Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Lady`s.

“Valeu
a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”

Fernando Pessoa

E
esse verso não saiu da minha cabeça até chegarmos em Cornélio. Isso que dá
viver entre livros de poesia e músicas melódicas.

Deixar
Micka foi a decisão mais difícil de minha vida. Quando ela me contou que beijou
o menino, me senti traída, traída por eu não ter nem pensado em faze-lo, traída
por perceber que ela estava seguindo, traída por ela ter escolhido um homem.

Parece
que o que vivemos foi apenas uma fase de sua vida e isso acabou comigo por
dentro.

Força
Paula, força.

Era
isso que repeti as 3 horas e 20 minutos de viagem para casa.

Passamos
em frente ao Lady’s e para minha alegria ainda estava aberto.

-
Eu vou ficar aqui Leka, fica comigo ou vai pra casa?

-
O que vai fazer aqui as 6:30? – Riu.

-
Ainda ta aberto ué. – Sinalizei para o motorista parar. – Preciso de uma
tequila.

-
Lá vamos nós.

Pulamos
do carro e entramos na balada. Estava quase vazia, umas vinte meninas fechavam
o cenário.

Maxxie
estava sentada em uma das mesas, anotando alguma coisa em um papel.

-
A gatinha tem telefone? – Falei por tras, perto do seu ouvido.

-
Nossa... – Virou rapidamente para mim. – Que surpresa boa... – Sorriu, então
falou mudando sua feição. – É surpresa boa né? O que aconteceu? Porque está
aqui?

-
Preciso de uma tequila. – Ri, dando-lhe um beijo no rosto. – Vou no bar, já volto.

-
O que aconteceu heim? – Ouvi-a perguntando para Leka.

-
Não deu muito certo lá em Sampa. – Leka respondeu antes deu perder a audição
para a música que estava rolando.

Virei
quatro tequilas, uma atrás da outra. Hoje era um começo de manhã especial.

-
Eita menina, tanto assim? – Uma garota cm cabelos engraçados parou do meu lado.

-
Só para começar. – Sorri. – O que houve com seu cabelo?

-
Como assim? – Ela riu. – É estilo, apenas raspei-o de um lado.

Analisei
com mais cuidado o cabelo da menina, eu nunca o faria, mas nela combinou, já
que estava usando saias de colegial e regata preta, deixando-a com um ar
rebelde, puxado para o emo.

-
Ficou maneiro. – Pisquei. – Como se chama?

-
Marcela e você?

-
Paula.

-
E por que a Paula esta bebendo tanto? – Me sorriu, seu sorriso era lindo,
marcado por um piercing no canto direito do lábio.

-
Para criar coragem. – Sorri, olhando-a nos olhos.

Não
precisamos mais falar nada, segurei-a pela nuca e encostei meus lábios nos
dela.

Abri
bem a boca para que sua língua passasse, nos beijamos como se já nos conhecêssemos
a tempos.

Acariciei
seus cabelos enquanto sentia o gosto do seu beijo misturado ao meu gosto de
bebida.

Paramos
de nos beijar com um selinho.

-
Que beijo é esse Paula? – Me sorriu.

-
Ué, meu beijo. – Ri.

-
Que delícia. – Me beijou novamente.

Parei
o beijo e pedi mais uma tequila. Virei a dose e voltei a beija-la.

Ficamos
ali por um tempo, bebendo e nos beijando até que Maxxie chegou.

-
Oi? – Falou me olhando sério.

-
Oiiii... – Falei já bêbada.

-
Hora de ir pra casa, não acha?

-
Sim senhora.

-
Sua irmã? – Perguntou a menina.

-
Não... minha mãe. – Olhei para baixo, esperando a porrada que Maxxie me daria.

Ela
não fez nada, o que me deixou com medo, certamente estava puta da cara comigo.

Me
despedi da menina com um selinho.

-
Me liga heim. – Piscou me passando seu telefone.

Fomos
para o carro de Maxxie, as três. Leka, Maxxie e eu, claro. Ou vocês acham que
eu levaria a menina comigo para sempre?

Sentei
no banco do carro amassando o telefone da menina e jogando fora, na rua mesmo.

-
Você vai dormir la em cassa. – Maxxie me informou, muito brava.

-
Não sei porque você esta tao brava. – Falei, passando o dedo na sua orelha.

-
Para Paula. – Respondeu seca.

-
Oxê... você ta vendo na Leka. Que menina brava.

Leka
gargalhava no banco de tras.

-
Maxxie, se quiser ela fica comigo... ela vai vomitar a noite toda.

-
Mentiraaaa. – Gritei. – Ta me chamando de fraquinha é?

Maxxie
soltou uma risada.

-
Ufa, ela ainda me ama. – Comentei sendo fuzilada pelo olhar de Maxxie.

Deixamos
Leka em casa e fomos para o apartamento de Maxxie.

Logo
que entramos Maxxie foi na cozinha, pegou coca-cola e um pacote de eno.

-
Eu não vou tomar isso não Max.

-
Max? – Ela riu. – Vai tomar sim, e agora.

Quase
enfiou tudo na minha goela.

Vou
lhes dar uma dica, nunca, nunca tomem eno com coca.

Em
menos de 30 segundos já estava eu, vomitando tudo o que tinha bebido pelo
banheiro de Maxxie.

-
Você só se estraga assim Paulinha. – Falava enquanto segurava meu cabelo.

Como
resposta apenas vomitei.

Maxxie
me levou para seu quarto, tirou minha roupa me deixando apenas de top e
calcinha.

Me
colocou na cama, deixando um balde ao meu lado.

-
Amanhã conversaremos muito sério. – Disse igual minha mãe e se deitou ao meu
lado.

-
Obrigada. – Falei caindo de sono e dormi, no mesmo instante, sentindo o carinho
de Maxxie em meu cabelo.

Lembro
que antes de dormir pensei em Micka, como ela estaria?