Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Nojo.

A manhã foi longa. A minha raiva era tanta que o sono não vinha.

Cansada de rolar na cama, lá pelas 9:00 me levantei. Tomei um banho demorado.

Eu estava precisando chorar, mas quem disse que as lágrimas apareciam? Estavam congeladas, travadas em meus olhos.

Desci para o café da manhã, quieta, sem vontade.

- Minha neta. – Vovó me abraçou.

- Ei vovó.

- Está em casa hoje? E a aula?

- Me dei férias hoje...- Sorri sem graça.

- Ai ai ai Paula... – Me olhou brava e logo sorriu. – vai querer café?

- Claro. – Sorri novamente, sentando-me na mesa.

Vovó ficou me contando sobre a viagem que faria com vovô na semana que vem, enquanto eu comia meu pão com mantega.

- Meu amor... seu aniversário esta quase ai...

- Três dias vó. – Sorri.

- E já sabe o que quer?

- Escolhe você. – Pisquei, tomando um gole do suco de laranja.

- Licença...- Uma voz conhecida cortou nosso papo.

Virei a cabeça em sua direção. Era Michaella.

- O que faz aqui? – Perguntei brutamente.

- Paula, isso são modos? – Vovó me cortou, levantando da cadeira e indo até Micka, que tinha os olhos vermelhos, de choro. – Você está bem meu anjo? – Abraçou-a.

- Não muito dona Nena. – dando-lhe um beijo no rosto.

- Bom, vou deixa-las a sós. – Sorriu para Micka e me olhou. – Você... – Apontou para mim. – Use a educação que lhe dei.

Respirei fundo, largando o ultimo pedaço do pão no prato. Cruzei as pernas e me ajeitei na cadeira.

- Senta Michaella. – Falei friamente.

- Obrigada... mas preferia conversar contigo no seu quarto... ou sei lá... lá fora.

- Vamos lá fora então. – Levantei-me, passando por ela sem olha-la.

Não conseguia encara-la, estava enjoada, irritada, dolorida...

Paramos na varanda, me sentei no balanço, deixando-a sentar na poltrona do vovô.

- Então...- Falei, querendo realmente saber o que ela tinha para falar.

- Me desculpa... Paula... eu... eu sou idiota...

- Hum...

- Eu estava tentando te esquecer... e me iludi, criei um personagem, uma vida que não é minha... eu amo vc. – Estava chorando, não desesperadamente, mas seu rosto comeáva a se molhar.

- Você me ama? Ah Michaella me poupa. Ontem mesmo estava na sua casa, ontem mesmo nos beijamos, ontem mesmo, se o otário não tivesse chegado, era eu quem estaria saindo agora da sua casa... – Dei de ombros. – Eu quero que você suma.

- Não Paula. – Agora ela veio em minha direção, ficou ajoelhada, segurando em minhas mãos. – Para... vamos conversar direito... eu sei que você ainda me ama.

- Sim, eu te amo... mas eu não quero mais saber de você. – Soltei suas mãos. – Você pouco pensou em mim quando estava sendo arrombada por aquele babaca.

- Paula, me respeite.

- Michaella... você não merece nada de mim... muito menos o meu respeito. – Me levantei. – Pode ir embora. Eu peço para te levarem para casa. – Apontei para o exterior da fazenda.

- Paula... – Ela chorava desesperadamente.

- Ei... tenha amor próprio. – Me virei, entrando em casa, deixando-a chorando por ali.

Pedi ao motorista que a levasse e voltei para o meu quarto, aonde passei o resto da manha buscando músicas na internet.

Eu queria ligar para Maxxie, falar com ela, mas na noite anterior já a tinha magoado.

Almocei com meus avós, ninguém perguntou de Micka. Depois do almoço liguei para uma colega de sala, perguntei a matéria e pesquisei na internet. Depois de estudar pedi ao motorista que me levasse na Leka.

Chegando lá liguei para ela.

- Olá bichola. – Atendeu minha amiga.

- Está em casa?

- Sim, mas você não vai querer vir aqui.

- Ela esta ai né?

- Yep, e chorando mto.... acho que temos que conversar.

- Me poupe Leka... beijos. – Desliguei assim mesmo, grossa.

Pedi ao motorista que me levasse até Maxxie.

Desci do carro, tocando o interfone.

- Quem? – A voz de Maxxie era suave, me acalmava.

- Eu.

- Paula? Oi... é... hum... sobe.

E o barulho de destrave ecoou. Maxxie estava esquisita, parecia envergonhada pelo interfone.

Subi rapidamente os três lances de escada. Na frente de sua porta ouvi uma voz que não era a dela.

- Tá certo, eu entendo. – Dizia outra mulher.

Um certo desconforto tomou conta de mim.

Toquei a campainha.

- Oiii gatinha. – Disse Maxxie abrindo a porta.

- Oi. – Lhe sorri, já buscando com o olhar a dona da outra voz.

- O que foi? – Perguntou Maxxie, estranhando meu buscar.

- Quem tá contigo?

- Ah... – Afastou-se da porta.- Entra... vem conhecer a Camila.

- Camila? – Franzi a sobrancelha.

- Oiii. – Uma morena de olhos escuros apareceu. – Prazer Paula. 

- Hum... – Olhei para Camila, ela era uma das meninas que Maxxie conversava na roda, no ladys. Olhei para Maxxie, sem entender muito bem. – Estão juntas?

- Sim. – Camilla Falou.

- Não. – Maxxie retrucou. – Nos conhecemos ontem.

Ergui a sobrancelha.

- E já a convidou para seu apê?

- Ih... que drama. – Camilla resmungou, me tirando do sério.

- Ela é de fora. Só dormiu aqui, nada demais. – Maxxie se defendia como se tivesse me traído.

- Que graça. – Falei me virando, abrindo a porta.

- Paula... tá louca? – Maxxie foi atrás de mim, pelas escadas.

- É, acho que sim. – Balancei a cabeça negativamente e voltei a descer.

- Para... – Me puxou pelo braço, me empurrando na parede.- Por que está assim?

- Eu não sei. – Olhei-a nos olhos e não pude evitar de descer meu olhar para sua boca.

Não sei como, onde e quando mas quando percebi meus lábios estavam grudados aos seus, minhas mãos fincadas em seu cabelo e minha língua explorava sua boca, num jeito diferente de beijo, não como foi o nosso primeiro. Esse beijo estava desesperado, com medo de perde-la.