Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Salada, frango e Maxxie.

Os últimos 12 dias foram total de choro. Só saia para fora
de casa se fosse muito importante. Larguei o celular de canto na centésima
ligação de Michaella. Ficar ouvindo o toque dela me irritava.

Além de me magoar, ainda me xingou, ah tanta coisa que
aconteceu que na boa... passa reto.

Na quinta feira fui com a minha avó até a cidade, ela queria
comprar umas pedrinhas brancas para o jardim, então logo pela manhã fomos até o
centro.

Eu estava largada, usava shorts jeans e uma camiseta um
pouco mais larga, cortada na gola, caída no ombro. Não estava afim de grude, nem
a roupa eu queria colada em mim.

- Nossa, o que faz aqui? – Uma voz conhecida veio ao meu
encontro. Virei em direção do som e dei de cara com Maxxie, vestindo o uniforme
da floricultura.

- Eita, trabalha aqui? – Ri, achando engraçado o uniforme
verde nela.

- Pois é, enquanto não acho nada melhor to me virando. Tenho
que pagar a facul né?! – Sorriu. – Você esta bem?

- Putz...- Pensei em apenas falar que sim, mas precisava
dividir com alguém a minha dor. – To só o esqueleto. To mal, triste. Chorei
tanto que não tenho mais água. – Assim que terminei de falar meus olhos já se
encheram de lágrimas.- É, pelo visto ainda tem.

- Ai... mas o que aconteceu? Quer conversar? – Ela olhou no
relógio. – Almoça comigo? Daqui a 15 minutos eu largo o trampo. Hoje não
trabalho a tarde. Te deixo em casa depois.

Pensei por um breve momento e acabei concordando. Me despedi
de vovó e esperei um tempo na loja, perdida entre os cravos e as rosas.

- Pronto, to sossegada já. – Sorriu, tirando o avental. –
Vamos passar rapidinho no meu cafofo para eu tirar esse uniforme? Por favor? –
Riu, implorando por ficar sem aquele verde horrível de sua roupa.

- Tá certo. – Fomos até o carro vermelho dela. – Ow, você
não pensa em trocar esse carro não?

- O que tem contra meu carro? – Ela riu.

- É muito feio. – Ri também, colocando o cinto.

- Altas viagens com ele... temos um acordo nupcial. –
Brincou.

- Você ta morando aonde? – Perguntei, achando-a divertida.

- Aluguei um apê. Ele é pequeno, o prédio é velho, mas meu,
na boa, tem o melhor terraço do mundo.

- Opa, quero conhece-lo.

- Relaxa branquinha, você terá esse prazer. – Piscou-me um
dos olhos.

Fiquei olhando-a, realmente Maxxie era interessante, bonita,
divertida, corria atrás do que queria, como diria minha avó, uma menina
trabalhadora.

- Chegamos. – Me acordou dos pensamentos, me apontando um
prédio realmente horrível.

- Ah, legal aqui. – Me segurei para não ofende-la.

- Não é, mas por dentro ele se supera. – Riu, estacionando
seu carro em uma vaga de carro com proteção de lage no teto.

Saímos do carro e fomos em direção a porta do prédio. Maxxie
tirou uma chave, abrindo.

- Tem porteiro não? – Perguntei na ingenuidade.

- Ai Deus, esse povo patricinha. – Riu.

- Ah, nem vem me zoar. – Fechei a cara mas já sorri.

Subimos dois andares de escadas pois obviamente que nesse
prédio não teria elevador. Assim que chegamos na sua porta ela abriu.

O apê era legal por dentro, logo na entrada já haviam 4 o 5
pranchas.

- Pra que tudo isso? – Apontei para elas.

- Nunca se sabe quando vai precisar né? – Sorriu, entrando
em casa. – Vai vendo as coisas que vou me trocar.

- Tá... – Continuei olhando o apartamento. Era bem
pequeno,  menor que o da Micka, porém bem
diferente. A Sala tinha dois sofás, uma tv em uma estante com algumas
fotografias. As paredes eram brancas, na de tras do sofá havia um mapa enorme,
com fotos colocadas com tachinhas.

Me aproximei para olhar melhor. Todas eram fotos de ondas,
não consegui ver direito, mas certamente eram fotos de Maxxie.

Mas para o lado havia uma mesa para quatro lugares apenas,
um corredor que deveria ser para os quartos. Atras da mesa havia uma porta de
vidro enorme, levando para o famoso terraço. Fui até lá, abrindo-a.

Realmente o terraço era da hora. Uma rede laranjada dividia
espaço com uma churrasqueira e uma mesa de plástico com mais 4 cadeiras. Mais a
frente um sofá desses de quintal circular. Ao lado dele estava um violão.

- Ah, conheceu o the best. – Falou Maxxie, chegando perto de
mim.

- Que susto menina. – Ri. – Nossa amei isso aqui. – Me deitei
na rede. – Quero vazar daqui não. – Sorri.

- Então vamos comer aqui mesmo. – Sorriu. – Gosta de salada?
Arroz? Peito de frango?

- Adoro. – Sorri, me levantando. – Vamos lá fazer. Eu fico
olhando. – Ri.

- Folgada, vai é ajudar. Ai aproveita e começa a me contar
tudo.

Fomos para a cozinha, ajudei Maxxie a cozinhar; lavei as
verduras, enquanto ela fazia todo o resto. Enquanto cozinhávamos comecei a
contar tudo o que tinha rolada.

A saída com as heteros, o telefonema de Leka, o dia
seguinte, as besteiras que Micka me falou ao telefone e etc.

- Caramba. – Disse Maxxie colocando a ultima travessa na
mesa. – Senta, vamos comer. – Sorriu amigavelmente. – Posso dar a minha
opinião? – Perguntou receosa.

- Claro. – Respondi colocando comida no meu prato.

- Acho que a Micka esta encantada com a vida nova, morar
sozinha, estar tão perto de entrar na faculdade que sonha... Ela errou, claro,
mas você também... não precisava falar algumas coisas e nem sair daquele jeito
da casa da amiga dela.

- Hum... – falei pensativa.

- Você deveria ter conversado com ela assim que ela desligou
o telefone.

- Ah claro... e o meu orgulho? – Perguntei.

- Sabe Paulinha, com os calos da vida tu aprende que orgulho
é uma merd*, que só terá a perder se segui-lo. – Sorriu carinhosamente, como
uma mãe.

- Mas é difícil né? E outra, tenho amor próprio. Não ia
ficar igual uma besta me fingindo de amiguinha.

- Você esta certa nesse ponto. Estão juntas, ela tem que
assumi-la. Mas as coisas tem seu tempo. Ela conheceu as meninas agora, é normal
ter receio. Se fosse tranquilo, se todos aceitassem, nós sairíamos por ai de
mãos dadas sem corar as bochechas. – Riu.

Comemos em harmonia, falamos mais um pouco sobre isso.
Maxxie me convenceu em ligar para Micka, disse que era importante, mesmo que
fosse para terminar.

Ajudei Maxxie com a louça e fomos descansar no terraço.
Claro que deitei na rede, deixando-a sentada no sofá.

Ela pegou o violão.

- Você toca? – Pergunta imbecil, eu sei.

- Sim, quer ouvir uma?

- Claro, se não for furar meus tímpanos. – Pisquei sapeca.

- Encante-se. – Me sorriu, começando a cantar o refrão de um
reggae.

“Sou Pescador, sonhador
Vou dizer pra Deus nosso senhor
Que tu és o amor da minha vida
Pois não dá pra viver nessa vida morrendo de amor...

Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida
E uma abelhinha vai fazer o mel
Estrela Dalva vai cruzar no céu
E o vento certo vai soprar do mar
Pode crer, que tudo vai dar certo”

- Que música linda. Nunca tinha ouvido. – Confessei.

- Ah Paulinha, você é esquisitinha, deve só curtir legião ou
musiquinhas emo’s da moda.

- Ah, cala a boca. – Ri.

Ficamos mais um tempo conversando e quando deu 17:00 horas
Maxxie me levou para casa.

- Você se esconde mesmo, tinha esquecido. – Riu.

- Ah, deixa minha casa. – Sorri. – O que fara agora a noite?

- Vou tentar um emprego novo, em um bar gls que tem aqui.

- Qual deles? – Ergui uma sobrancelha.

- No Lady.

- Ah sim, só para garotas. – Ri alto. – Você não presta
heim.

- Presto sim, mas é aonde pagam melhor.

- O que vai ser? Dançarina?

- Claro que não, sua besta. – Riu. – Tentarei ser garçonete.

- Tomara que de certo. Você é legal, merece coisas legais.
Bem que garçonete não é algo muito bom, mas se tu queres. – Sorri, passando a
mão na sua cabeça, como se tivesse consolando-a.

- Ah, sai do meu carro tá? – Brincou quando parou na porta
da minha casa.

- Amanha aparece aqui se quiser. – Sorri. – Curti hoje. É
bom tem uma nova amiga. To meio grilada com a Leka.

- Apareço sim, ai tu vai comigo no meu primeiro dia de
trabalho. Ok?

- Sim senhora. – Dei-lhe um beijo no rosto e desci do carro.

Foi bom para mim esse tempo com a Maxxie, entendi que também
errei. Ela abriu meus olhos.

Entrei em casa decidida a ligar para Micka, mas deixaria
isso para amanhã, hoje eu apenas queria um banho e cama.