Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Visita inesperada.

Sai da festa sem me despedir de ninguém. Passei pela mesa de Renatinha, Débora e as meninas da minha antiga cidade como um raio.

Eu estava com o choro entalado na garganta, mas não ia escorrer nenhuma lagrima.

Entrei no carro, me jogando deitada no banco.

- Paulinha, a Micka não vem? – Perguntou meu motorista.

- Não, hoje ela vai dormir aqui na Leka. – Fingi um sorriso. – Podemos ir, de preferência rápido e em silencio.

Ele então não falou mais nada, apenas acelerou a caminhonete e fomos rumo à fazenda de vovó.

Chegamos o mais rápido que o possível permitia. Agradeci, pedi perdão se disse algo que ele não gostasse e subi direto para o meu quarto. Antes tirando os sapatos, para que não fizesse muito barulho.

Ralph veio me receber.

- Ei cara. – Sussurrei, abraçando-o na cabeça. – Vem, vamos dormir.

Entrei no meu quarto já tirando toda a roupa, deixando-a jogada pelo chão mesmo.

Corri para o banho, tirando toda a maquiagem e o cheiro de festa que tinha em mim. Sequei meus cabelos apenas com a toalha, deixando-os ainda úmidos.

Vesti meu pijama curto, apenas um shorts e uma regata mais colada preta.

Escovei meus cabelos e me joguei em baixo das cobertas, me cobrindo ate o topo da cabeça.

Estava prestes a dormir quando meu celular vibrou.

Puxei-o para dentro das cobertas tbm, olhando no visor.

O numero não tinha identificação, mas também não precisava, eu ainda sabia de quem era.

Deixei tocando, não iria atendê-la.

Tocou, 1, 2, 5, 12, 24 vezes. E então quando achei que havia desistido uma msg chegou.

“- Me atente Paulinha, estou aqui sozinha, no frio, na frente da sua fazenda. Bjs Débora.”

Aquilo mexeu com o meu estomago.

“O que você esta fazendo aqui guria?” – Respondi.

“Vim apenas conversar com vc. Me atende vai, temos que ter essa conversa. Tudo ficou em aberto quando você se mudou. Já passou tanto tempo, éramos amigas a cima de tudo. Me atende, vim só pra falar com você.”

“Caralho mesmo. Espere ai que mandarei buscá-la.”

Fechei o celular, passei a mao no rosto, esfregando os olhos. O que ela tem tanto para me falar? Depois de 3 anos ela ainda tem o que falar?!

Me levantei, calcei meus chinelos. Desci do jeito que tava, apenas peguei um moletom, caso estivesse frio la fora.

Quando cheguei à porta, Débora já estava descendo do carro.

- Oi. – Falei seca, abrindo para ela entrar.

- Ei Paulinha. – Sorriu, me dando um beijo no rosto.

Me afastei, abrindo mais a porta.

- Entra ai.  – Falei, vestindo o moletom, já que percebi seu olhar descendo pelo meu corpo. – Ta com fome? Quer beber algo?

- Não, eu to bem. – Me respondeu docemente.

- Ok, vamos à cozinha, vou tomar leite e ai conversamos. – Disse já entrando na cozinha e abrindo a geladeira.

- Você cresceu. – Disse Débora, sentando em uma das cadeiras da mesa.

- Ufa NE...- Respondi. – Seria complicado ter 14 anos para sempre. – Sorri falsamente.

- Ah, seria uma graça. – Brincou.

Peguei a caneca com leite e me sentei, nem do seu lado, nem na sua frente. Me sentei na diagonal, o mais longe que pude.

- Mas fala ai, o que tem tanto pra me dizer.

- É tanta coisa Paula, tantas que fiquei ate sem palavras. Te olhar assim, tão de perto.

- Hum. – Falei com desdém. – Então melhor eu subir e você ir pra casa. – Comecei a me levantar.

- Não, espera. Nossa... Você esta muito mudada.

- Sim, estou. – Me sentei novamente. – Tudo mudou.

-Nem tudo. Eu ainda te amo.

Não me agüentei, ri, mas ri com vontade.

- Ah Débora, essas horas da madrugada... – Balancei a cabeça.

- Quando você partiu meu coração se arrebentou. Eu sei que não fui a melhor namorada do mundo para você... Mas eu era criança também Paulinha.

- Criança? Você já tinha o que? 17, 18 anos?

- Sim, mas tinha a cabeça pequena, eu estava na curtição. – Respirou fundo. – Me arrependo demais.

Sorri. – Tudo bem, disso eu já sabia. – Pensei um pouco. – Tinha certeza que você iria se arrepender.

- Eu vim pra te buscar.

- Que? – Falei perplexa.

- Para de agir assim Paulinha. – Pegou na minha mao, porem logo puxei-a. – Eu vim pra dizer que te quero.

- Legal. Tenho namorada.

- Namorada? Namorada Paula? A menina nem te olhou na cara a festa toda.

- Ela estava com ciúmes.

- Ciúmes de mim?

- Certamente, não?

- Ela não é pra você Paulinha, ela é insegura, é uma pirralha.

- Tem a minha idade. – Sorri.

- Mas não a sua cabeça. Por favor ne... Quem que deixa a namorada largada em uma festa por conta de ciuminho barato? Paulinha você mesmo me ensinou que ciúmes e discussão se têm em casa.

- Não Débora... Isso você quem me ensinou.

- viu... Somos perfeitas uma para a outra. – Disse e ficou me olhando.

- Ta certo... Algo mais?

- Como?

Me levantei da cadeira.

- Você tem algo mais pra falar alem de mal da minha namorada e do tanto que me quer?

- Não. – Abaixou a cabeça.

- Hum, bom. – Mostrei-lhe a porta. – Pode ir então, peca para o motorista te levar ate onde seu carro esta.

- Você mudou tanto. – Disse me encarando nos olhos. – Não é mais a menininha doce que eu conheci.

- Não mesmo... Você me fez assim... – Sorri. – Mas relaxa que o meu lado doce, a minha namorada conhece bem. – Pisquei e fui andando para a escada. – Não se esqueça de fechar a porta quando sair.

Subi para o meu quarto, me deitando na cama. Mas dessa vez, nem cogitando a idéia de dormir.