Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

Enquanto os braços de Chris lhe significaram perigo, o abraço de Alfonso, em contraste, lhe parecia o céu. Pouco a pouco, contudo, ela recuperou a calma e se moveu. Antes não o tivesse feito, pois ele imediatamente a soltou e tornou a olhar seu rosto, como para se certificar de que ela já estivesse bem. Corajosa e grata, Anahi lhe devolveu o olhar e amou o sorriso estranho que ele deu ao perguntar:

— Está pensando em vê-lo outra vez?

Anahi não pôde reprimir uma gargalhada.

— Por falar nisso, como foi que você entrou?

— A porta não estava trancada.

— Será possível que eu tenha esquecido de passar a chave antes de sair?

— Acha que estou mentindo?

— Acho que não. — Ela sorriu.

— Está bem agora? — quis saber, mais sério.

— Estou. — Dessa vez era verdade.

— Então, boa noite, garota. — Alfonso se despediu com um beijo em sua mão, que a fez flutuar até a cama.

Algo lhe dizia que, sendo como era, o vizinho teria derrubado a porta para salvá-la, caso não a tivesse encontrado destrancada.

Essa certeza lhe proporcionou uma sensação ótima. Afinal de contas, possuía um vizinho maravilhoso.

Despertou na manhã seguinte com uma determinação. Já que Alfonso fora bom para com ela, também seria uma boa vizinha para ele. Agora que sabia que ele tinha horror a animais perambulando por seu jardim e destruindo suas flores, ela tomaria alguma providência para fechar a abertura existente na cerca viva que dividia as duas propriedades. Enquanto o espaço persistisse sempre haveria a possibilidade de invasões.

Pouco depois das nove, armada com pedaços de madeira e pregos, que encontrou numa prateleira do depósito, ela se pôs a construir uma pequena cerca. Levou meia hora para completar a tarefa, e, embora não estivesse muito bem-feita, a cerca dificultaria a passagem de carneiros para o outro lado. A menos, é claro, que pulassem. Anahi estava, naquele instante, imaginando a altura a que eles chegariam, quando o vizinho surgiu a sua frente.

Uma súbita e inexplicável timidez se apossou dela. Baixou os olhos e estava tentando se controlar, quando ele resmungou:

— Que raio de nome você dá a isso? — O tom com que foi feita a pergunta a fez erguer a cabeça de imediato.

Não, aquele não era o homem gentil que a salvara na noite anterior, que a acalentara até ela se recuperar da terrível experiência pela qual passara e, que, como um cavaleiro medieval, lhe beijara a mão ao se despedir. Ali, olhando criticamente a cerca, estava o homem que ela se acostumara a ver todos os finais de semana.

— Você se zangou quando os carneiros entraram em seu jardim ontem! — ela retrucou, a timidez superada. — Pensei em providenciar uma cerca para que isso não voltasse a acontecer.