Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

Foi uma surpresa para ela que, embora o campo de Alfonso Herrera fosse as finanças, ele também dominasse as outras áreas. A cada indicação de Dave, Alfonso demonstrava seu interesse através de perguntas e comentários inteligentes. Em poucos minutos, o supervisor estava encarando o visitante com genuíno respeito. Quanto a ela, precisava admitir que, quando não se comportava como seu vizinho, Herrera era uma pessoa muito agradável.

Eram cinco horas quando em meio à visita Anahi viu Mike Yolland se dirigindo, esbaforido, para eles. Era óbvio que Karen se encarregara de informá-lo onde e com quem sua secretária estava.

— Desculpe não estar aqui quando você chegou — ele se falou, embora não pudesse imaginar que Alfonso Herrera viesse à fábrica sem avisar.

— A srta. Portillo e o sr. Hickman fizeram um excelente trabalho em sua ausência — Herrera comentou, ao lhe apertar a mão.

— Poderei assumir a partir daqui, se preferir, Dave — Mike Yolland dispensou o funcionário.

Anahi pensou na papelada que a esperava e cogitou se o chefe também a agraciaria com a mesma oferta. Um novo toque de Alfonso Herrera em seu cotovelo, porém, lhe respondeu que não.

Passava um pouco das seis quando a visita finalmente terminou. Tentando sufocar o desejo de correr em disparada, Anahi os seguiu até a sala de Mike, que, embora estivesse ansioso por falar apenas em negócios, procurou deixar o outro à vontade com uma conversa amena.

— Você costuma vir com freqüência para os lados de Wiltshire? — Na verdade, Anahi percebeu, o que ele gostaria de saber era se Alfonso Herrera viera à cidade especialmente para vê-lo e à sua fábrica, o que não deixava de ser normal.

— Quase todos os fins de semana — Alfonso explicou, sem imaginar que Anahi ainda não encontrara tempo para contar a Mike quem era seu vizinho. — Possuo um pequeno chalé em Chumleigh Edge.

— Chumleigh Edge? — Mike repetiu. — Minha secretária também mora lá...

Anahi, a essas alturas, não podia fazer nada exceto se sentir culpada pela omissão.

— Sim. Nós somos vizinhos.

— Vizinhos? Mas eu pensei que o vizinho dela fosse...

— Você me daria licença? — Anahi o interrompeu, rápida, antes que Mike pudesse revelar a Herrera os comentários pouco lisonjeiros que fizera a respeito do maldito vizinho. Antes que o chefe respondesse, ela sorriu e, inclinando a cabeça, se retirou.

Cinco minutos depois ainda não havia parado de tremer, nem recuperado a cor natural do rosto.

Seu único desejo era fugir, mas seu senso de responsabilidade não o permitia. Também não seria possível simplesmente guardar os papéis na gaveta e deixar o trabalho para o dia seguinte.

Nunca se incomodara de ficar trabalhando em horário extraordinário, e não seria naquele dia que mudaria seu hábito. Com sorte, ainda conseguiria encontrar Julian em casa e desmarcar o compromisso.

A ligação acabava de ser completada, quando a porta se abriu dando passagem a Mike e ao provável investidor. Por uma fração de segundo, ela hesitou entre desligar e tornar a chamar Julian mais tarde, ou a prosseguir com a conversa.

Foi sua mente obstinada em provar que Alfonso Herrera não a afetava que a fez decidir.