Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

O sr. Johns trabalhou em sua casa aquele dia inteiro. Anahi se ocupou servindo-lhe infinitas xícaras de chá e café, alternadamente.

Ele ainda estava trabalhando quando, às cinco e trinta, a visitante se dirigiu a seu carro.

Anahi estava observando a mulher se afastar quando o eletricista anunciou que gostaria de ir embora e que poderia voltar na manhã seguinte para concluir a troca da fiação. Seria uma questão de mais umas duas horas apenas.

Ela se lembrou do vizinho e de seu costume de levantar tarde aos domingos.

— Seria ótimo — respondeu com um sorriso brilhante

Foi uma decepção não ver Herrera no dia seguinte, como antecipara. O vizinho deveria ter saído assim que vira o jipe do sr. Johns chegando.

Por um momento, ela sentiu pena de Herrera. Ninguém afinal, comprava uma tranqüila casa de campo apenas para ver sua paz ameaçada antes mesmo que pudesse guardar o carro na garagem.

Anahi estava concentrada no trabalho, com uma série de gráficos e balancetes para fazer, quando o telefone tocou ruidosamente, assustando-a:

— Alô.

— Anahi?

— Sim, quem está falando?

— Seu vizinho!

O coração de Anahi disparou no peito. Por que diabos Alfonso Herrera decidira importuná-la ali no escritório. Afinal de contas, se quisesse falar alguma coisa, bastava dar meia dúzia de passos e bater na porta de seu chalé.

— O que você quer? — Antes que ele pudesse responder, prosseguiu: — Olhe aqui, já basta eu ser obrigada a vê-lo na casa ao lado da minha e a ouvir suas reclamações. Agora, ser interrompida durante o expediente de trabalho, francamente! Acho que o melhor que você tem a fazer é...

Herrera a interrompeu, seco:

— Acho que o melhor que você pode fazer, srta. Richards, é se calar!

— Não me ameace!

— Falarei o quanto quiser, e você se limitará a ouvir! — ele ordenou, acrescentando antes que ela pudesse bater o fone. — A menos, é claro, que prefira que eu reporte a Yolland sua insolência.

— Seu... — ela pensou em xingá-lo, detendo-se conforme recebia um toque de seu sexto sentido. — O que meu chefe pode ter a ver com o fato de você estar me telefonando?

— O ponto é que telefonei somente para trocar uma palavra com ele — foi a resposta breve e concisa.

— Qual o assunto?

— Não que eu precise lhe dizer, mas já que é secretária dele, eu...

— Quer dizer que está telefonando ao sr. Yolland a negócios? — Anahi engoliu em seco, desejando ter morrido antes de tratar Alfonso Herrera tão mal. — Bem... qual a empresa que você... representa?

— A Braddons Investimentos! — foi a resposta que quase lhe provocou um ataque cardíaco. Não queria acreditar que seu vizinho, ALfonso Herrera, o homem que tratara apenas a pedradas desde que o conhecera, fosse justamente membro de uma das maiores e mais importantes financeiras do país. E ele, como não podia deixar de ser, estava ordenando que passasse a ligação para o patrão.

— Pois não — ela respondeu, com seu melhor tom profissional, mas ainda dominada pela maldita curiosidade. — Você trabalha na... Braddons?

— Eu... — ele fez uma pausa como se o que já dissera não fosse o suficiente para deixá-la horrorizada — sou o presidente da companhia.

Oh, por favor, permita que isto seja apenas um sonho, um pesadelo!, Anahi rezou, a voz subitamente abandonando-a.

Mas não se tratava de um sonho, ela sabia que não, e, embora tentasse se convencer de que não haveria maneira possível de ter descoberto antes quem seu vizinho era, ou a conexão que possuía com a Braddons, até que o próprio lhe contasse, pressentia que acabara de arruinar a última esperança de Mike.