Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Rotina.

Me esconder de Michaella já virou uma rotina.

Gazear aulas, sentar afastada, tudo que me fizesse não encarar aqueles olhos verdes claros e aquele sorriso de criança eu estava topando.

Por mim nunca mais iria a escola, porem ano de vestibular acaba com qualquer plano de sumiço.

Ver Micka hoje, mais cedo na sala de aula mexeu com todos os meus sentidos e sentimentos.

Ela estava linda, maravilhosamente preocupada com o teste, dava para ver de longe. Pensei em ajudá-la, em falar alguma coisa, então lembrei que Micka não era mais minha, e que talvez falar não fosse o correto, pelo menos por enquanto.

Terminei meu simulado o mais rápido que pude, por sorte ele estava facílimo, o que me proporcionou uma saída rápida daquela tortura.

Me levantei depressa, trancando a respiração, pois cada vez que se mexia sobre a cadeira, o perfume de Micka invadia minhas narinas, inundando todo o meu pulmão.

Entreguei a prova e fui para a casa, não queria dar a chance de ver Micka, muito menos Eleonora que certamente enxeria minha cabeça com perguntas sobre meu namoro, ou meu ex-namoro, como preferirem.

Fiquei deitada ate a hora do almoço, desci para acompanhar meus avos, mas não quis comer nada. Para falar a verdade já é o quarto dia que não como. A fome não vem, se forço enjôo...

Fui tentar dormir a tarde, mas meu celular estava impossível.

12 ligações de Leka, quatro mensagens dessa novamente.

Tudo igual, tudo falando a mesma coisa.

“Me atende sua emo...”

Confesso que ate ri, achei engraçadinho o jeito de leka, mas atende-la eu não queria. Não estava com vontade de falar com ninguém.

Eram quase 18:00 horas quando abrem a porta do meu quarto.

- Ah ta... atender o telefone para que, não é?- Eleonora invadindo o meu quarto com uma cara de ódio que juro, me deu um certo medo.

- O que você quer heim?- falei totalmente desanimada.

- Primeiro quero que você coma. – Jogou um sanduiche, desses de posto de gasolina em mim. – Depois precisamos conversar... serio. – Me encarou.

- Não quero comer. – Falei, jogando o sanduiche sobre o criado mudo. – Que medo de você... fala ai, o que rolou?

- Coma. – Pegou o Sanduiche e colocou na minha mao novamente. – O que rolou é que estou no meio de duas amigas destruídas e estou ficando desesperada. Micka só chora, você, bom... você sumiu do mapa. Não sei mais o que fazer... ninguém me fala nada. Só sei que sua ex veio aqui... – Parou de falar um pouco. – Por que ta tudo assim?

Respirei fundo, passei a mao na sobrancelha, cocando-a.

- Olha Leka... eu também não sei o porquê de tudo estar assim... Tua amiga é louca. – Tentei sorrir.

- Minha amiga? Minhas amigas... – sorriu. – Porque ambas são retardadas. Se gostam e ficam chorando uma em cada canto.

-Micka quem terminou. – Dei de ombros.

- Por birra... você conhece ela.

- Que seja por birra, por manha, por criancice, por desespero... tanto faz... ela terminou.

- Mas ela não quer ta terminada. – Gritou leka. – Ela vive perguntando de você. –Fez beicinho, como quem fosse chorar.

- Hum... – Me desarmei. – Eu também não queria estar longe, amo aquela criança... mas Leka... ela tem que me entender também... eu não posso passar a mao na cabeça dela em todas as loucuras.

- Ah Paula... por favor... ate eu ficaria um pouco surtada com sua ex aqui.

Eu ri, ri da tragédia. Foi engraçado o jeito com que Eleonora falou. Me fez ver que talvez fosse melhor eu ir falar com Micka.

- Bom, sei la... tanto faz agora... já foi ne? – Sorri sem jeito.

- Micka ta mal.

- Eu também estou.

- Faltam quatro semanas pro vestibular.

- É, eu sei.

- Você poderia ajudar... – Disse com cara de safada.

- Ajudar? – Ergui uma sobrancelha.

- Sim, iremos fazer o final de semana do estudo.

- Nossa... que empolgante... tudo que sempre quis. – Ironizei, erguendo os braços.

- Ah, pelo menos a Micka estará la... amanha, sábado e domingo. Dormindo la em casa, só eu e ela... – Mexeu as sobrancelhas.

- Que perigo, não?

Leka me encarou nos olhos, veio mais para perto.

- Para de me zoar e entenda que você estará la em casa e você estudara com ela e vocês... bom... vocês vão voltar. Porra. – Gritou histericamente.

- Não, não. – Falei.

- Aff, sabe de uma coisa? Eu desisto. Fique ai dando uma de emo, chorando, colocando musiquinha medíocre no Orkut.

- Ei, não fala mal da minha musica.

- Da sua musica talvez não, mas do que ela fez com a minha amiga sim. Você não tem noção no efeito que seu desabafar deu... Micka esta inconsolável. – Deu de ombros. – Mas você não liga ne? – Sorriu ironicamente. – Nem vai se importar também em saber que ela acha que zerou o simulado. – Balançou a cabeça negativamente. – Sabe Paula... amanha, a partir das 13:30... você pode mudar muita coisa... basta querer. – E saiu do meu quarto, me deixando sentada na cama com cara de besta.