Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Gelo

Despois de curtir um pouco meus avós, coloquei os presentes das meninas (Maxxie e Leka) na mochila e afim de fazer uma surpresa segui para a casa de Eleonora.

A ansiedade era muita pois meu coração nas parava de saltitar no meu peito. Eu até achei graça, parecia que estava prestes a encontrar o amor da minha vida.

Finalmente cheguei na frente do sobradinho simpático da minha amiga.

Desci, ainda com o coração a mil.

Toquei a campaninha, não demorou muito para alguém atender o interfone:

- Pronto?

- Oi, a Leka tá por ai?

- Oi querida, não, a Leka foi até a pracinha.

- Ah, obrigada.

Fui até o carro, peguei minha mochila e liberei o motorista.

A pracinha era perto daqui, duas quadras no máximo e de frente para o parque das aves estava o apartamento de Maxxie.

Com a mochila de caveira nas costas, calças jeans rasgada nos joelhos, camisetinha colada no corpo preta, com decote razoável, óculos escuros e cabelos soltos segui até a pracinha.

Um pouco antes de chegar na fonte de água meu coração parou. Parou completamente, como se congelasse consigo o mundo, o tempo, a minha respiração.

Meu cérebro trabalhou rápido me mostrando 1001 saídas:

a)    De a volta e saia.

b)    Saia de qualquer jeito.

c)    Corra para a esquerda

d)    Corra para a direita

e)    Morra.

Mas antes que meu corpo pudesse desenferrujar para a fuga, seu olhos encontraram os meus, mesmo tendo as lentes escuras do Rain Bain para me esconder.

Ela não esperava me ver, estava nítido na sua boca se abrindo, a palidez ocupando seu rosto e seus olhos fixados em mim.

Sua reação causou impacto pois em menos de 5 segundos um rapaz de cabelos escuros e Eleonora viraram para mim.

Já não tinha mais como fugir.

Puxei todo o ar de Cornélio e continuei em frente, em direção de Michaella. Cada passo dado era como um pedaço do meu coração caindo.

- Você aqui? Já? Como assim? Miragem? – Leka em alto tom, me abraçando apertado. – Você não chegava depois de amanhã?

- Que saudades que sentiu de mim heim. – Ri, apertando ela no abraço. – Cansei de Amsterdã... – Sorri, soltando-a e olhando para Micka. Ela ainda estava petrificada, parecia que estava vendo um espírito.

- Senti muitas sim... boba. – Leka falava perto de mim, mas parecia distante. Sorri para ela e voltei a olhar para Micka.

- E você, como está? – Cheguei mais perto de Micka, beijando-a na bochecha. Virei para o garoto. – Oi? – Ergui a sobrancelha, esperando explicações, mesmo sabendo que no máximo receberia uma apresentação.

- Oi, bem... – Me respondeu, já virando para o cara. – Esse é o Rafael... e ela é a Paula.

- Oi Paula, prazer. – Me beijou no rosto e sorriu.

- Espero não ter atrapalhado nada. – Sorri, mesmo lutando contra todos os sentimentos dentro de mim.

- Estou tentando conhecer a cidade da minha namorada. – Ele falou, colocando suas mãos grandes de homem em volta de Micka.

- Não tem muito o que se conhecer por aqui. – Ri, mesmo querendo chorar.

Michaella estava muda, completamente incomodada com a situação. Se bem a conheço, certamente queria sair o mais rápido possível dali.

- Acredita que o Rafael nunca veio a uma cidade do interior? – Falou Leka, tentando puxar minha atenção.

- Nossa, que menino sem cultura. – Brinquei.

- Garoto de cidade grande mesmo. – Ele riu. Parecia um otário, ria pra tudo. – Nunca vi uma vaca de perto.

- A Paulinha mora em uma fazenda cheia de vacas. – Eleonora se intrometendo.

- Ah, me leva conhecer? – Rafael, além de otário, era homem e pedinte.

- Se sua namorada... – Enfatizei bem o namorada. – achar interessante os levo com prazer.

Micka pareceu acordar de um transe.

- Ah, é muito longe.

- Mas de carro não deve ser. – O pamonha abriu a boca novamente. – Por favor amor.

Eu estava quase vomitando, o estomago pesava, a mão soava, os olhos doíam... para ser bem sincera eu estava me sentindo morta em vida.

- Tudo bem... – Micka disse seca, olhando para mim e desviando assim que nossos olhos se encontraram.

- Bom... eu só vou até a casa de uma amiga agora e nos encontramos daqui uns 30 minutos aqui, certo?

Apenas Leka e Rafael me responderam, Micka continuou muda.

Apressei o passo para a casa de Maxxie, assim que me desfoquei de seus olhares deixei as lagrimas rolarem.

A palavra namorada corroía todos os meus pensamentos, as mãos de Rafael no corpo da minha menina me enlouqueciam.

Apertei o interfone com a mão trêmula e o coração no lixo.

- Quem?

- Eu. – Falei com a voz falha, baixa, carregada de dor.

- Paulinha?

- Oi.

Ouvi apenas o treck do portão e então entrei.

Estava subindo as escadas e já encontrei Maxxie no meio do caminho. Ela estava com o semblante preocupado. Me abraçou apertado ali mesmo, em meio a escada.

- O que aconteceu meu anjo? – Me apertava com força, passando a mão no meu cabelo. – Quem te fez chorar?

- Maxxie... eu quero morrer.- gritei e cai em um choro alto e sofrido.

Maxxie me levou até seu apê, fechou a porta e sentou comigo, ainda abraçada no sofá.

- Não fala nada... chora... chora tudo... quando acalmar esse seu coraçãozinho você me conta.

Fiz o que mandou... passei uns 10, 15 minutos em pranto, até meus olhos cansarem e minha cabeça doer.

- Encontrei com a Micka agora... – finalmente comecei a falar.

- Aqui em Cornélio?

- É, na praça...

- E ela te maltratou, foi isso?

Fiz que não com a cabeça.

- O que foi então? Esta assim por te-la visto apenas?

- Por te-la visto com o namorado.

Maxxie se espantou. Seus olhos ficaram enormes.

- Nossa nem sabia que ela tava com alguém...

- Foi horrível.

- Eu imagino... mas para... não vai ficar chorando... com certeza ela não ta mal agora...

- É... – olhei para baixo, estava sem ânimo para nada.

- Para, para para... Paula... vc vai ficar ai, toda mal e ela lá, desfilando com um babaca?

Enxuguei as lágrimas.

- Isso...  – continuou falando. – Ela ta com alguém que nem é metade de você... foda-se eles.

- Eles querem ir na fazenda. Quer dizer... Ele pediu... ele nem deve saber quem sou eu.

- Vc não vai leva-los lá... não vai abrir sua casa pro babaca da Micka.

- Eu já disse que ia leva-los.

- Aff Paula, você é muito burra.

- Não briga comigo... – Comecei a me sentir pior ainda.

- Não vou brigar, desculpa. – Se levantou, indo para o interior do Ape.

- Aonde vai?

- Vou pegar um moletom... na fazenda faz mais frio.

Ela voltou vestindo o casaco, pegou sua bolsa de pano e as chaves do carro.

- Você é incrível, sabia?

Ela sorriu, um sorriso doce. Fiquei por um segundo admirando-a. Não sei se foi o jeito com que seus lábios se abriram, ou seus olhos de fecharam, mas senti uma sensação de paz me invadir.

- Você achou mesmo que estaria nessa sozinha?

Então foi a minha vez de sorrir.