Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Começo da nova vida.

Segunda feira, em outras épocas seria a melhor
segunda do ano, pois seria o primeiro dia de férias, mas para mim, era como a
segunda semana de fevereiro, o terror, o primeiro dia de aula.

Acordei cedo, tomei um banho quente e me
arrumei. Vesti jeans e uma regata azul, o verão já mostrava sua força. Levei um
casaquinho só por desencargo de consciência.

No caminho do curso, sentada no ônibus, vendo a
vida passar lá fora fiquei imaginando como estaria daqui a alguns anos.

Uma médica com certeza, mas será que Paulinha
estaria ao meu lado?

A insegurança é assim, nos faz duvidar do que é
o certo para nós.

Deixei de lado esses pensamentos bobos e me
perdi no mundaréu de pessoas buscando o mesmo que eu: Ser uma estudante da USP.

- Oi, por favor, pode-me dizer onde fica a sala
05? – Perguntei para a mulher da secretaria.

- Terceiro corredor à direita. – Disse mal
encarada.

- Obrigada. – Continuei simpática, a culpa não
era dela de ter nascido tão feia e gorda.

Segui as coordenadas da feinha e cheguei a
minha sala. Sentei-me, quieta, não estava muito afim de fazer amizades.

A aula começou logo em seguida, a professora se
apresentou e já começou com a matéria.

Admito ter ficado apavorada. Será que a
faculdade também é assim? Cadê as apostilas?

Tratei de copiar tudo que ela passava no
quadro. Que saudades de Paulinha aqui do meu lado. Ela com certeza já estaria
discutindo com a professora para ver quem sabe mais.

A manhã passou rápido, era tanta matéria que
nem dava para ver quem estava na sala. No intervalo fiquei relendo o que a
professora passou e nesse clima de nerds continuei a manhã todinha.

Os dias foram passando tranquilamente.

Na quarta feira fiz minha primeira amizade.
Caroline.

Ela não é bem o que se espera de uma estudante
de medicina. Tem os cabelos vermelhos e a língua perfurada. Mora com a mãe e
uma irmã em um kit net na Rua Augusta. Diz que sua mãe trabalha com sexo, bom,
eu não sou ninguém para julgar, né?

Quando contei para Paulinha sobre Carol, essa
teve crises de riso. Falou que em breve me chamariam para o bordel da família.
Boba, vê graça em tudo que conto daqui. Isso que, São Paulo é sua cidade natal.

Sexta chegou rapidinho, como surpresa não
contei para Paulinha que iria para casa. Papai apareceu lá por 12:40. Almoçamos
na estrada, em uma churrascaria até que razoável.

Papai estava empolgado, acabará de pegar a
chave do loft, o que me deixou radiante. Um canto meu era tudo o que precisava.

Chegamos em Cornélio quase 16:00 horas. Dei um
beijo em Miguel e na mamãe. Peguei Brutus, dei uma volta pelo quarteirão. Conversei
com seu Zé do mercadinho, dona Joana da padaria e voltei para a casa.

Tomei um banho, aqui estava mais quente do que
em Sampa.

Vesti um shorts jeans colado, uma regatinha
branca e shox branco com azul. Deixei os cabelos molhados, apenas passei o
pente. Fiz uma maquiagem clara e suave, apenas um lápis preto e rimel para
destacar meus olhos claros. Banhei-me de perfume, queria deixar Paulinha anestesiada.

Mandei uma mensagem marota, tinha que descobrir
onde ela estava.

“Hey gatinha, por onde você anda? Com quem? Fazendo
o que? Te amo, saudades.”

Não demorou mais do que um minuto e a resposta
já veio.

“Oi lindinha, estou em casa. Sei lá, hoje to
chata. Tô com saudades ai nem quis estorvar com a louca da Eleonora. Amo
demais. Você podia voltar né? Rsrs.”

Fiquei um pouco triste com a mensagem, não
queria Paulinha para baixo e convenhamos, ela esta assim pela nossa distância.

Peguei minha bolsa e fui em busca de um ônibus.

Demorei um pouquinho até chegar próximo a casa
de Paula. Como de costume, desci na beira da estrada batida e sai andando até
chegar no portão da fazenda.

- Ei Micka. – Sorriu Durval, o segurança.

- Oii Durval. – Bati com a minha mão na sua. –
Firmeza?

- Firmeza. – Disse risonho. – Senti sua falta
por aqui heim. – Abriu o portão para mim. – Quer que eu mande te buscarem aqui
em cima?

- Não, eu to fazendo surpresa pra Paulinha. –
Sorri.

- Ok então, cuide-se. Ralph esta solto. – Riu.

Andei com calma pelo quintal principal. Já
podia ver a casa quando Ralph veio em minha direção.

- Ei garoto. – Acariciei sua cabeçona. – Cadê
sua mãe heim?

Escoltada pelo fiel amigo de Paulinha cheguei
na varanda da casa. Toquei a campainha, Dona helena, avó de Paula quem atendeu.

- Menina, que surpresa boa. – Me abraçou
apertado. Fiquei um pouco sem jeito, era estranho saber que Dona Helena tinha
certeza que beijo a boca de sua neta, ou então que faço muitas outras coisas
com ela. Ai Deus, melhor nem pensar muito.

- Vim fazer uma surpresa. – Sorri, me afastando
do abraço.

- Paulinha vai amar, ela anda tão amuadinha.

Trocamos mais algumas palavras e subi para o
quarto de Paulinha. Senti meu coração acelerando a cada centímetro percorrido. Parei
em frente à porta, respirei fundo, com a barriga cheia de formigas. Do outro
lado estaria o amor da minha vida. Quanta saudades.