Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

— Acho que sim — ela respondeu com um sorriso, satisfeita em poder demonstrar que não era uma pessoa solitária. — Afinal, não farei nada mais extenuante do que assistir a uma peça de teatro.

— Não com o mesmo homem com quem saiu no sábado passado, espero! — Infelizmente o tom de voz empregado por Alfonso foi mais ríspido do que deveria.

— Por favor, conceda-me a graça de me creditar um pouco de juízo! — ela retorquiu, mal-humorada.

Anahi pensou que Alfonso fosse devolver a resposta malcriada, mas ele apenas estudou seu rosto zangado e a mão ferida, e com um profundo suspiro se levantou.

— Tome uma aspirina. Se sentirá melhor! — E assim, tão frio quanto falou, Alfonso se foi.

Haveria algum outro homem igual a ele no mundo? Alguém a quem se amava e odiava ao mesmo tempo? Furiosa, ela ignorou o conselho, endereçou um olhar de desprezo ao inocente vidro de aspirinas e foi pegar o cortador de gramas.

Na hora em que Julian veio buscá-la, entretanto, Anahi já havia se esquecido todos os pensamentos indignados que tivera em relação a Alfonso.

Na verdade, se trocara pensando em seu arrogante vizinho, se penteara também pensando na possibilidade de ele vê-la bonita...

Vestira-se com um conjunto de seda azul royal, maquiara-se com suavidade e esmero mas não viu sinal de Alfonso em parte alguma ao sair para encontrar Julian, que a esperava à porta do chalé.

A peça, ao menos até o intervalo, não merecia uma crítica muito favorável.

— Agora, vamos ao gim prometido! — Julian brincou, e enquanto se dirigia ao bar, comprimindo-se entre a pequena multidão, Anahi ficou para trás, penetrando mais uma vez em pensamentos no território chamado Alfonso Herrera.

Sentia que havia alcançado seu propósito em sair com Julian. Caso Alfonso tivesse qualquer noção de que ela só possuía olhos para um homem, e que aquele homem fosse ele, poderia tirar seu cavalo da chuva! Qual não foi sua surpresa, porém, para não dizer quase um susto, quando ouviu aquela voz inconfundível dizer:

— Sozinha?

O que Alfonso estava fazendo ali? Ela mal podia acreditar em seus olhos. E, com o poder que ele tinha de confundi-la, Anahi se viu imaginando que o vizinho pudesse tê-la seguido até o teatro, só para se certificar de que ela realmente tinha um encontro.

— Você não comentou que também viria ao teatro esta noite! — ela o repreendeu, arrependendo-se em seguida por seu tom desafiador. Era ridículo imaginar que Alfonso pudesse estar em qualquer lugar apenas por sua causa!

A essas alturas, porém, Alfonso, com uma sobrancelha erguida, já estava lhe devolvendo o protesto com sarcasmo.

— Por mais surpreendente que lhe possa aparecer, não preciso lhe dar satisfações de meus atos.

Fora ela quem pedira, Anahi sabia disso, mas mesmo assim não se deixaria humilhar.

— Você é impossível! — exclamou, no momento em que Julian chegou com os drinques.

Se cogitava, porém, que Alfonso a deixaria ter a última palavra só porque Julian se aproximara estava muito enganada.

— Impossível, eu? — Ele fez uma pausa para dar maior ênfase à continuidade de seu pensamento. — Não me esquecerei disso da próxima vez em que suplicar para que eu suba até seu quarto!

Alfonso ficou imóvel, obviamente esperando por uma resposta que nunca chegou. Anahi, rubra de vergonha, todas as pessoas ao seu redor encarando-a, não conseguiu ter outra atitude a não ser baixar a cabeça e perceber Alfonso se afastar.

Oh, quando fora que pensara naquele homem em outros termos que não os de um vil suíno?