode ver, meu carro quebrou?

Por um longo e horrível momento, pensou que o vizinho fosse se recusar a atender a seu pedido, pois permaneceu imóvel, apenas estudando sua expressão solene. Então, para sua surpresa, ele indagou, de repente: