Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Questão de confessar.

“Estou em um abismo,
um corredor vertical de lamúria e escuridão.

Sinto-me em uma reta
sem fim, caminhando em passos largos para longe do viver.

Se grito o eco me ensurdece.
Se choro, as lágrimas me afogam. Cortaria meus pulsos agora,

Mas o gilete está
enferrujado.

Tiro os cadarços dos tênis,
uma morte por enforcamento me parece lírica.

Busco uma cadeira, meu
suicídio tem que ser um tanto quanto teatral.

Ping ping ping, um
barulho semelhante corta pela raiz minha excitação pela não vida.

Chego ao banheiro, à
torneira para variar está aberta.

Fecho, abro, fecho.

Tem tanta água para
rolar ainda.”

Largo o caderno, encaro o escrito e começo a
rir.

“É Paulinha, você precisa dormir”.  – Penso e volto a rir da minha loucura.
Certamente assim que Eleonora ler vai colocar a mão em minha testa e falar: -
Amiga, você é tão emo.

A vida é engraçada, jamais seria capaz de fazer
algo assim, me matar. Mas no papel me “auto-assassino” todos os dias.

Deve ser meu eu perturbado que sai de minhas
entranhas para as linhas traçadas das folhas de papel.

Uma agitação na sala me tira dos pensamentos.
Até pensei em ir averiguar mas meu desinteresse era tanto que preferi entrar no
banho. Uma ducha rápida, sem muita enrolação, o calor estava me matando.

Sai do banheiro batendo a toalha branca nos
meus longos cabelos negros. Vestia um short azul, curto, desses de algodão que
pouco escondem as coisas. Em cima estava apenas de top, não pensava em sair do
quarto mesmo.

Escovei os cabelos, deixando-os pingarem um
pouco pelas costas. Peguei uma água de cheiro, perfume de bebê como diz a minha
namorada e comecei a passar lentamente pelo meu corpo. Pernas, coxas, braços,
pescoço, seios, rosto. Estava deliciando a minha barriga desse aroma quando a
porta do quarto é escancarada.

Fiquei parada, segurando o perfume, apenas
olhando em direção a Micka, que acabará de entrar e fechar a porta.

Ficamos nos olhando por um tempo, acho que
precisei raciocinar para crer que era verdade.

- Oi? – Disse ela, abrindo um sorriso moleque e
encarando o meu corpo.

Abri o meu melhor sorriso, transparecendo toda
a minha alegria em vê-la.

- Paixão. – Abri meus braços, aguardando o seu
abraço.

Micka me apertou com força, esmagando meu corpo
no seu. Logo buscou a minha boca, dando-me um beijo apaixonado e saudoso.

- O que faz aqui? – Falei assim que paramos de
nos beijar.

- Surpresa. – Abriu seu sorriso fofo.

- Que surpresa linda. – Beijei-lhe todo o rosto.

- E onde você estava indo vestida assim heim? –
Me encarou de cima a baixo.

- Ah, em um lugar muito interessante. – Sorri. –
Ali. – Apontei para a cama.

- Hum, então podemos continuar o caminho, não? –
Sugeriu sapeca.

Nem precisou falar mais nada, nos beijamos e
grudadas fomos ate a cama.

Cai de costas nessa com Micka sobre meu corpo.
Nossos beijos apaixonados se tornaram quentes e indomáveis. Em poucos minutos a
roupa que eu já achava curta ficará menor ainda, até sumir por completo de meu
corpo. A despi também, deslizando a mão por toda sua silueta. Poderíamos estar
apenas uma semana longe, mas meu corpo sentia tanta falta como se tivéssemos a
vida toda separada.

Nos amamos, uma, duas, três ou mais vezes
naquele fim de tarde. Quando a exaustão chegou, aninhei meu amor em meus
braços, deixando sua cabeça em meu peito e fiquei acariciando-a, mexendo em seu
cabelo liso.

- Senti tanta saudades. – Sussurrei confessando
o meu sentir.

- Não tanto quanto eu. – Falou sorrindo.
Beijei-lhe os cabelos e fiquei olhando as estrelinhas fosforescentes grudadas
ao teto do meu quarto. Éramos cúmplices.

Ficamos assim, nesse misto de preguiça e
encantamento por algum tempo até meu celular nos despertar dessa mágica lua de
mel.

- Que? – Atendi arredia.

- Quanto carinho. – Ria Leka ao outro lado da
linha.

- Sempre você para atrapalhar meus momentos de
prazer.

- Está se tocando Paula? – Me perguntou séria.

Não me agüentei e cai na gargalhada. Micka
também riu, pois foi impossível não ouvir o que Eleonora havia exclamado.

- Quem está ai com você? – Perguntou brava. –
Esta traindo a Micka sua cachorra? –

- Não, besta. Micka está aqui.

- Esta? – Sua voz se tornou tremula.

- Oi amada. – Disse Micka, pegando meu celular.

Elas falaram algumas besteiras e combinaram de
se encontrar em uma hora, no Blitz, um barzinho GLS, no centro da cidade.

E lá se ia minha noite de preguiça e carícias.