Fanfic: *-*Um Beijo na Noite*_*

No final da semana, ainda não havia conseguido pôr tudo em ordem.

Na sexta-feira, depois de um exaustivo dia de trabalho, Anahi voltou para casa eufórica, querendo pôr em dia toda a arrumação.

Depois de fazer um lanche rápido, pôs mãos à obra, e já passava da uma da manhã quando tomou um longo e relaxante banho e foi dormir.

O sábado amanheceu ensolarado, Anahi abriu todas as janelas e começou a atacar com entusiasmo os velhos papéis de parede. Uma hora depois, tendo descoberto que os proprietários anteriores haviam empapelado as paredes sobre uma outra camada original, soube que jamais conseguiria arrancar tudo até a hora do almoço, conforme estimara.

Já era quase hora do almoço e ela ainda não havia conseguido tirar todo o papel da parede.

Exausta, resolveu parar um pouco e fazer uma limonada.

Depois de preparar a bebida gelada, se dirigiu até os fundos da casa com um copo e sentou-se, descontraída.

Saboreava sua bebida, tranqüilamente, enquanto examinava a grama alta e as ervas daninhas.

De repente, ouviu sons vindos do chalé vizinho. O instinto a fez se levantar e voltar para a cozinha. Em seguida, se deteve abruptamente. Por que diabos estava fugindo? Aquela era sua casa!

Ouviu a garagem sendo aberta, o carro entrando, e a porta sendo fechada. Quase como se quisesse provar a si mesma que era realmente dona de sua propriedade, Anahi voltou para a cadeira que colocara no quintal. Tinha certeza de que não havia com o que se preocupar, pois o homem certamente entraria pela porta principal. Começava a relaxar. Qual não foi sua surpresa, porém, quando o viu surgir nos fundos!

Tentando parecer relaxada, ela o cumprimentou:

— Bom dia.

Notou o olhar crítico que ele lhe dirigiu desde os cabelos amarrados num rabo-de-cavalo até os pés calçados com sandálias. Oh, e ela sabia que não estava nada elegante com o short e a camiseta que já haviam visto dias melhores.

Mas quem se vestiria com elegância para retirar velhos papéis de parede num dia quente como aquele?

Por fim, o homem que a fitava como se não estivesse acreditando em seus olhos, afastou o olhar da figura suja e suada, sem retribuir o cumprimento, mas dizendo:

— Espero que você não seja dessas vizinhas barulhentas.

Era só aquilo que ela precisava.

— Parece que não tem filhos, não é? — ela mais afirmou do que perguntou, já que sabia perfeitamente que Herrera era solteiro.

O homem era esperto, contudo, ela teve de admitir, pois em vez de mandá-la cuidar de sua própria vida, como seria seu direito, simplesmente respondeu com uma outra pergunta, a fim de desarmá-la:

— Você tem?

— Não sou casada.

— Isso não significa nada. — E, obviamente tendo coisas melhores e mais importantes a fazer, que não trocar impertinências com a vizinha, Herrera girou a chave na fechadura e entrou.

Anahi observou a porta recém-pintada e, embora estivesse pronta para voltar a seus afazeres, resolveu não se mover por mais cinco minutos.

Quando entrou, porém, entendeu imediatamente por que ele expressara sua esperança de que não fosse uma pessoa barulhenta. Não havia sequer pensado a respeito, pois durante toda a semana ficara sozinha no lugar, mas dava para se ouvir cada movimento na casa vizinha. De sua cozinha, ela estava ouvindo até os passos dele. As janelas das duas casas estavam abertas, é claro, mas ela poderia jurar que Herrera acabava de abrir a geladeira.

Oh, que maravilha, pensou, aborrecida, lembrando-se de que também a sala de estar do chalé Myrtle dividia a mesma parede com o Primrose, para não falar dos quartos. Sim, o quarto principal do Myrtle dava para o seu único!

Horrível, ela cogitou, chocada, mas sobreveio a esperança de que Herrera poderia ter resolvido usar o quarto menor.

Uma certeza ela tinha, o que era um imenso alívio: os banheiros não ficavam encostados, assim não poderiam saber quando cada um os usaria.