Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

O jardim, portanto, só começou a ser tratado na segunda-feira, depois que ela chegou do trabalho. A semana se revelou novamente um desastre, com Mike Yolland mais preocupado do que nunca depois que também a Nathan Financeira se recusou a lhe fornecer um empréstimo. O convite de Chris Farmer, na sexta-feira, para saírem, foi como da outra vez, um bálsamo para ela.

Estava quase terminando de se vestir para o encontro, quando o telefone tocou:

— Eddie Johns falando — o eletricista anunciou, para decepção de Anahi, que logo imaginou que o homem não poderia iniciar o trabalho conforme o combinado. — Terminei a outra empreitada antes do que imaginava. Posso estar em sua casa amanhã cedo?

Anahi quase suspirou de alívio. Para ela, o quanto antes, melhor!

— Por mim, tudo bem — respondeu, animada. Enquanto falava, o ruído de um Jaguar se aproximando chegou a seus ouvidos. É claro que seu súbito entusiasmo nada tinha a ver com Herrera, mas com o telefonema do sr. Johns.

O jantar com Chris Farmer foi divertido, mas quando ele sugeriu uma esticada a uma boate, Anahi foi contra. Sabia que East Durnley contava com duas casas noturnas, e que nenhuma gozava de boa reputação.

— Você se importaria de me levar para casa agora? Amanhã bem cedo irá um eletricista em casa e quero estar muito bem-disposta quando ele chegar.

Sua simpatia por Chris aumentou quando ele imediatamente concordou com seu pedido.

— A noite foi adorável — ela agradeceu, quando o carro se deteve diante de seu portão.

— Não vai me convidar para entrar? — Chris indagou, virando-se para ela, o braço apoiado no encosto.

— O sr. Johns vai me acordar bem cedo. — Anahi riu e estava colocando a mão sobre o trinco, quando os faróis de um carro a cegaram. Chris resolveu escolher justamente aquele momento para pousar seus lábios sobre os dela. Anahi arregalou os olhos ao sentir que além de beijá-la, Chris também estava tentando colocar-se sobre ela. O gesto impediu que os faróis continuassem cegando-a, mas a verdade é que ela não sabia o que seria o pior.

— Boa noite — ela se despediu, rápida, saltando para fora do carro antes que o amigo pudesse detê-la.

Chris Farmer e sua tentativa amorosa não ocupou sua mente por rnuito tempo. Em quem não conseguia parar de pensar era no dono daquele carro que acabara de cegá-la, e que não poderia ser outro senão Herrera. Deveria ser quase meia-noite. O vizinho certamente estivera passeando ou desfrutando da noite com alguma mulher, e o pensamento acabou por retardar a chegada de seu sono.

Às sete e trinta, para sua satisfação, o sr. Eddie Johns já havia começado a trabalhar.

Pouco tempo se passara, quando ouviu um tremendo estrondo vindo da parte de cima da casa. O eletricista deveria ter deixado cair sua caixa de ferramentas metálica de uma altura razoável. Se continuasse assim, ela cogitou, em breve o chalé inteiro estaria no chão.

— Oh, Deus! — ela murmurou, rezando para que não precisasse desocupar a casa enquanto o homem não terminasse o serviço. A jardinagem estava fora de cogitação, é claro, enquanto Herrera estivesse por perto. De repente, interrompendo seus pensamentos, o telefone tocou. Um sorriso malvado aflorou-lhe aos lábios. Por pensar no diabo...

Sua dedução fora correta, pois antes mesmo que pudesse dizer "alô", uma voz gutural quase estourou seus tímpanos.

— Posso saber que droga de barulho é esse?

— Não é minha culpa que você esteja de ressaca! — ela respondeu, doce, desligando o telefone em seguida. Sem saber por que, agora se sentia bem melhor. Uma sensação que logo desapareceu, quando pouco antes das onze viu uma mulher entrando no chalé vizinho.