Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Drops Salgada.

O cheiro do mar estava por todos os lados no aeroporto de Amsterdã. Com minhas malas em mãos fui em busca do guia que vovô contratou para mim.

Nenhuma placa, nenhum senhor usado luvas branca, minha missão estava começando a se tornar trágica até uma voz feminina soar em meus ouvidos.

- Paula? Do Brasil?

Me virei, dando de frente com uma mulher de uns 30 anos, usando calças jeans e uma camiseta em V branca.

- Oi? – Perguntei receiosa.

- Sou Adele, sua guia. – Estendeu a mão para mim.

- Ah sim. – Sorri. – Achei que seria algum senhor de luvas brancas. – Ri.

- Na verdade era para ser meu pai, porém esse teve que resolver uns lances. Tem problema?

- Não. – Olhei em seus olhos negros e misteriosos. – Problema nenhum. – Sorri, observando-a melhor. Seus traços fortes e seu cabelo escuro, amarrado em um rabo de cavalo.

- Quer uma drops? – Estendeu para mim.

Peguei a bala, mas assim que a coloquei em minha boca a cuspi.

- Ui, isso é salgado. – Franzi o cenho.

- Ah, desculpe. – Sorriu com o cantinho da boca. – Esqueci que é sua primeira vez aqui.

Fitei-a com os olhos.

- Piadinhas para pegar os turistas é?

- Desculpe denovo. – Sorriu. Seu sorriso era bonito, bonito e misterioso.

Fomos caminhando para fora do aeroporto. Adele levava minhas malas, enquanto eu já tirava a maquina fotográfica da bolsa e disparava contra alguns pontos interessantes.

- Você mora aqui a muito tempo? – Perguntei curiosa.

- Alguns anos, acho que 10 ou 11.

Paramos em frente a duas bicicletas. Uma tinha uma espécie de caçamba atrás, aonde Adele colocou minhas malas e prendeu com cordas elásticas.

Fiquei encarando a ela e suas bicicletas. Não era real isso.

- Bicicletas?

- É o meio de locomoção tradicional gracinha. – Piscou.

Peguei a bicicleta reserva e sorri.

- Tá certo então... só espero não estar muito longe do hotel.

Subimos nas bikes e pedalamos por uns 15 minutos, até uma ruela que terminava com água. Sim, um enorme rio em meio a cidade.

- Vem, vamos pegar carona com o Pablo. – Desceu de sua Bike, levando-a do lado até um barco encostado na rua.

Falou alguma coisa com o rapaz e então me chamou com a mão.

Subimos no barco, colocaram nossas bicicletas dentro desse e navegamos por mais alguns minutos.

Era tudo muito irreal, era como estar no passado. Os prédios aparentavam ser góticos e as pessoas eram altas e bem vestidas.

Perdi as contas por quantas pontes passamos.

- Está maravilhada não é? – Disse Adele me acordando do transe.

- É tudo muito lindo. – Sorri.

- A noite fica mais lindo ainda. Lindo e louco. Tem que conhecer as baladas daqui.

Sorri demonstrando meu querer, acredito que minha cara já dizia tudo pois Adele concluiu sua fala com:

- Temos maravilhosas boates GLS por aqui.

Balancei a cabeça negativamente rindo.

- Radar heim. – Brinquei.

- Irmãos sabem que são irmãos em qualquer parte do mundo.

Apenas sorri, fiquei um pouco sem jeito.

- Meu hotel é mto longe?

- Seu hotel é o mais caro da cidade mas tenho uma dica para você.

- Fala ai.

- Tem um albergue da parada gay, o dono é um amigo meu... consigo um quarto para você lá. Seu hotel tá muito longe do agito... serão horas de pedalada...

- Aceito. – Gritei animada antes dela terminar de falar.

Fomos para onde ela indicou. Paramos o barco e descemos, para pedalarmos mais alguns metros.

Finalmente chegamos no local. Era um prédio velho, com a tintura descascada. O portão enferrujado fazia barulho ao se abrir e um jardim de flores roxas davam ao local um ar de conforto.

Entramos na recepção, um balcão trincado e alguns sofás ocupavam o cenário.

Adele conversou com algumas pessoas e logo fizemos o meu cadastro.

- Você vai ficar bem... tem uma galera Brasileira hospedada aqui e o dono fala bem o português. – Sorriu para mim, me dando um abraço de tchau. – Meu celular é esse aqui... qualquer coisa que queira estarei a disposição ok?

- Valeu. – Pisquie. – Peguei minhas malas e segui um senhor, subimos dois andares de escada e paramos nem frente a porta de numero 2003.

Agradeci, abri a porta e dei de encontro com um quarto modesto. Uma cama de casal dividia espaço com uma mesa, duas cadeiras, um frigobar, televisão, três portas de armário e uma banheiro.

O banheiro era antigo, uma banheira com ducha instalada, pia e patente. O espelho pelo menos era limpo.

Me joguei sobre a cama, já se passavam das 11:00 horas, logo serviriam o almoço e minha barriga já estava doendo de fome.

Acabei cochilando por meia hora, acordando apenas com um sino soando lá de baixo.

Sai do quarto meio desnorteada ainda, vendo um monte de jovens pelas escadas.

Passei reto, indo em direção a concentração maior de pessoas.

Enquanto caminhava percebi que duas loiras me encaravam. Olhei-as e sorri. Eram bonitas, bonitas demais.

Almocei em uma das mesas, primeiramente sentei sozinha, mas em pouco tempo me vi rodeada de pessoas que comiam e puxavam assunto comigo, como se fossemos amigos de longa data.