Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Ai que ódio.

O caminho todo para casa eu fui pensando em como matar
Paula.

Meu coração estava batendo em puro ódio. Como que ela pode
fazer isso comigo? Estragar assim minha noite?! Me fazer passar vergonha na
frente das minhas novas amigas, da minha prima.

Fui mordendo as bochechas para não falar tudo na frente do
taxista.

Paulinha por outro lado parecia tranqüila, como se gostasse
do fato de estarmos indo para casa, mesmo brigadas.

Chegamos em casa, Paula não me deixou pagar o taxi. Pagou e
entramos. No elevador nossos olhos não se cruzaram. Fiquei ajeitando o cabelo
no espelho enquanto ela ia tirando as pulseiras e brincos.

Entramos em casa, fechei a porta com as palavras fervendo na
minha garganta.

- Podemos conversar? – Falei seca, visivelmente irritada.

- Claro que podemos, só deixa eu tirar essa roupa? – Sorriu,
como se nada tivesse acontecendo. Juro que quis enfiar meu sapato em sua testa.

- Ah sim, tudo bem, também trocarei.

Subimos para o quarto. Peguei meu pijama curto, estava
quente. Paula também se vestiu. Foi para o banheiro, tirou a maquiagem, escovou
os cabelos.

- Pronto, sou toda sua agora. – Piscou para mim.

- Vai descendo pra sala que vou tirar a maquiagem e te
alcanço. Se quiser comer alguma coisa tem na geladeira e dispensa.

- Tá bom amor. – Me falou calmamente e desceu as escadas.

Se fossemos desenho animado, certamente minha cabeça estaria
vermelha saindo muita fumaça. Contei até quinhentos enquanto tirava a maquiagem
e desci.

Cheguei na sala e Paulinha estava na frente da torradeira.

- Fiz um misto para você também, ok? – Me perguntou, tirando
os pães da torradeira.

- Ah, obrigada Paula. – Agradeci secamente.

- Não por isso. – Sorriu, deixando os pães na mesa e
buscando suco e copos para nós.

Paulinha se sentou, frente a mim, serviu nossos copos com
suco de uva e começou a comer seu pão.

- Como você consegue fingir que esta tudo bem? – Perguntei
secamente, com um nó enorme na garganta.

- Não estou fingindo nada. A noite foi uma merda, suas
amigas são uma merda,sua prima é uma besta. Esse seu novo grupinho não passa de
um bando de meninas fúteis sem um pingo de inteligência. – Respondeu, sem
respeito nenhum as minhas novas amizades.

- Que? – Já comecei a me exaltar. – Como você fala assim das
minhas amigas?

- Micka, suas amigas? Na boa, essas meninas só querem mais
uma para acompanha-las nas orgias da vida. São um bando de dadeiras.

Fiquei pasma, indignada.

- Nossa, que escrota você. – cuspi essas palavras na cara de
Paula.

- Escrota? Eu? Olha só como são as coisas. Eu não conto a minhas
amigas que namoro uma menina, mas tudo bem, eu namoro um cara que mora longe.
Ai minhas amigas me pedem para sair e claro, eu vou, e levo minha amiga, que na
real é a minha namorada. – Paula estava falando mais alto agora e rápido. –
Então uma das minhas amadas amigas me da a idéia de trair meu namorado, pois
veja, ele mora longe, claro que deve me trair também.... e nossa... escrota é a
minha namorada, que escutou tudo isso....- Balançou a cabeça negativamente.

- Ela pode falar tudo que quiser... eu não farei. – Respondi
pensativa.

- Será que não Michaella? Você me diz isso hoje... e daqui a
2, 3 meses... quando a saudades estiver latejando seu coração e você estiver
carente? Ou então se estiver brava comigo...será que não fará? Eu confio em
você, hoje... será que vou confiar sabendo que você sai direto com pessoas que
apostam beijos?

Pensei em responder um milhão de coisas mas minha mente
estava bloqueada. Paula tinha sua razão mas eu também tinha a minha.

- Não sou uma menininha Paula, não sou influenciável, não me
importo de falam um milhão de coisas... Eu nunca ficaria com ninguém por corda
delas, eu nunca te trairia... Mas deve ser difícil acreditar em mim né? Eu te
dou muitos motivos para não confiar. Eu quem ficou conversando com a ex em casa
e disse que não rolou nada. – Nessa hora eu já estava chorando, irritada,
falando mais merda do que de costume.

Paulinha riu, uma risada irônica, irritante.

- Ta certo Michaella... você comprou a razão e ainda de
brinde aprendeu a falar besteiras. Fique ai choramingando. Eu voou dormir, mas
pode ficar tranqüila, eu durmo na sala. – Levantou-se da mesa, subiu as escadas
e desceu, com sua mochila e uma coberta.

Fiquei apenas olhando-a, eu queria falar um monte de coisas,
mas não conseguira. Subi as escadas e La de cima gritei.

- Sonhe com a Débora.

Escutei risadas e no fundo a voz da Paula falando:

- Que besteira.

Me joguei na cama e chorei, chorei até dormir.