Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Nossa noite.

Fiquei parada na porta do quarto de Paula, a olhando. Seus olhos estavam fixos no espelho, encarando os meus. Senti meu rosto esquentar, certamente eu estava ficando corada, então para não queimar mais o meu filme decidi entrar.

- Oi... – Disse me aproximando dela e lhe dando um beijo no rosto. Seu perfume me invadiu por completo, me deixando até amortecida.

- Oi... – Me cumprimentou, passando a mão nos cabelos logo em seguida. Ela estava linda, vestia saia xadrez verde com cinza e preto, uma regata coladérrima em seu corpo, com uma caveira ao centro. Seus cabelos eram soltos, quase beirando a sua cintura, estavam bem lisos. Sua maquiagem era preta, forte, diria até que estava forçando um ar rebelde que intimidaria algumas pessoas da festa. No pé ela calçava coturnos da all star, pretos, um pouco abaixo dos joelhos. – Já estou terminando. – Me disse, olhando em meus olhos novamente.

Senti sede, senti fome, senti tantas coisas ao mesmo tempo que fui me sentar em sua cama.

- Mas eai, como chegou até aqui? –Me perguntou, puxando assunto.

- Pois então... – pausei, tentando pensar no que falar. – Meu pai me trouxe.

- Ah sim... é longe né? – ela riu... – Ele deve ter ficado enfurecido.

- Sabe que não ficou... ele é o cara. – Sorri, olhando para ela e depois para o lado.

- Você está bem bonita. – Sorriu para mim, chegando mais perto.

Meu corpo inteiro se incendiou, fiquei respirando forte, sentindo o ar faltar a cada centímetro de aproximação dela.

- Você também está. – Sorri meio sem jeito, só observando enquanto ela para na minha frente e se esquiva para o lado, pegando um par de argolas grossas e prateadas ao meu lado, no criado mudo.

- Obrigada. – Sorriu para mim, indo buscar sua bolsa. – Vamos?

- Sim... vamos... – Sorri.

Descemos, encontrando os pais de Paula. Eles deram um monte de conselhos, pediram para não bebermos, nem beijarmos muitos meninos, pois isso era coisa de meninas levianas. Paulinha riu, abraçou sua mãe, beijou seu pai. Entramos na caminhonete, indo para o portão da casa.

- Podemos parar um pouco, tenho que falar umas coisas.

Agora era a vez de Paula estremecer. Percebi que ela endureceu, até sua postura mudou no carro. Ela encarou meus olhos, respirou fundo. Aposto toda a minha coleção de bottons que seu coração estava acelerado e que suas mãos estavam geladas. Paula pediu para que o motorista parasse no estábulo por um tempo.

Descemos do carro, entrando pelas cocheiras.  Olhei os cavalos, acariciei o menino, que estava com a cabeça para fora. Comecei ficar nervosa, na verdade eu estava nervosa desde que desliguei o telefone com Leka. Paulinha se sentou em um banquinho, próxima ao quarto de selas. Virei para ela, olhando-a nos olhos.

- Bom, serei direta pois não sei fazer rodeio. – Falei rápido.

Paula ficou me olhando, parecia nem piscar. – Fale.

- Eleonora me ligou, me contou o que vocês falaram.

Paula arregalou os olhos, colocou a mão na testa. Ela parecia tímida, envergonhada.

- Ai Deus, essa Leka é foda viu. –riu de nervosa. – Então, eu também não farei rodeios, até porque me amo demais para ficar nesse joguinho de disque me disque. – ergueu uma sombrancelha. – Eu realmente estou sentindo algo por você. Quando te vi no primeiro dia de aula eu te achei linda, ficamos amigas, com o tempo fui me apaixonando. Quer dizer, paixão eu não sei... fui me encantando. Mas relaxa, eu sei que você não é gay, que você tem seu menino, que você me vê como amiga... ta tranqüilo. – sorriu.

Me aproximei de Paula, me abaixando na sua frente.

- Você é direta... gostei... – ri – bom, no primeiro dia de aula também senti algo diferente quando te vi, não sei o que foi. Na verdade não sei até agora o que estou sentindo... estou confusa. Tenho minha vida, meu menino como você diz, mas desde que entrou no colégio não é o Lucas que vem na minha mente 24 horas por dia. O que senti quando te vi com a Raphaele foi cinco vezes mais do que quando vi Lucas se agarrando com ela em uma festa. Eu não sou gay, mas deixa eu te contar... acho que também estou me “encantando” por você. – Parei de falar olhando-a nos olhos.

Achei que ela falaria algo, que comentaria, que sorriria. Invés disso Paula me assustou novamente com sua personalidade, ficou me fitando com os olhos, levou suas mãos na minha cabeça, uma sobre cada orelha e antes mesmo que eu pudesse sentir arrepios pelo seu toque seus lábios encontraram os meus, iniciando um beijo longo. Meu corpo estava pesado e leve ao mesmo tempo, tremia lentamente, o ar estava faltando, mas eu estava muito envolvida com o carinho que sua língua fazia na minha.