Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Primeiro
porre.

Fiquei petrificada na mesa, olhando Michaella
se afastar, até sair do meu campo de visão.

Olhei para o dinheiro jogado ao chão e para a aliança,
deixada sobre a mesa.

Chamei o garçom, pedi mais algumas tequilas.
Tomei-as compulsivamente como se fossem pequenas doses de água.

Fiquei controlando meus sentimentos, eu não iria
chorar, na verdade, minha mente estava muito travada para liberar as lagrimas.
Fiquei pensando no que Micka acabará de dizer, em como seria minha vida sem
ela.

Paguei a conta, me levantei da cadeira. Assim
que me pus de pé o mundo começou a girar, girar tão rápido que senti medo de
cair. Caminhei lentamente, tentando me segurar nas paredes do bar.

Ao sair do bar, meu motorista apavorado já veio
em meu socorro.

- Paulinha, o que aconteceu? – Disse ele, me
segurando.

- Nada. – Soltei uma gargalhada. – Apenas uns
goles a mais.

Vi que ele me olhou assustado, não era comum eu
beber, na verdade, eu nunca havia bebido, não a ponto de ficar bêbada, pra ser
mais exata, nem ao ponto de sentir calor. No máximo dois ou três goles do que
amigos poderiam estar bebendo.

Entramos no carro, eu abri os vidros, a
necessidade do vendo em meu rosto era bruta.

- Para casa, senhorita?

- Senhorita? – Eu ri. – Não... Me leva na
Eleonora.

Fui cantarolando todas as músicas bregas lembradas
pela minha mente bloqueada. Assim que paramos o carro, fiquei tentando discar
para Leka, mas toda vez que eu ia falar o celular estranhamente desligava.
- Mas que porcaria. – Falei irritada.

- Precisa de ajuda? – O motorista se fez útil.

- Liga para a Leka, por favor, diga que estou
aqui na frente, que to querendo conversar com ela.

Ele vasculhou minha agenda do celular e o
colocou no ouvido. Não pude ouvir o que Leka dizia, mas achei engraçado quando
o motorista falou:

- Ela bebeu, muito, pelo jeito que esta.

Não demorou nem cinco minutos e Leka estava
chegando perto de mim, rindo.

- Mas é um bebe mesmo. – Disse, me abraçando. –
Vem, vamos subir, mas tenta não fazer muito barulho, meus pais estão em casa.

Dispensei meu empregado e segui, me segurando
em Leka até seu quarto. Ao entrar avistei Michaella, sentada sobre a cama de
Eleonora, com os olhos inchados de tanto chorar.

- Ah você por aqui. – Abri um sorriso enorme. –
Que engraçado, achei que nunca mais te veria.

- Nossa, ta um gambá de bêbada. – Falou Micka,
se levantando da cama.

- Ah, você não liga, já esteve assim tantas
vezes. – Falei, querendo agredi-la com palavras.

- Me poupe Paula. – balançou a cabeça, em forma
negativa. – Leka, traz um balde que essa noite será de vômitos.

Fiquei mais um tempo falando milhares de baboseiras,
muitas não faço idéia do conteúdo. Em meio à euforia um aperto forte no meu coração
me lembrou do que estava acontecendo, e meus olhos me traíram, deixando escapar
lagrimas sofridas.

Leka me abraçou pelos ombros, ficando ao meu
lado.

- O que foi agora Paulinha? – Perguntou carinhosamente.

- Como vai ser Leka? Eu aqui, ela lá. – Disse em
meio ao choro, olhando para a minha amiga e depois para Micka.

- A gente da um jeito. – Falou Micka, se
ajoelhando na minha frente. – Vai ficar tudo bem.

- Não vai... Nem férias... Tudo ta tão estranho.
– Continuei descarregando o que sentia.

- Amor, é perto, eu venho os finais de semana,
ou então você vai para lá. – Respirou fundo. – Vai ficar tudo tranqüilo, você nem
vai notar que eu to tão longe.

- Não? – balancei a cabeça. – Talvez você não note,
mas eu sim. – Ia continuar o discurso, mas uma carreata de baba encheu a minha
boca e quando percebi estava vomitando tudo que dava no chão do quarto de Leka.

- Ah não... – Essa gritou, colocando o balde na
minha frente.

Segurei aquele objeto e voltei a vomitar,
tentando acertar-lhe o buraco. Repeti isso por mais cinco vezes, até o sono
bater.

Micka e Leka me colocaram na bi-cama, ao meu
lado o balde. Micka deitou comigo, ficando atrás de mim, super apertada contra
a cama de Leka, que também era de solteiro.

Assim apaguei, como um prédio todo em apagão.

Quando abri os meus olhos estava claro, olhei
para um lado, para o outro, estava sozinha, no quarto que demorei em perceber
de quem era.

- Alguém? – Falei baixinho, erguendo o meu
corpo e ficando sentada. Minha cabeça latejava muito. Passei a mao no rosto,
esfregando os olhos. O balde não estava mais ao meu lado, nem o vomito no
tapete do quarto. Levantei-me, fui ao banheiro. Lavei bem o rosto. Como estava
sem escova de dente, escovei-os com o dedo mesmo e passei listerine. Escovei os
cabelos, eu estava péssima, os olhos estavam inchados, a cabeça martelando, a
marca do travesseiro na bochecha esquerda.

- Acordou a margarida, ole ole ola...-
Cantarolou Leka, entrando no quarto.

- Xiu. – falei colocando o indicador em frente
aos lábios, pedindo silencio.

- Ah, dor de cabeças é minha querida?

- Muita. Que horas são? – Perguntei baixinho.

- Acabei de chegar da aula. – Riu.

- Nossa que vacilo o meu. Cadê a Micka? –
Perguntei ansiosa.

- Na casa dela, disse que ia almoçar e vinha
para cá te ver. – Sorriu. – vocês ainda me matam com essas crises.

- Crise Leka? Ela vai embora. – Respirei fundo.
– E o pior, amanha. – Mordi o meu lábio inferior, mania que peguei com a Micka.

- Mas não é o fim do mundo, vai ser foda, mas
pensa... é perto.

- É, sei lá... vou esperar ela chegar aqui e
vamos conversar.

Fiquei um pouco deitada, ate o almoço ser
servido. Comi muito pouco, meu estomago estava irritado, nunca havia sentido
tanto álcool na vida. Leka me deu uma aspirina e ficamos esperando Micka
aparecer.