Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Saco, saco, saco... um milhão de
sacos. Praticamente uma sauna masculina de tanto saco.

Clima horrível, vontade de matar, socar, arrancar os olhos,
o cérebro...

Ahhhhh... saco de vida.

Ontem uma porcaria, hoje uma droga. Cada segundo que passa
mais sinto o fim perto, isso me assusta, me machuca, me apavora.

Como conversei com a minha melhor amiga, se continuarmos
assim o final será inevitável.

É horrível pensar assim mas seria hipócrita fingir que não
pensei nessa opção. Tudo esta sendo muito complicado, a distância, as crises, a
saudades. Pensar na minha vida sem a Paula me enlouquece, mas pensar em viver
nessa guerra me bloqueia. Antes sofrer de uma vez do que morrer aos poucos.

Que confusão de sentimentos. Será que alguém além de mim
consegue entender meu desespero?

Nosso silêncio estava me comendo por dentro até que meu
celular tocou.

- Micka? Oi queridaaa. – Me animei ao ouvir a voz de Carol.

- Fala cachorrona, tudo certinho?

- Tudo, estamos começando por aqui. Querem vir mais cedo?

Olhei para Paula, estava tomando um gole de coca-cola. Me
olhou e desviou o olhar, me destruindo novamente.

- Claro, estamos indo.

Desliguei o telefone e subi, gritando la de cima.

- Vou me arrumar e vamos.

- Tá. – Respondeu seca.

Que ódio, saco, saco, saco... Bati as portas do guarda roupa
com força. Estava precisando desabafar.

- Ow, não quebra as coisas. – Falou Paula la de baixo.

- Não quebra as coisas? – Repeti aparecendo no para peito,
olhando para Paula la em baixo. – Você esta escrotíssima... estamos fingindo
que esta tudo bem... mas não... não está. – Gritei.

- Xi, surtou. – Se sentou no sofá e começou a folhar uma
revista.

- Caralh*o...- Gritei.

Paula me fuzilou com os olhos.

- Que? – Perguntou calmamente, na verdade calma de mais para
a minha paciência.

- Falei Caralh*o... e você escutou.

- Sim, mas te dei uma segunda chance. – falou mais baixo.
Paula me irritava demais, quanto mais eu gritava mais ela diminuía o tom de
voz.

- Paula... ahhh. – Pensei em chinga-la de tudo mas preferi
apenas me jogar na cama e fechar os olhos por um tempo.

Voltei ao meu controle, troquei de roupa, passei um lápis e
já estava pronta. Desci as escadas e encontrei-a sentada, na mesma posição,
folhando aquela patética revista.

Respirei fundo, fui até ela.

- Amor, para vai. – falei baixinho, querendo realmente apaziguar
as coisas.

- Tude bem amor. – Ela pegou na minha mão, apertou de leve e
sorriu, um sorriso triste mas pelo menos era sincero.

- Só mais uma coisa. – Falei receosa. – O que esta
acontecendo heim?

- Nada não amor... – Sorriu novamente. – Vamos? Não quero
chegar atrasada.

- Ok, vamos. – Sorri, puxando-a pela mão.

Estava tudo muito estranho, nunca estivemos assim, tão
distante. Nem quando estávamos em cidades diferentes.

Pegamos um taxi e em 40 minutos estávamos na casa da Carol.

Era uma casa realmente humilde, em uma rua suja com uma vizinhança
estranha.

Acho que pela primeira vez no dia Paula segurou em minha mão
com vontade, parecia uma criança apavorada com a realidade em que estávamos.
Para falar a verdade até eu estava assustada.

Ao entrarmos na casa, uma senhora com uma maquiagem
absurdamente forte e saia de couro vermelha nos indicou o caminho para o
terraço.

- Tá todo mundo lá ó meninas. – Apontou a senhora, que pelo
jeito deveria ser a mãe da Carol.

Cada vez que nos aproximávamos mais do terraço mais forte
ainda Paula apertava a minha mão.