Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Ih, fudeu.

O quarto de Paula estava exatamente como era. Tirando o fato da sua mala de viagem ainda estar aberta sobre a cama.

Fui andando por ele, cada passo uma lembrança nossa.

Seu mural de fotos ainda estava lotado de fotos nossas. Algumas novas, com Leka e Maxxie, mas a maioria eram nossas.

Me sentei na sua poltrona do computador, encostando a nuca, tentando relaxar um pouco.

Era estranho estar lá e não estar com ela. Parecia ser um outro mundo. Como se eu fosse telespectadora da minha própria vida no momento.

Me girei na mesa, batendo sem querer no mouse do computador. A tela clareou, mostrando sua página aberta do Orkut.

Juro que por um segundo eu tentei me segurar, mas a curiosidade era grande e fui ler suas ultimas mensagens.

Nenhum scrap novo, deve ter deletado. Quando fui ajeitar novamente em home, vi que recebeu um depoimento.

“Adele:  Ei maluquinha do Brasil, espero que tenha feita uma boa viagem. Acredita que já estou sentindo sua falta? Falta do seu beijo, do seu gosto, do seu corpo sobre o meu. Falta do seu cabelo preto todo bagunçado de manha... volta pra cá? Beijos Adele.”

Minha cara fechou na hora, desliguei o computador com raiva.

Como sou burra, aqui, me sentindo mal por uma musiquinha e a Paula com suas trinta mulheres.

Me levantei, até esquecendo de ir ao banheiro. Estava no meio do quarto quando a porta se abre.

- O que faz aqui? – Me perguntou Paula, entrando e fechando a porta.

- Não interessa. – Falei irritadíssima.

- Ei, como assim? Você ta no meu quarto.

- Desculpe. Vim ao banheiro, o de baixo estava sendo usado.

- Por que esta tão brava? – Franziu as sobrancelhas.

- Não estou. – Retruquei, chegando mais perto da porta e de Paula.

- Você é muito estranha Michaella.

- Eu estranha? Me poupe. Me deixa sair?

- Claro. – Falou sem se mexer.

- Então sai da frente.

- Não.

- Rafael deve estar sentindo a minha falta. – Falei para machuca-la mesmo.

- Acho que não, ele esta aprendendo a tocar violão com a Maxxie. – Me sorriu.

- Com a sua namoradinha? – Perguntei puta.

- Viu que lindo, seu namoradinho com a minha namoradinha. – Falou esnobe.

- Você esta namorando a Maxxie?

Ela sorriu, um sorriso irritantemente lindo.

- Não Micka, não estou... somos amigas.

- Mas a Adele você está né? – Soltei na raiva.

- Adele? Como sabe da Adele? – Franziu a sobrancelha novamente.

- Não importa... vai lá, deitar seu corpo sobre o dela. – Avancei, querendo sair do quarto.

Paula me segurou, encarando-me nos olhos.

- Como sabe da Adele?

- Foda-se essa Adele, foda-se você.

- Ei... quem veio esfregar um namorado na minha cara foi tu.

- Me deixa sair.

- Não. – Falou colando seu lábio no meu. Eu estava com tanta raiva que nem percebi quando abri minha boca para sua língua entrar.

Nos beijamos com força, uma querendo mostrar a outra quem mandava. Ergui minhas mãos na sua cabeça, apertando seus cabelos negros entre os dedos. Minha língua a lambia no mesmo ritmo que a sua se esfregava em mim.

Suas mãos desceram pelas minhas costas, apertando minha cintura. Estávamos ofegantes quando recobrei minha consciência e a empurrei.

- Você tá louca, Paula?

- Não... – Ela estava abalada tanto quanto eu. – Aconteceu, aconteceu porque ambas queriam.

- Não, você se aproveitou... – a empurrei para o lado. – Sai da minha frente. – E desci correndo as escadas, rumo a fogueira.

Eu queria chorar, mas segurei-me ao último. Quando me viu, Rafael com o violão na mão sorriu. Acenei para ele e me sentei ao lado de Leka.

- Ih, o que foi? – Disse-me, sacando meu olhar de angustia.

- Paula me beijou. – Falei baixo, olhando para Rafael, entretido na sua aulinha de violão.

- Que? – Abriu um sorriso. – AMEM. – gritou, chamando atenção de todos.

- Cala a boca. – Falei baixo, fingido sorrir.

Rafael largou o violão e veio ao nosso encontro.

- O que tá tão animado? – Disse ele, me abraçando de lado. Estava quentinho, vestindo moletom, enquanto eu congelava pelo frio que estava fazendo.

- Micka estava com dor de barriga. – Leka tentando  me livrar e torrando minha cara.

- É. – Ri, olhando para baixo. Com vergonha de verdade do que Leka falou.

Foi nessa hora que Paulinha apareceu na nossa frente.

- Toma Micka, tá frio. – Estendeu um casaco preto, com uma caveirinha.

Pensei em recusar, mas o frio estava torturante.

- Obrigada. – Falei pegando o agasalho.

- Nossa amor, nem sabia que estava com frio. Teria te dado o meu. – Rafael me abraçou, me esquentando.

- Ah, imagina se ela não estaria com frio né? Esta tão quente aqui fora. – Retrucou Paula em um tom irritadiço, reprovando a atitude de Rafael.

- Desculpe linda. – Falou para mim, ignorando Paula que se virou e foi até Maxxie.

Ficamos mais um pouco ali, não se se Paula fez de propósito, mas o moletom de me derá estava exalando o cheiro do seu perfume, me quebrando de todas as formas possíveis.

Finalmente a tal canja estava pronta, entramos todos para comermos.

Após o jantar estávamos todos em frente aos carros, esperando dona Nena para nos despedirmos.

Rafael estava me abraçando por trás, enquanto Paula me encarava. Aquela situação estava acabando comigo, então, sem pensar muito, e querendo fugir dos olhares, me virei para Rafa e beijei-lhe nos lábios. Intensifiquei o beijo, deslizando a língua na sua.

Quando paramos, olhei para Paula, que me encarava mais ainda. Seus olhos estavam brilhantes, certamente estava se segurando para não chorar. Meu coração se partiu, me senti mal, culpada. Não deveria ter feito algo assim, mas sei lá. Pra variar esqueci de pensar nas consequências.

Dona Nena apareceu, nos despedimos dela, prometendo voltar em breve.

Rafael já havia se despedido de Paula e Maxxie enquanto eu conversava com Leka.

- Amor vou pro carro, estou com frio, assim que terminar ai vamos. – Disse, me sorrindo e entrando no carro.

Abracei Leka, pedindo para que ela descobrisse tudo que Paula estava pensando e fui me despedir de Paula, que estava na varanda com Maxxie.

- Vou nessa meninas. – Cheguei perto. – Obrigada por ter mostrado sua casa ao Rafa.

- Ok... da próxima vez você poderia ir ao motel né?- Paula falou bruta, me deixando irritada.

- Você tem que procurar uma namorada, anda nojenta. – Retruquei-a.

- Ela já tem. – Falou Maxxie, colocando a mão no rosto de Paula e virando para si. Então a beijou na boca, na minha frente. Paula apenas acariciou-a no rosto e continuou o beijo.

Fiquei um tempo olhando-as, minhas pernas estavam moles, minha garganta doía, meus olhos se encheram de lágrimas na mesma hora.

Dei alguns passos pra trás, ainda as olhando, virei de frente ao carro e sai correndo, passando por Leka e entrando no carro.

Como estava chorando Rafael se preocupou.

- O que foi amor?

- Rafa, fica quieto um pouco... apenas dirige e me tira daqui.

Foi a ultima coisa que falei na noite. Fiquei o caminho todo olhando para fora da janela e relembrando a cena do beijo das duas.

As lagrimas não me deram trégua nem em casa.

Ajeitei o quarto de hospedes para Rafael e fui tomar um banho para dormir.

Por mais que eu tentasse pegar no sono, parecia que alguém vinha me acordar.

Então eu senti como se estivesse sem metade de mim.