Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Manhã chuvosa.

A chuva na janela me acordou, ainda não estava claro mas já
era de manhã.

Olhei para os lados, era bom estar no meu antigo quarto. O
sabor das recordações me incendiavam.

Levantei, tomei um banho gostoso, liguei para o meu
motorista, por sorte ele não voltou para Cornélio na sexta, ficou por aqui
mesmo, aproveitou para resolver umas coisas na capital.

Tomei café da manhã na antiga padaria, em frente ao prédio e
antes mesmo de começar a pensar na vida minha caminhonete preta já estava visível,
virando a esquina.

O caminho para Cornélio foi doloroso. Foram 3 horas e meia
pensando em Michaella, no que aconteceu, em como as coisas seguiram um rumo que
eu não estava pronta para percorrer.

O dia anterior foi uma enorme merd*, assim que cheguei no
apartamento chorei de ódio, de agonia, de raiva, de dor... Uma dor que chegou a
ser sufocante.

Deixar Micka naquela casa, com aquela gente esquisita fez um
rombo em meu coração. Mal sabia eu que era apenas o começo de um dia
perturbado.

Dormi um pouco e acordei com a campainha, cheguei a pensar
na hipótese de ser minha namorada, mas quando abri a porta percebi meu erro,
era Vanessa, minha vizinha de cima.

- Paulinha. – Sorriu. – Quando meu irmão disse que você
estava por aqui custei a crer.

- Oi Vanessa. – Abri mais a porta. – Quer entrar?

Eu e Vanessa já fomos muito amigas, nos afastamos quando
comecei a namorar com a Débora. Por motivos que nunca quis me contar ela era
contra esse meu namoro, então preferiu se afastar.

Entramos e nos sentamos na sala mesmo, já que meus pais
estavam em Cornélio.

- Quanto tempo menina. Você tá mais gata ainda heim. – Riu,
passando a mão em seus cabelos negros.

- Você também esta bonita, cresceu. – Ri. – Na verdade todo
mundo cresceu né, cinco anos é um bom tempo. – Falei, observando-a. Ela estava
realmente bonita, seu rosto não era mais redondo como de criança. Seus cabelos
negros estavam longos e seus olhos castanhos eram marcantes, penetrantes.

- Ainda bem, tenho vocação para anã não. – Riu, tornando
nosso reencontro leve, como se ainda fossemos grandes amigas. Ficamos
conversando sobre toda a nossa infância, nossa adolescência.

A noite chegou rápido, pedimos uma pizza e continuamos nossa
nostalgia.

- Mas me diz, porque você desapareceu da minha vida. Poxa. –
Ri, cortando uma fatia de quatro queijos.

- Hum, prefiro não falar. – Disse olhando para o prato, com
as bochechas rosando.

- Eita, mas faz tanto tempo. Conta ai. – Ri, estimulando-a
me contar.

- Tá, faz tempo mesmo. Eu era apaixonada por você.

Arregalei meus olhos, tomei um gole de garaná.

- Você? Para... não zoa tilanga. – Ri, ficando tensa.

- É verdade menina. Sofri horrores por sua culpa.

- Nossa, nunca imaginei. – Mordi o lábio. – Mas passou logo
né?

- Hum, não. – Riu. – De... – Ela estava concluindo sua
resposta quando meu celular berrou alto, assustando-a.

Era Michaella, pensei duas vezes antes de atender mas minha
preocupação falou mais alto.

- Oi. – Falei seca.

- Você é uma otária. – Gritava minha namorada do outro lado
da linha.

- Ok... você ta bebendo ainda?

- Tô. Vou beber tudo que eu tiver pela frente. Porque...
hum... porque minha namorada é uma idiota que me deixou sozinha aqui... largada
com um monte de sapatão que quer me pegar. Isso PEGAR.

Meu ciúmes começou a atacar, junto a ele meu orgulho.

- Ok, deixa eu falar com alguém sóbrio ai.

- Não Paula... eu que quero falar. Você acabou com o meu
final de semana. Você pensa pequeno demais. Acha que a vida é sua fazenda em Cornélio?!
Tem muito mais pra se viver.

- Ai senhor. – Falei mais para mim do que para ela.

- Senhor mesmo... você tem ciúmes por eu ser cheia de
pessoas que gostam de mim.

- Chega Michaella, deixa eu falar com a coisa vermelha. –
Falei irritada.

Ao fundo escutei Micka falando: - Ela quer você.

- Alo?

- Oi, Carol né?- Falei já irritadíssima.

- Sim.

- Me faz um favor grande? Na verdade, faça um favor para a
Micka. Tire-a de perto das bebidas pois ela vai dar PT.

A menina riu, meu deus, como as pessoas ficam ridículas com
bebidas.

- Então Paula, ela já ta... –Então ela riu e gritou com a
Micka. – Micka para de dançar na mesa.

No fundo consegui escutar Michaella falando.

- Não... hoje eu to solteira aqui... – E gargalhava.

- Carol, cuide dela ok?

- Tá, pode deixar.

Desliguei o telefone bufando fogo.

- Tá tudo bem? – Perguntou Vanessa aparentemente preocupara.

- Relaxa, tá tudo ótimo. – Sorri sem graça.

Conversamos mais um pouco e Vanessa foi embora, trocamos
telefones e prometemos não nos distanciar muito.

E assim eu dormi, com um aperto no peito e um nó na
garganta.

Depois de lembrar todos os detalhes de ontem acabei dormindo
e acordei quando minha vó chegou no carro para me receber de viagem.

Ficar no apê foi bom, mas estar em casa é espetacularmente
perfeito.