Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Vestibular... O carrasco, a gripe
da sexta feira, a falta de dinheiro no shopping.

Finalmente o vestibular estava ai.

Nem estava acreditando que enfim o final de
semana mais terrível do ano havia chegado.

Assim que desci do ônibus em São Paulo me senti
tonta, eram tantas pessoas, tantas buzinas que comecei a me senti uma sardinha
esmagada.

Com uma mochila nas costas e um papel na mão
sai em busca do irmão do papai. Olhei pelo saguão todo até encontrar o meu tio
e minha prima, que logo vieram ao meu encontro.

Fomos para a casa deles, no Anhembi, aonde esta
localizada também a grande USP, aonde prestaria o vestibular.

O caminho todo minha prima ficou me contando
como era maravilhoso o campus da faculdade, que o vestibular é extremamente
complicado, que ela tentou por três anos até conseguir passar em Educação
Física.

Meu estomago começou a doer. Pense, se precisou
de três anos para passar em educação física, quantos anos precisarei para
passar em medicina? Cheguei até a ficar com náuseas. Mas logo passou, quando
chegamos ao apartamento dos meus familiares.

Deixei as minhas coisas no quarto de Claudinha,
e fomos tomar um delicioso café da manhã. Claro que depois de avisar meus pais
e o meu amor que havia chegado sã e salva na cidade formigueiro.

Depois do café, fui para o quarto me agarrar
nos livros. Paulinha havia sublinhado tudo o que eu deveria decorar. Bom,
olhando para o livro, seria mais fácil procurar o que não era para ser
decorado.

O almoço logo chegou, depois o café da tarde e
enfim o jantar. Assim que sai da mesa Paulinha ligou.

- Oi meu amor. – Falei cheia de saudades.

- Oi minha vida. – Falou com a voz baixinha,
suave.

- Como você esta? Já estudou para amanhã?

- Ixe amor, você sabe que eu nunca estudo né? –
Riu. – Mas eu dei uma lida sim. Durou 30 minutos, mas juro que li.

- Ai ai ai amor... Você esta estudando muito
pouco. Medicina Veterinária não é tão fácil como você acha?

- Relaxa amor, você que esta viciada em
estudar. – Riu.

Não consigo entender como Paulinha conseguia
estar tão calma. Amanhã seria o grande dia. Conversamos sobre minha chegada
aqui, sobre meus tios, minha prima, a cidade, falamos sobre nós, sobre saudades
e terminamos mais uma vez no principal assunto: Vestibular.

Desliguei e voltei para os livros. Essa noite
eu teria que dormir cedo, mas o desespero e a ansiedade não deixaram, acabei
passando a noite toda enfiada em física, química, matemática e todas as
matérias existentes no mundo.

6:45 e o celular começou a berrar como um louco.
Estava na hora de se preparar para a grande prova. Vesti meus jeans, meu shox,
uma blusinha simples branca e o moletom da sorte da Paulinha, que generosamente
me emprestou.

 7:20 da
manhã e eu já estava perambulando pelo campus da USP. Que lugar gigantesco, se
Paulinha estivesse aqui já estaria inventando várias lendas assustadoras sobre
esses corredores. Minha sala de prova seria a 502 e eu ainda estava na 220.

- Mas que cacete, cadê essa sala? – Pensei em
voz alta.

- Que sala? – Uma voz grave se pronunciou atrás
de mim.

- Ah...- Me virei, para olhar para o dono da
voz. – Oi... – Arregalei os olhos, sem conhecer o rapaz com quem estava prestes
a conversar.

- Oi. – Sorriu. – Desculpe a intromissão, é que
gosto de socorrer donzelas indefesas.

Eu ri, achei engraçado o jeito com que ele
falava.

- Tudo bem, preciso de ajuda mesmo. Sabe onde é
a sala 502? – Entortei o lábio.

- Opa, a mesma sala que a minha. Quer ser
medica heim. – Sorriu.

- Meu sonho.- Sorri também. – Pelo jeito você também
NE?

- Sim. – Sorriu. – Mas esse sonho já estou
conquistando. Fui calouro ano passado, e calouro tem que ser monitor de
vestibular. Vem, vou te levar ate lá. – Encostou sua mão no meu ombro, me
levando pelos corredores. – Como você se chama heim, futura caloura?

- Michaella. – Ri. – E você? Futuro veterano?

- Rafael. – Me olhou nos olhos. – Bom, aqui
terminamos o papo. Sala 502. – Apontou para a plaquinha da sala.

- Ah, obrigada. – Sorri. – Vou lá. – Respirei fundo,
entrando na sala.

- Ei, Michaella. – Rafael gritou, me fazendo
virar pra trás.

- Nos vemos nas aulas heim. – Piscou.

Um frio passou por todo o meu corpo. Que as
palavras de Rafael virassem realidade. Entreguei o papel da inscrição ao
professor e fui me sentar, tirando apenas um lápis, uma caneta e uma borracha
do bolso da calça.