Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Amanheceu.

De tanto nos amarmos acabamos adormecendo. Por
volta das 3:30 da manhã eu não conseguia mais dormir. Micka parecia um anjo em
meus braços, seu sono era pesado, seu semblante estava suave, como se sonhasse
um sonho bom.

Fiquei acariciando seus cabelos, observando sua
respiração pelo resto da madrugada. Tentei por muitas vezes policiar meu
pensamento, batalha cruel e difícil já que tudo me fazia lembrar que a noite
estava por acabar.

Como faríamos daqui para frente? Estamos tão
acostumadas, ou mal acostumadas, a ficar juntas todas as horas dos dias.
Acordar e se ver, almoçar junto, passar a tarde grudadas. Um pedaço do meu
coração esta começando a derreter.

Tive por muitas vezes vontade de abraçá-la
fortemente, esmagá-la contra o meu corpo, mas tive pena de acordá-la. Chorei
baixinho, controlando os espasmos de dor que meu corpo transmitia.

Pude ver quando os raios de Sol começaram a
invadir o quarto de hotel, entrando sutilmente pelas frestas das longas
cortinas.

Meu coração batia forte a cada minuto que
mudava o relógio. Minha vontade era gritar, acorrentar Michaella em mim para
que nunca fosse embora.

7:40 da manhã, era hora de fazê-la acordar.
Respirei fundo, buscando forças e coragem.

- Acorda meu amorzinho. – Sussurrei em seu
ouvido, dando-lhe um beijo na face.

- Num quero. – Falou dengosa, me arrancando um
leve sorriso.

- Tem que acordar minha vida, daqui a pouco seu
pai te ligará.

- Diz que eu morri.

- Micka. – Falei mais ofensiva. Odiava quando
ela falava essas besteiras.

- Tá bom, tá bom. Diz que eu to no banho então.
– Riu, abrindo seus olhinhos verdes.

Nossos olhos se encontraram, ficamos em
silêncio por alguns segundos, controlando nossos corações.

- Tá na hora né? – Me perguntou chateada.

Fiz que sim com a cabeça.

- Você andou chorando? – Continuou a falar.

Novamente afirmei com a cabeça.

- Por que não me acordou amor? – Falou se
aninhando em meu peito.

- Você dormia tão lindamente. Parecia uma
princesinha. – Falei baixinho, forçando uma animação na voz.

- Agora que o dia chegou, eu sinto que ir não é
a melhor escolha. – Se apertava em meu corpo. Pousei a mão em sua cabeça,
empurrando-a contra mim.

- Você tem que ir. É a vida. Você tem que ir atrás
da sua.

- E você?

- Eu? Eu vou estar aqui, correndo atrás da
minha vida.

- E a gente? – Perguntou chorando.

- A gente... – Pausei um pouco para pensar. Na
verdade eu também não sabia o que responder. – Hum... a gente segue sendo Micka
e Paula.

- E o que é Micka e Paula? – Me perguntou com
os olhinhos molhados.

- Um amor maior do que a distância, do que as
situações da vida, que as brigas. Uma eternidade de amor. Micka e Paula é a
tradução do ser feliz. – Sorri.

- Só serei feliz com você. – Me afirmou com
firmeza.

- Então você é feliz meu amor. Eu estou com
você. Continuarei com você. – Beijei sua cabeça.

- Ficaremos juntas não é? Mesmo em cidades
diferentes, não é? Me prometa.

- Ei, Micka... – Respirei fundo. – Ficaremos bem.
– Fitei-a nos olhos, com o coração amedrontado, com a garganta dolorida, com o
estomago revirado.

Ela respirou fundo, se encostando novamente em
meu peito. Ficamos por mais um tempo assim, curtindo nosso silêncio, até que
seu pai ligou, pedindo para que fosse para casa, pois logo pegariam estrada.

Nos arrumamos rápido, entreguei para ela o meu moletom
novo.

- Tem rosa. – Sorri. – Fica melhor em você.

- Obrigada. – Sorriu também, me abraçando. –
Vai ficar tudo bem né?

- Sim, tudo ficará bem. – Beijei-lhe os lábios,
intensificando, mostrando o quanto eu a amava.

Assim que nossas bocas se separaram nossos
olhos estavam cheios da água novamente.

- Ei, chega. A gente vai ficar bem. – Repeti novamente.
Apenas não sei se foi para ela ficar calma ou se foi para eu me convencer.

Nos beijamos de novo e de novo até o pai dela
ligar mais uma vez. Saímos do hotel com o meu motorista já na porta.

- Para a casa da Micka. – Falei sem ânimo. Ele
como sempre se pôs quieto, mesmo sabendo que algo estava ocorrendo.

Chegamos rápido em sua casa. Com o carro parado
em frente e a gente dentro dele lhe dei mais um beijo, o primeiro beijo na
frente de alguém que poderia contar aos meus avós.

- Eu te amo. – Falei com os lábios nos seus.

- Eu também, muito. – Sussurrou e me beijou
apaixonadamente.

Fiquei olhando enquanto Micka saia do carro e
subia as escadarias da sua casa.

Cada degrau avançado era um aperto a mais no
meu peito.

Não agüentando mais segurar, assim que Micka
fechou a porta de casa, cai em um abismo de desespero e choro, embalando
soluços.

Fomos para casa, aonde entrei sem falar com
ninguém. Subi para o meu quarto, jogando-me na cama e dando-me o tempo
necessário para me acalmar.