Fanfic: Welcome to my life

Depois da aula fui direto para casa, precisava fazer umas coisas antes de ir à casa de Pierre, precisei tomar algumas precauções. Sim porque se eu ia até a casa dele eu precisava fazer com que minhas dúvidas a respeito do novo aluno, não transparecessem. Eu precisava me manter firme por que agora eu tinha quase certeza que sentia algo por Pierre Bouvier, mas ele era hétero então o máximo que podia esperar era uma amizade por mais que eu me machucasse depois, eu sei que ia ser só isso. Sem querer mais pensar nisso me dirigi à minha mãe:

- Mãe? – Chamei indo até a cozinha

Ela se virou para mim:

- Sim querido? Precisa de algo

- Não, é só que eu vou até a casa de um amigo fazer um trabalho da escola

Minha mãe me encarou:

- Que trabalho é esse?

- Aquele de Artes, lembra? – Disse meio na dúvida se contei a ela

- Pensei que não tivesse parceiro

- Pois é eu também pensei

- Como é? – Perguntou minha mãe, agora tentando examinar minha sanidade

- É um aluno novo que chegou na escola, mãe, como ele não tinha parceiro pediu pra fazer comigo – Omiti a parte em que eu não queria que ele fizesse

- Muito gentil de sua parte ajudá-lo querido, tudo bem você pode ir, que horas volta?

Pensei por um momento

- Não sei bem já que vamos tentar terminar hoje mesmo a primeira parte

- Ok – Respondeu – Qualquer coisa me ligue

Assenti com a cabeça e fui ao meu quarto. Arrumei uma mochila com a caixa de tintas, não levei a tela, pois como não falei a Pierre que já a tinha comprado ele ficou de comprar na saída da escola como combinamos naquela manhã.

 Desci e fui avisar minha mãe que estava de saída, ela assentiu uma vez e depois me chamou:

- Sim – Respondi ao chamado

- Pegue esse dinheiro querido para comprarem algo para comer como vão trabalhar durante muito tempo vão precisar comer algo e sei que vocês jovens adoram umas besteiras – Disse soltando uma piscadela e me estendendo alguns dólares

Peguei o dinheiro e saí, cheguei ao meu carro e vasculhei a mochila em busca do endereço de Pierre que estava em algum lugar por ali. Achei e dei a partida no motor saindo com o carro.

Assim que andara alguns quilômetros meu celular tocou, parei o carro e atendi era Pierre:

- Oi Dave, você já está a caminho? – Percebi uma certa euforia em sua voz

Será que ele ia desmarcar?

- Sim? – Respondi em dúvida – Por que algum problema?

Se ele desmarcasse iria fazer sozinho.

- Não – Respondeu sorrindo – Só estava confirmando para tomar algumas providências te espero aqui

- Certo devo chegar em breve

- Estarei esperando ansiosamente

Tá agora eu corei:

- Até logo – Disse desligando o telefone sem deixar que ele respondesse

Precisei de um minuto para me recompor. Ia dar a partida no motor quando meu celular tocou de novo, respirei fundo e levei o aparelho ao ouvido sem olhar no identificador de chamadas:

- Olha aqui, Pierre Bouvier se for pra ficar com gracinhas...

- Relaxa Dave o que houve? – Disse Vini curioso

- Nada, Vini o que você manda?

- Só liguei pra perguntar, qual o número da casa da Loren? – Disse em dúvida

- 23 – Respondi me lembrando que Vini nunca fora à casa de Loren

- Certo! Valeu – Respondeu Vini desligando rapidamente

Segui meu caminho até o endereço do idiota Bouvier pensando em sua chegada e em tudo que rolara entre a gente. Como um estranho podia me fazer aquilo? Nem Vini era capaz de me fazer ficar com raiva e me acalmar no mesmo dia. Não quis mais pensar simplesmente segui meu caminho.

Chegando ao endereço brequei com uma força quase batendo num carro atrás de mim, parei em frente um condomínio enorme. Pierre morava ali? Não é possível devia ser alguma brincadeira de mau gosto. Provavelmente ele e Kristal iriam rir de mim amanhã.

A mulher na portaria fez sinal que eu me aproximasse, pensei duas vezes, mas enfim cheguei mais perto:

- Olá, meu nome é Jane em que posso ajudar? – Perguntou abrindo um sorriso amigável

- Vim visitar Pierre Bouvier

Ela abriu um caderno de anotações:

- Seu nome? – Quis saber

- David – Respondi. Ela verificou, assentindo em seguida:

- Certo seu David. O senhor Pierre está esperando, siga até o final daquela trilha, a casa dele é a última a direita

Assenti e segui por onde ela apontara com o dedo. Então ele morava mesmo aqui, nossa minha casa não era ruim, mas perto da dele. Cheguei ao final do caminho.

Pierre me esperava sentado nos degraus de entrada e ao me ver abriu um sorriso e seguiu em minha direção:

- Não teve dificuldades para encontrar o caminho né? – Perguntou segurando minha porta enquanto eu descia

- Não – Respondi – Mas...

- Mas? – Quis saber Pierre

- Tinha de escolher a última casa? – Perguntei de onda

Ele sorriu:

- É a melhor – Respondeu por fim

Não pude deixar de sorrir, peguei a mochila e seguimos para dentro, assim que fechei o carro, Pierre colocou a mão em meu ombro assim que entramos:

- Bem vindo ao meu humilde lar

Encarei-o:

- De humilde isso aqui não tem nada – Respondi secamente. Ele abriu meu sorriso

- Depende dos olhos que observam – Disse – Para mim é bem humilde e aconchegante

- Seus pais não estão? – Perguntei sentindo-me desconfortável por estarmos a sós

Pierre sorriu e fez que não com a cabeça:

- Minha mãe morreu há quatro anos – Disse com um olhar triste

- Sinto muito – Respondi – E seu pai

- No Canadá – Respondeu

- Trabalhando? – Questionei percebendo uma certa fúria dele ao se referir ao pai

- Não, ele mora lá – Disse dando de ombros

Agora minha cabeça girou:

- Você mora aqui sozinho? – Agora tive de olhar em seus olhos

- Sim – Respondeu percebendo minha incredulidade – Sou emancipado

Tá agora eu escancarei a boca e depois a cobri com as mãos

- Uau! – Disse sem saber mais o que dizer

Ele sorriu:

- Vamos trabalhar? – Perguntou apontando para uma tela na sala colocada em cavaletes e tudo.

Como Pierre era emancipado e podia ter uma casa daquelas:

- Herança da minha mãe – Disse percebendo a dúvida em meus olhos e sorrindo completou – Relaxa Dave não sou da máfia nem nada parecido

Agora quem sorriu fui eu e em seguida começamos a arrumar as coisas para o trabalho. Agora sei por que Pierre se comportava daquele jeito. Não que ele fosse metido como eu achava, mas sim porque depois que sua mãe morreu por algum motivo que não quis saber para não parecer mais intrometido do que estava sendo, ele pedira sua emancipação ou até brigara por ela. Um menino de 16 ou 17 emancipado teria que aprender a se virar sozinho se o pai não o ajudasse e pelo que vi em na mágoa apresentada no rosto de Pierre, seu pai não o ajudava muito.

Emancipado. Pierre era emancipado eu fiquei com aquilo na cabeça, nunca tinha conhecido um emancipado antes. Mas algumas dúvidas ainda pairavam em minha cabeça. Pierre era emancipado, não terminara ainda o colegial e nem trabalhara como ele se mantinha e manteria aquela casa? Sim por que ele tinha de comer né?

Tentei me esquecer disso por um momento para que nos concentrássemos no trabalho de Artes, afinal ele parecia tão interessado quanto eu em ganhar o prêmio.