Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Quatro Plantas.

Maior empenho sair com um bando de meninas héteros, em um
lugar cheio de homens e ainda por cima sem poder encostar em Micka.

Mas lá estava eu, vestindo uma roupa chamativa, com
pulseiras e maquiagem esperando uma das “lideres de torcida” aparecer com o
carro.

Já estávamos a mais de 20 minutos na portaria esperando
Claudia descer.

- Micka não quer ir de motorista não? – Perguntei já
impaciente.

- Calma amor. – Falou suavemente. – Você é muito impaciente.
– Sorriu.

- Impaciente? Eu? – Coloquei a mão sobre meus seios, me
sinalizando.

Eu ia falar mais algumas coisas mas uma menina cheirando a
flor saiu do elevador.

- Prima. – Gritou toda empolgada. – Desculpe a demora,
briguei com o meu cabelo. – Disse ela, abraçando Micka.

É, deve ter sido uma guerra fatal e pelo jeito o cabelo
venceu pois aquela presilha de flor branca e vermelha na sua cabeça a deixava
no mínimo ridícula.

- Essa é a minha amiga Paulinha. – Acordei do pensamento com
Micka me mostrando para Claudia.

- Oi. – Falei séria e depois sorri, lembrei que essa noite
era importante para Micka.

- Oiii, prazer, sou a Claudinha.- A flor humana se
apresentou.

- Paula. – Pisquei, lhe dando a bochecha para que encostasse
a sua.

Micka apenas me encarou, ela estava reprovando alguma coisa
em mim, mas o que seria? Será que estou pensando alto demais?

Ficamos conversando sobre coisas banais, Claudia não parava
de falar sobre os “gatinhos” que estariam na festa. Comecei a ficar entediada,
levantava e sentava no sofá com freqüência.

- Ta tudo bem? – Perguntou Claudinha.

- Oi? Eu? – Sorri, olhando para os lados, buscando uma
desculpa. – Sim, estou ansiosa para a festa. Uhul. – Ergui um braço, mostrando
toda a minha empolgação.

- Ai eu também to. – Riu. – Vou dançar demais hoje.

Estava prestes a me matar quando escutamos buzinas.

- Chegaram. – Falou Claudinha, pulando do sofá. – Vamos
amores. – Puxou Micka com uma das mão e com a outra segurou na minha. Fiquei
olhando para nossas mãos. Eu definitivamente não gosto de contato.

Saímos do prédio, dando de cara com um Celta prateado cheio
de meninas.

- A gente cabe ali? – Apontei para o carro.

- Eu sento no seu colo. – Piscou Micka, deixando tudo mais
gostoso.

Entramos no carro, já haviam três meninas nele. Fiquei
observando-as por um tempo, era tanta purpurina no rosto que pareciam bonecas,
ou então lantejoulas gigantes.

Micka me apresentou a elas, apenas sorri, já me sentando no
banco de trás do carro.

Nos apertamos e para a minha infelicidade Micka não precisou
sentar no meu colo.

No caminho todo fiquei ouvindo as meninas falarem de garotos
e de como fariam para pega-los.

Michaella e eu trocavamos olhares, éramos cúmplices no
tédio.

Finalmente chegamos. O lugar parecia legal, um barracão todo
decorado.

Entramos, realmente estava cheia, era tanta gente em um
lugar só que fiquei até zonza.

- Nossa, esta mais louco do que imaginava.- Disse uma das
meninas.

- Como vai ser? Aposta de quem pega mais? – Disse Claudia.

Ergui as sobrancelhas, apavorada com a urgia alheia.

- Micka também vai ficar né? – Disse a menina que veio
dirigindo o carro.

- Ficar aonde? – Falei atravessada, olhando-a fixo.

Elas riram, todas, menos eu e Micka.

- Ficar com os meninos, bobinha. – Piscou a menina para mim.

- Claro que não, eu namoro. – Sorriu Micka, tentando acalmar
os nervos.

- Mas ele nem esta aqui. – Riu uma das meninas. – Para de
ser boba, você acha que ele está te respeitando lá? A essas horas você já é
chifruda meu bem.

Meu sangue já estava fervendo. Estava prestes a mandar todas
essas garotinhas de merd* irem para a P.Q.P. 

- Ele está no meu coração, isso basta. – Micka falou séria,
o que cortou as risadinhas de todas.

- Tudo bem então, Micka é café com leite. E você Paula, vai
ficar?

- Não fico com meninos. – Respondi séria, encarando-as nos
olhos.

As meninas arregalaram seus olhos, se entre olharam.

- Como assim? – Perguntou Claudinha.

Micka estava me encarando, brava.

- Eu só fico com homens mais velhos. – Sorri falsamente.

- Ah, que divertido. Mais velho quanto? Uns 20, 30 anos? –
Claudinha novamente, praticamente me entrevistando. 

Pelo menos Micka estava sorrindo, felizmente limpei minha
barra.

- Não, mais velho, gosto dos que tem 50 anos. Amo um cabelo
branco. – Sorri novamente arrancando uma risada fugitiva da minha namorada.

- Vamos curtir meninas. – Falou uma das outras garotas.

Então fomos para o bar e depois tentamos curtir a festa.
Para mim tudo estava uma porcaria, a conversa era uma droga, as músicas
irritantes, as pessoas uma pior que a outra.

- Melhora essa cara vai. –Pediu Micka me olhando nos olhos.

- Melhorar mais que isso? Impossível. – Suspirei de agonia.

- Elas são gente boa Paula, apenas são louquinhas.

- Louquinhas? Elas são vagabund*s.

- Ei, minha prima esta entre elas.

- Pois então tenha conversas longas sobre caráter com ela.

- Nossa... olha como você fala. – Fechou a cara como se eu
estivesse errada.

- Vamos embora, por favor?

- Não, eu to adorando aqui.

Olhei para cima, precisarei de mais paciência do que de
costume.

Fiquei parada ao lado de Micka enquanto ela dançava com suas
amigas.

- Não esta gostando?- Perguntou Claudinha, aparecendo ao meu
lado.

- Não... eu não sou muito de festas.

- Percebi, você é tão quietinha.

Apenas sorri, minhas palavras eram limitadas.

Nossa conversa logo acabou, deixando um silêncio maravilhoso
sobressair.

- O que estão falando? – Chegou Micka, com uma cerveja na
mão.

- Nada, sua amiga não é muito de papo.- respondeu Claudinha,
pegando a garrafa da mão de Micka e dando um gole.

- Que feio Paula, seja mais simpática. – Falou Micka,
pegando novamente a cerveja.

- Ok, serei. – Pisquei. – Eai Claudinha, o que faz com os
meninos? Os chupa gostoso?

Micka me encarou apavorada, me puxando pelo braço para longe
da menina, que piscava perplexa com o que falei.

- Você ta louca? – Micka embravecida.

- Não, cansada apenas. Vamos embora?

- Cara, vamos embora, mas você vai ouvir muito hoje.

Fomos embora, de taxi. Eu iria escutar a madrugada toda, mas
tudo era melhor do que agüentar aquela estufa cheia de flores de cemitério.