Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)
Tortura
A espera por Paula foi torturante.
Eleonora e Rafael só falavam da porcaria da fazenda. Pior foi Rafael dizer que Paula é linda. Acho que ele não ligou nome a pessoa, pois se eu me lembro bem eu contei tudo sobre minha ex namorada para ele.
Já haviam se passado mais de 30 minutos e nada de Paula aparecer.
- Acho que ela esqueceu gente... melhor irmos embora. – Falei na esperança de Rafael se tocar e aceitar ir para casa comigo.
- Ela já deve tá chegando bebe. – Sorriu para mim, todo ansioso. Era bonitinho ve-lo assim, pena que para fazer a sua vontade eu teria que passar mais de 10 minutos com Paulinha.
Fiquei andando de um lado para o outro na pracinha. Que situação complicada, que agonia. Meu coração vendido ainda cisma em enlouquecer só de ve-la, de ouvi-la...
Estava distante nos meus pensamentos quando Leka me gritou.
- Vamos Micka.
Olhei para sua direção, dando de cara com Paula e Maxxie.
- Pronto... era o que faltava. – Falei para mim mesma e fui ao encontro delas.
Rafa já estava se apresentando para Maxxie, sempre cheio de sorrisos. Cumprimentei-a e dividimos os carros.
Eu, Rafa e Leka fomos seguindo Paula e Maxxie.
No carro eu mal prestava atenção no que Leka e Rafa falavam, só consegui pensar no cheiro bom de Paulinha ao me cumprimentar, em como ela estava linda e na saudades que eu sentia dela.
A velha estrada da fazenda começou, junto com ela as lembranças. Abri a janela para sentir o cheirinho da plantação de azaleia.
- Lembranças? – Falou Leka, me pegando de surpresa.
- É... – Olhei para Rafael que estava sem entender nada. – Da saudades de casa né? – Pisquei para ela e peguei na mão de Rafa, que estava trocando de marcha.
Logo chegamos no portão.
- Nossa, essa amiga de vocês tem grana heim.
- Você nem imagina o quanto. – Leka, como sempre elevando Paulinha.
Entramos na fazenda, sempre seguindo o celtinha de Maxxie.
- Vacas Rafa. – Apontei para o pasto, cheio de vacas malhadas.
- Ah... vacas... – Repetiu-me sorrindo, todo bobo com os animais.
Paramos o carro ao lado do de Maxxie, em frente a casa de Paulinha.
Os avós de Paula já estavam na porta, o que me causou dores no estomago. Encara-los já ia ser difícil, imagina com Rafael a tira colo.
- Micka... – Dona Nena, como gosta que a chamem, já vinha de braços abertos em minha direção.
- Oiii vóó... – brinquei, como as vezes a chamava.
- Está sumida menina. – Me abraçou saudosamente. – e esta linda. – Sorriu com aqueles olhos claros que me lembram tanto os da sua neta.
- Estudando muito... – Sorri. Era tão bom sentir o carinho de dona Nena.
Rafael estava ao meu lado, olhando-nos confuso, porém sorridente.
- E esse moço tão bonito, quem é? – Olhou para mim e para ele.
- Sou o Rafael. – Sorriu para avó de Paula. – Muito prazer, sua fazenda é maravilhosa.
- Que educado Rafael. Pode me chamar de Nena. – Devolveu-lhe o sorriso. – É um prazer te-los por aqui, vão ficar para o jantar né?
Rafael ficou um pouco sem reação, não sabia o que falar. Olhou para mim, para Paula e voltou a olhar para dona Nena.
- Por mim fico, tem que ver se essas meninas deixam. – riu, todo carinhoso com a senhora.
- Então ficam... – Sorriu dona Nena e se virou para Paula. – Que surpresa boa a Micka aqui, não é meu amor?- Passou a mão no rosto de Paulinha, cumprimentou Maxxie com um beijo e Leka igualmente. – Amo a casa cheia. – Comentou já entrando em casa, chamando Maria e Lola, as cozinheiras.
- Bom, pelo jeito teremos tempo de sobra. – Falou Paulinha, aguçando minha percepção. – Rafael, vamos conhecer as vacas? – Disse suavemente, com aquele tom de voz confiante e calmo que costuma ter.
- Vamos sim. – Sorriu, pegando na minha mão e indo mais próximo a Paula. – Você nasceu aqui na fazenda?
Paulinha riu.
- Claro, quem fez meu parto foi uma ovelha. – Ela foi sarcástica, mas sua gargalhada amenizou, fazendo parecer uma brincadeira. – Sou de São Paulo, estou morando com meus avós à uns três anos e 9 meses... por ai.
- E é massa?
- Olha, não tenho do que reclamar. É muito melhor do que viver naquela fumaça de Sampa.
- Eu amo sampa. – Falei, cortando um pouco aquela conversa.
- Nunca fui até São Paulo. – Maxxie então se meteu na conversa.
- Eu te levo lá. – Paulinha lhe sorriu, fazendo meu corpo se arrepiar em ciúmes.
Caminhamos mais um tempo até as cocheiras.
- Você já andou a cavalo, Rafael? – Perguntou Paulinha.
- Uma vez, em um hotel.
- Bom, hoje você vai andar. – Riu, abrindo o portão das cocheiras.
- Nossa... – Rafael parecia uma criança boba, em meio aqueles animais enormes.
Soltei de sua mão, correndo para a cocheira de Biscoito, o cavalo que eu mais amava. A serragem estava nova, mas nenhum cavalo estava ali.
- Onde esta o Biscoito? – Perguntei para Paula, com as mãos apoiadas na porta alta da cocheira.
- Ele esta no pasto Micka. – Me respondeu, parando ao meu lado, na mesma posição.
Virei o rosto para Paula, abrindo um largo sorriso.
- Nossa, por um segundo achei que algo de ruim poderia ter-lhe acontecido.
Paulinha me devolveu o sorriso.
- Fica tranquila, vou pedir para trazerem o seu cavalo.
Ficamos nos olhando nos olhos por no máximo dois segundos. Dois segundos que fizeram minha barriga gelar e meu mundo girar.
- Eu quero aquele cavalo novo. – Leka, sempre cortando nosso clima.
- Vou mandar trazer para você também. – Se afastou de mim, andando até o final do corredor, indo falar com o tratador dos animais.
Ficamos todos conversando sobre os fenos, enquanto os cavalos estavam sendo preparados.
Maxxie ficou dizendo que não sabia montar cavalos e que tinha muito medo. Eu estava prestes a rir, quando Paulinha a acalmou, dizendo que cavalgariam juntas, no mesmo animal.
Pode ser da minha cabeça, ou então pode ser egoísmo meu, mas que um clima esta rolando entre elas, isso eu não consegui fingir não me irritar.
Montamos os cavalos, Rafael foi em um castanho, novo por lá, Leka em um Palomino, sua crina era loira tão quanto o cabelo de quem o montava. Eu montei meu querido Biscoito, que ao me ver soltou relinchos de animação. E como sempre, Paulinha montou no Menino, seu garanhão branco, bravo, porém extremamente dócil ao seu controle.
O tratador ajudou a colocar Maxxie na garupa de Menino. Assim que subiu no animal, agarrou Paula pela cintura, quase a deixando sem ar.
“Que cena patética” – Pensei em meio a minha irritação.
Cavalgamos pela fazenda toda, Paulinha mostrou as vacas no pasto para o Rafa. Mostrou tanto as leiteiras (malhadinhas, como se ve em desenhos) como as de corte (brancas, nelores). Subimos para ver as plantações de trigo e milho, passamos na cachoeira e antes de voltarmos para as cocheiras, passamos na maternidade.
Paula desceu do seu cavalo, ajudou Maxxie e chamou-nos.
- Vamos, vou mostrar ao Rafael vacas de perto. – Riu. Ela estava se divertindo com a situação.
Deixamos os animais amarrados e a seguimos para dentro de um galpão.
Era parecido com as cocheiras dos cavalos, mas ainda mais limpo e cheio de câmeras.
- Olha Rafael. – Apontou para uma enorme vaca branca e preta e seu bezerrinho.
- Ah que linda. – Disse ele, se aproximando um pouco da baia.
- Rafael, vaca. Vaca, Rafael. – Leka, apresentando-os e arrancando risos de todos.
Depois disso, voltamos a cavalo para as cocheiras.
O sol estava sumindo e o vento do anoitecer aparecendo. Voltamos para a casa, aonde na frente um dos empregados estava montando uma enorme fogueira.
- Luau é? – Perguntou Maxxie à Paula.
- Acredito que uma roda de viola. – Deu de ombros, entrando em casa.
- Roda de Viola? – Perguntei.
- Sim Michaella. – Olhou-me nos olhos. – Agora toda semana tem um sertanejinho por aqui. – Ri.
Lavamos as mãos e sentamos na sala. Dona Nena nos perguntou se queríamos Canja de galinha ou churrasco.
Por incrível que pareça, na votação, a galinha ganhou.
- Ei Paula. – Um senhor entrou pela porta falando. – Esta pronta a fogueira e o sol já se mandou, querem se reunir a nós?
Paulinha o olhou com desdém.
- Tão afim? – Nos perguntou.
- Claro. – Rafael já se levantando do sofá.
Fomos todos para fora, sentamos em volta da fogueira. Além de nós cinco, haviam três mulheres, todas de saias longas e cabelos presos, quarto homens, um com violão, tocando as antigas músicas sertanejas, que tanto marcaram minha infância.
Estava gostoso o som da lenha queimando com as cordas do violão, a única coisa que me incomodava era o frio, arrepiando meus pelinhos do braço, pois eu apenas usava blusa curta e também a visão de Paulinha, sentada junto a Maxxie, conversando baixinho, baixinho ao ponto deu nem entender.
- Ei, Arthur? – Falou Paula, em um tom alto e carismático. – Me empresta o violão?
O homem que tocava imediatamente parou, entregando o violão velho para Paula, que o passou para Maxxie.
- Eba... o show vai começar. – Brincou Leka, batendo palmas.
- Vou tocar umas musicas mais novinhas ok meninos? – Riu Maxxie.
“Como ela é exibida, não entendo como um dia achei graça nela.”- Pensei enquanto ela arrancava o som da viola.
Então ela começou a cantar, uma música nova, eu para falar a verdade, jamais a ouvirá na vida. Não posso dizer que Maxxie canta mal, porém ela poderia se limitar em estar ali.
- Eu vivo buscando em alguém, alguma coisa que eu sei que só existe em você. – Ela cantava e as vezes olhava para Paula. – Eu quero a metade de mim que é você, o riso que irradia o mundo e que me faz viver....
Enquanto Maxxie cantava, eu viajava na letra da música. Por mais que fosse ela cantando, e olhando para a minha ex, a música parecia sair da minha boca, pois além da letra, Paula me olhava nos olhos inúmeras vezes.
- Eu, não aguento mais essa saudade, e essa solidão que me invade e me faz crer...
Olhei para Paula e ela estava me olhando.
Era como se estivessem cantando para nós duas. Como se estivéssemos em um filme e nossas cenas fossem forradas por essa canção.
- Tudo que eu quero é você de volta, to te esperando vem bater na minha porta. Eu amo você, eu só sei te querer. Minha vida tem sentido se tiver você.
A música, o clima, nossos olhares, tudo estava me causando dor de barriga. Uma agonia, parecia que meu coração estava derretendo.
Fechei os olhos pedindo para que acabasse logo tudo aqui.
Finalmente a música terminou. Maxxie foi aplaudida e logo começou outra música.
- Vou ao banheiro Rafa. – Falei ao ouvido do meu namorado e me levantei. Fui até a casa, encontrando com dona Nena no caminho.
- Oiii.. – Sorri para ela. – Vou fazer um pipi.
Dona Nena sorriu, e quando me virei para ir ao banheiro a escutei gritando o nome de Paula.
Eu não estava apurada, mas precisava muito passar água no rosto, respirar fundo. Tentei abrir a porta, mas estava trancada.
Foi quando decidi subir para o quarto de Paula, lá tinha banheiro e como todos estavam lá fora, seria um ótimo refugio para meus pensamentos.
Subi como louca até o quarto, entrando e fechando a porta.
Assim que acendi a luz me arrependi por completo de ter escolhido esse local como “buscador da paz”.
Autor(a): missweb
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Ih, fudeu. O quarto de Paula estava exatamente como era. Tirando o fato da sua mala de viagem ainda estar aberta sobre a cama. Fui andando por ele, cada passo uma lembrança nossa. Seu mural de fotos ainda estava lotado de fotos nossas. Algumas novas, com Leka e Maxxie, mas a maioria eram nossas. Me sentei na sua poltrona do computador, encostando a nuca, tentand ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 433
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bela06 Postado em 13/10/2019 - 23:35:52
Li essa história já tem um tempo e adorei. Agora só não curti muito o final. Pq mostrou a Micka e Paulinha juntas, mas não deu detalhes se elas iam realmente voltar a namorar
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MaryPrincess88 Postado em 04/09/2019 - 22:52:53
Que alegria voltar aqui depois de alguns anos e ver uma história que me marcou muito concluída. Como li em 2011, me esqueci de alguns detalhes, mas nunca me esqueci da Micka e da Paula e como é impossível não torcer por elas, vou reler sua história. Na época fiquei babando pela sua escrita, que escrita perfeita, lembro que passei um domingo inteiro lendo e não vi a hora passar, simplesmente amei. Lembro de ver a forma como você descrevia tudo e pensar "quero ser como você quando crescer". Que alegria ver que você concluiu Talvez e que terei a oportunidade de ler tudo, tudinho. Sério, estou muito contente.
missweb Postado em 13/10/2019 - 22:41:33
muito obrigada pelo seu contato e comentário. que bom que Talvez marcou sua vida. a minha tb *-* Estou com um projeto de abrir mais uma temporada dela. bjs
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jackjack Postado em 22/08/2014 - 11:42:02
poha!!! muito foda terminei de ler adorei, muito ansiosa para proxima q tenho serteza q vai ser tao boa quanto a "talvez" gosto muito da maneira q vc faz a gente adorar um personagem e logo em seguida odia-lo e depois ama-lo de novo kkkkkkkkkkkkkk parabens super fá da sua fic dá para notar nékkkkkkkkkkk
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missweb Postado em 20/08/2014 - 07:40:11
Obrigada jackjack :))))))) dia 1 começa outra web deixei o link no final de talvez! Será legal tb :))))))))
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jackjack Postado em 19/08/2014 - 23:49:32
obrigada por responder... pq me lembro de ter lido e ter gostado muito e quando fui procurar p voltar a ler tinha sumido, com sua explicaçao presumo que estava lendo a "imitaçao" mas fiquei muito feliz por encontrar essa fic parabéns adoro sua historia tenho puco tempo para ler, mas quando chego do trabalho é a primeira coisa que faço, estou quase acabando e assim vou acompanhar as atualizaçoes.
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jackjack Postado em 19/08/2014 - 00:10:01
missweb me tira uma duvida, essa fic antigamente tinha outro titulo?
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leesouza Postado em 18/08/2014 - 17:45:59
To sentindo sdds ja :c
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jackjack Postado em 18/08/2014 - 11:15:38
nova leitora \0/ adorando...
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leesouza Postado em 16/08/2014 - 20:12:15
Ai mds tomare q a Micka ñ faça outra merda
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leesouza Postado em 14/08/2014 - 21:30:16
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