Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Revelação

O silêncio da noite estava torturando meus ouvidos. ‘

Meus pensamentos criavam vida e eu conseguia ouvir as pessoas falando dentro da minha cabeça.

Já estava de banho tomado, deitada na minha cama. Implorando, me ajoelhando para o sono me tomar.

Hoje, foi mais um daqueles dias que poderiam ser deletados da memória. Bom, não ele por completo.

O beijo que dei em Micka me deu vida, serviu para inflar novamente meus pulmões de ar.

Mas ai veio o beijo de Maxxie, e tudo ficou confuso.

Assim que paramos de nos beijar olhei assustada para ela, que me sorria dizendo que apenas tentou me ajudar.

Eu não sei se foi uma boa ideia. Pode ser da minha cabeça, pode ser egocentrismo meu, mas aquele beijo não foi uma farsa apenas para espantar Micka, Maxxie, para mim estava entregue ao meu sabor, a minha língua.

 Me revirei na cama quase a madrugada toda, conseguindo dormir apenas quando o sol começou a invadir meu quarto.

Não sei bem ao certo que horas eram, mas fui acordada pelo toque do celular.

- Alo? – Falei totalmente sonolenta, sem ver o visor.

- Bom dia? – Maxxie cautelosa, falando baixinho.

- Bom dia. – Sorri, mesmo me sentindo estranha pelo beijo. – Que horas são?

- Hum... – Demorou alguns segundos para falar, deveria estar vendo no visor do celular. – Quase meio-dia.

- Tudo isso foi saudades? Pra você me ligar assim tão cedo?

- Cedo Paula? Já tá é bem tarde. Na fazenda não acordam cedo não? – Riu.

- A criadagem sim. – Gargalhei. – Mas me diz, tudo bem?

- Tudo sim, quer dizer, mais ou menos. – Ficou um tempo muda. – A gente tem que conversar.

- Ih, já to vendo tudo. Pelo beijo?

- Também!

- Mas não foi só pra me defender da Micka?

- Também.

- Também?

Então Maxxie riu.

- Vamos conversar de perto? – Sugeriu.

- Tá... vou só acordar e te encontro no centro. Vamos almoçar junto.

Levantei-me assim que desliguei, tomei um banho demorado. Uma das coisas que mais gosto é esquecer do mundo e deixar a água morna do chuveiro me ensopar. De cabelos molhados procurei uma roupa. O dia estava gostoso, nem frio nem calor.

Vesti shorts xadrez preto e vermelho, uma blusinha colada no corpo branca, sem decote e um moletom preto, liso, com capuz. Nos pés optei pelos surrados all stars pretos, clássicos.

Sequei o cabelo, deixando-os lisos e soltos sobre as costas.

Não estava afim de me maquiar, lápis e rímel já estavam de bom tamanho para mim.

Juntei uns trocados que estavam sobre a cabeceira da cama, amassando-os e colocando no bolso do shorts.

Um pouco depois das 13:00 horas apareci no prédio de Maxxie.

- Cheguei. – Falei ao interfone.

- Sobe ai. – Me convidou já abrindo o portão.

Subi as escadas com calma, chegando no seu andar pude sentir o cheiro gostoso de comida sendo feita.

Toquei a campainha, sentindo-me estranha.

- Oii dorminhoca. – Me atendeu com brilhos nos olhos.

- Ah... oi... chatona. – Ri, dando-lhe um beijo na bochecha. – Que cheiro bom, o que temos para hoje?

- Mignon, arroz, fritas e salada.

- Delicia. Cadê? – Fui até a cozinha, bisbilhotando tudo o que teríamos para o almoço.

- Para de xeretar Paula. – Me abraçou por traz, dando um beijo no meu pescoço e me soltando.

Admito, arrepiei por um segundo mas logo voltei a mim.

Estava cada segundo mais confusa. Não consegui decifrar se Maxxie estava investindo em mim ou então se eu estava vendo coisas, por querer algo com ela.

Comemos conversando sobre assuntos banais. Uma coisa que me relaxava era sempre ter assuntos com ela.

Entre baladas e novidades o assunto Michaella veio a tona.

- E como você esta se sentindo? – Perguntou-me com ternura.

- Ah Max... – respirei fundo. – Não vou dizer que estou bem... vê-la mexeu comigo... o babaca lá... fico me perguntando como ela teve coragem de me trocar por ele...

- Ela não te trocou por ele... Vocês terminaram por outro motivo...

- Tá que seja... mas é humilhante vê-la com um otário... sei lá...- Dei de ombros. – Micka é passado.

- Mas esse passado esta presente né?

- Sempre estará Max... mas eu já reservei um lugar pra ele... um canto bem escuro e chaveado do meu coração. – Lhe sorri sem vontade.

Maxxie me devolveu o sorriso, do mesmo modo, sem animo.

- E o que pretende fazer?

- Viver. – Agora lhe dei um sorriso verdadeiro. – Não quero saber de quem não me quer... vou viver... vivi 14 anos sem ela... viverei mais.

Terminamos de comer, Maxxie lavou os pratos enquanto eu os enxugava e guardava.

Ficamos um tempo jogadas na rede, conversando sobre músicas até eu tomar coragem e perguntar.

- O que você queria falar comigo?

Percebi que ela ficou tensa, sua respiração mudou e sua feição se tornou séria.

- Acho que perdi a coragem.

- Coragem? – Lhe sorri.

- É. – Mordeu o lábio e olhou para baixo. – Ok, deixa eu pensar... – Levantou-se, andando em círculos na minha frente.

- É tão sério assim? – Tentei descontrair.

- Estou com um problema. Na verdade não o vejo como um problema...- Respirou fundo – Estou apaixonada.

Fiquei em silêncio, apenas olhando-a. Pensei em perguntar por quem, mas seria muita falsidade da minha parte. Eu sabia exatamente de quem ela falava.

- Eu tentei não estar... – Continuou. – Pensei estar confundindo as coisas... ou então estar assim por carência... – Balançou negativamente a cabeça. – Mas não... é paixão mesmo.

- Paixão mesmo? – Sorri sem jeito. – Como pode ter certeza Max?

- Meu corpo se arrepia todo quando te vejo, minha barriga esta em constante guerra, juro que sinto as bombas estourando o tempo todo dentro de mim. – Riu. – Fico pensando toda hora em você, como esta, com quem esta. Morro de ciúmes só de pensar-te com alguém...- Me olhou fixamente nos olhos. – Eu não sou criança Paulinha... eu sei quando estou nas mãos de alguém.

Caraca, foi essa a minha reação silenciosa. Fiquei completamente sem saber o que fazer. Borboletas apareceram na minha barriga.

A beijo? Essa seria a reação certa para não magoa-la... mas seria a certa?

Fiquei pensando na melhor saída e esqueci do tempo.

- Ei... fica de boa. – Maxxie me sorriu. – Eu entendo que você não sente o mesmo por mim, sei dos seus rolos e sei que não ta na hora. Só precisava te falar... sei lá. – Deu de ombros. – O beijo me deixou sem dormir...

Sorri, por mais complicada que essa revelação tenha sido um lado de mim se sentiu feliz em saber.

- Também complicou minha noite. – Lhe sorri.

- Então somos duas com sono. – Riu, vindo até mim, pegando nas minhas mãos e as beijando. – Eu gosto muito de você... ve se não vai fugir por conta do que te falei... nunca vou desrespeitar você.

- Ei Max... eu nunca vou a lugar algum. – encostei minha testa na dela e beijei a ponta do seu nariz. – Eu te adoro.