Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Caipira de fato, feliz e não nego. (parte II)

Chegamos na fazenda,
os olhos de Marina brilharam.
Os de Micka também brilhavam quando chegavamos aqui,
sei lá acho que esse verde todo encanta as pessoas.
Esperamos no portão até Maxxie abrir, já que o controle do portão estava com ela, no meu carro.
Estramos, seguindo a estradinha de paralelepipidos que dá até a casa.
Deixamos os carros na garagem e finalmente estavamos frente a frente,
sem estar com cinto de segurança,
sem estar sentadas.
Fiquei olhando pra Marina enquando Maxxie a comprimentava com um beijo e um abraço, seguida de Leka que quase esmagou Marina em um abraço apertado.
Eu estava meio sem ação, estava até com vergonha.
- Será que não ganho um abraço melhor agora? - Marina falou me olhando.
- Claro. - Ri, abraçando ela bem apertado. O seu cheiro era muito bom, ele vinha de todas as partes, do pescoço, do cabelo, das suas roupas.
Nos desgrudamos, segurei na sua mão, puxando-a para fora da garagem.
- O que você prefere ver antes? - Ri, sem saber nem como começar.
- Eu tenho uma ideia. - Leka falou. - O quarto de hospedes, para ela deixar as malas.
- Nossa... claro. - Levei a mão no rosto. - Como sou besta. - Ri, soltando a mão de Marina e voltando para a garagem. - Cade sua mala?
- Relaxem, podemos leva-la depois lá pra cima. - Sorriu Marina sem jeito.
- Não, deixa que levo já. - Sorri, querendo ser prestativa.
- Tá então. - Disse Marina voltando para o carro e pegando sua mala da caçamba. Era uma mala pequena, dessas de rodinhas que normalmente empresários usam.
- Eu levo. - Falei, pegando delicadamente a mala de suas mãos.
- Quanta educação heim Paula. - Riu Maxxie, tirando com a minha cara.
Entramos em casa, do topo da escada desceu meu enorme são bernardo correndo.
Veio me pedir carinho e logo foi em cada uma das meninas, só para ser acariciado.
- Que coisa mais gorda. - Falou Marina toda derretida pela lambida na bochecha que acabará de levar.
- Ele é sefado, não vai dando muita barda que daqui a pouco ele tá babando em você toda. - Disse Leka, já subindo as escadas.
Subimos atras dela, entrando no quarto de hospedes bem ao lado do meu quarto.
- Tem toalhas novas no banheiro, shampoo, sabonete, condicionador, escovas de dentes, pastas... tudo na cestinha sobre o banheiro. - Fui falando enquanto deixava a mala sobre a cama Queen que tinha no quarto. - Tem mais cobertas no armário, mas a Mirian e a Maria devem arrumar sua cama mais tarde. - Sorri.
- Hum... to me sentindo chique demais. - Brincou Marina. - Obrigada, dormirei bem essa noite.
- Uhum...- Falou Leka ironicamente, olhando para o teto e para nós.
Revirei os olhos, balançando a cabeça, ouvindo as risadas de Leka, Maxxie e Marina.
- Aqui é meu quarto. - Falei já fora do quarto, em frente a porta.
- É uma bagunça. - Riu Leka, abrindo a porta do meu quarto, que por graça de Deus estava arrumadinho. - É, vai chover. - Riu, ao ver o quarto impecavel.
- Viu, bocuda. - Ri, deixando as meninas entrarem no meu quarto.
Marina foi logo olhar o enorme mural de fotos que tenho na parede do quarto, as fotos de Micka ainda estavam grudadas nele, junto com fotos minhas desde a minha infância, fotos de amigos, da Maxxie, da Leka...
- Eu conheço essa menina. - Apontou para uma das fotos.
- Qual menina? - Perguntou Leka chegando perto. - Ah a Micka... - Falou mais desanimada.
- Sério? conhece ela da onde? - Perguntou Maxxie. Eu fiquei em silêncio, só observando.
- Do Meet, um bar que eu toco. Ela sempre tá lá... ela é amiga da minha ex, eu acho, pois sempre encontro elas no mesmo grupo de pessoas.
- Ah tá... ela é a ex da Paula. - Falou Leka sem vontade.
- Ah... - Disse Marina, analisando melhor a foto. - É ela mesmo, é bonita ela.
- Bonita mas não presta. - Falou Maxxie com raiva.
- Ei... deixa a menina. - Enfim falei. - Ela é bem baladeira mesmo Mari... deve ver ela sempre e sempre e sempre. - Ri.
- É ... eu vejo ela bastante. - Riu também, percebi que ela estava meio tensa, então decidi chama-las para descer.
- Vem, vamos ver se o almoço já ta pronto. - Sorri, saindo do quarto. Estava tentando ser forte mas me deu um ruim dentro do corpo. Uma curiosidade louca de saber se Micka ficava com meninas ou se estava sozinha... ou então se namorava. Será que rolou alguma coisa entre Marina e Micka? Será que Micka me traiu com Marina?
Descemos e fomos até atras de casa, aonde as costelas estavam no chão desde cedo.
Toda a peãozada da fazenda já estava por lá, junto com suas famílias.
Todos vieram comprimentarnos a medida que iamos entrando naquela festa de sábado a tarde.
Chegamos na mesa aonde havia arroz, salada, farofa, refri, cerveja.
Nos servimos e fomos nos sentar em uma das mesas de madeira rustica que tinha pelo quintal.
Não demorou muito e Heitor veio com um grande espeto de costela para nós.
Ficamos conversando e comendo,
Marina era muito doce, o jeito que contava as coisas, o jeito com que ouvia minhas amigas falarem.
Eu estava mais quieta, mas prestando atenção em tudo que falavam.
Depois de comer nos juntamos na rodinha de viola,
Heitor estava tocando as antigas músicas do zezé de camargo e luciano.
- Ficou chateada por eu conhecer sua ex? - Marina me perguntou bem direta, baixinho.
- Um pouco. - Respondi sincera. - Fiquei com pensamentos bobos. - Ri um pouco nervosa.
- Que pensamentos? - Me sorriu docemente, me dando coragem de me abrir.
- Ah, se vocês já ficaram ou se já rolou algum clima.
Marina balançou a cabeça negativamente.
- Mal troquei uma ou duas palavras com sua ex. Na verdade apenas fomos apresentadas por uma conhecida em comum. Uma amiga dela gosta bastante da minha música, me manda msg.
- Que amiga dela fica te mandando msg? - Falei mais séria. Agora estava era com ciúmes, ciúmes de Marina.
- Carol. - Disse séria e riu. - Isso foi ciúmes? - Ergueu as sobrancelhas.
- Ah... a Carol. Eu conheço. - Sorri meio sem jeito. - Pior que acho que foi. - Ri, mais tranquila em saber que Micka e Marina mal se conheciam.
- Ei toca pra gente Paula. - Disse Lucilda, mulher de Heitor, me passando um violão.
- Ah é que você toca? - Marina sorriu, toda animada.
- Putz. - Ri, pegando o violão. - Tá... mas a Maxxie toca também e a Marina canta heim.
Arranhei tião carreiro, acompanhada da viola de heitor.
Puxei ar, começando a cantar, já sendo humilhada e acompanhada pela voz marcante de Marina, que arrancou comentários de toda a tropa.
"Na cidade de Barretos,
na hora que fui chegando a boiada estorou AI...
só tinha gente gritando.
Foi mesmo uma tirania e na frente ia o soberano."
Maxxie não sabia cantar muito menos tocar então entregou o violão para Marina que logo começou a tocar junto comigo e Heitor.
"Salva meu anjo da guarda desse momento tirano,
quando passou a boiada o boi foi se retirando.
Veio o pai dessa criança e me comprou o soberando:
Esse boi salvou meu filho, ninguém mata o soberano"
Terminamos a moda aplaudidas pelo povo que estava na roda.
- Alá... apavoramos. - Ri, batendo a mão na de Marina.
Larguei o violão para Cleiton, irmão de Heitor, eles e Marina tocaram mais algumas músicas para nós, puxando um sertanejo mais novo.
- Paulinha vem dançar comigo. - Me chamou Adriano, filho de Heitor, que tem uns dois anos a menos que eu, tendo crescido na fazendo dos meus avós.
- Claro. - Ri, indo dançar com ele, sendo guiada pelo menino.
O menino me rodou tanto que achei que ia ficar tonta, rimos muito enquanto dançavamos, era engraçado estar ali, tão feliz, era o quintal da minha casa e hoje parecia ser o paraiso.
Paramos nossa dança assim que começaram a tocar outra música, agora sem Marina, apenas os meninos da fazenda.
- Hum, toca violão, canta, dança... - Riu Marina. - O que mais você sabe fazer Paula? - Me olhou nos olhos.
- Você tem que descobrir, Marina. - Olhei em seus olhos, desci para sua boca, encarei aqueles lábios por um tempo, queria beija-los, subi o olhar novamente para os olhos de Marina. - É mais gostoso ir descobrindo aos poucos né?! - Sorri.
Marina passou a lingua nos lábios e fez que sim com a cabeça.
- Com certeza, Paulinha. - Sorriu para mim.
Ficamos mais um pouco ali na movuca e quando o povo foi saindo, para seus afazeres acabamos indo para o outro lado do quintal, aonde tinha a piscina.
- Desculpem mas ó... - Correu Leka para a piscina e se jogou, de roupa e tudo.
Sentei na beira da piscina junto com Marina, deixando só as pernas para dentro da água.
- Sua casa é uma delicia Paula. - Disse Marina, me sorrindo.
- É mesmo, sou caipira e não nego. - Ri.
- Você é linda, isso sim.
- Ah... - Ia responder mas fiquei um pouco envergonhada então apenas ri.
- Olha ai, ta rindo a toa denovo. - Disse Marina rindo, lembrando da nossa conversa ao telefone no domingo passado.
- Você me deixa sem saber responder as vezes. - Falei. - Sabe... eu achei que depois de Micka jamais sentiria esse frio na barriga.
- Paula... enquanto isso aqui bater... - Disse Marina levando a mão no meu coração. - Você sempre sentirá frio na barriga, borboletas pelo corpo, choques nas pernas. - Riu. - To te dizendo porque sou prova viva que desiluzão não mata. - Riu novamente.
- Pode ser... mas quero dizer que você é especial... na verdade esta se tornando especial.
Marina ficou me olhando nos olhos, sorriu tímida, depois pegou na minha mão, a soltou em seguida, sorriu novamente, olhou para mim, depois olhou para as meninas na piscina.
- Ei olha aqui. - Falei, chamando sua atenção.
- Oi...- Falou Marina, virando o rosto para mim.
Deixei de pensar e comecei a agir, levei uma das minhas mãos em seu rosto, puxando-o para mim.
Encostei meus lábios nos de Marina, levemente, apenas sentindo o quanto são molinhos, macios, sorri com a boca colada na dela e afastei bem pouquinho, ainda deixando encostados.
Deslizei a boca na dela, raspando todo meu lábio no seu, respirei fundo como se estivesse tomando forças para seguir em frente e assim fiz, apertando meus lábios com uma certa força nos dela, abrindo bem a boca e deixando a lingua dela me invadir.
Fui descobrindo o beijo de Marina a medida que nossas linguas se encontravam, se enroscavam, se apertavam.
Era um beijo cheio de carinho, um beijo com vontade de ir além do beijo, como se quisesse me decifrar completamente.
O gosto era de cerveja, tanto da minha boca quanto da dela, mas no fundinho era bem doce me lembrando trident de melancia.
Ela beijava de um jeito que fazia eu querer me entregar completamente para ela.
- Ah que lindoooooo.... - Gritou Leka bem pertinho de nós, fazendo com que descolassemos nossas bocas pelo susto.
- Lekaaaa... - Gritei e ri, olhando para Leka e depois para Marina que me olhava rindo.
Me joguei na água puxando a minha cantora comigo.
Rimos, dando pulinhos até acostumarmos com a agua gelada.
Segurei a morena pela cintura, puxando-a para mim, não queria ficar longe dela, parecia que meu corpo precisava daquele contato.
Marina me deu varios selinhos na boca, rindo entre eles.
- Eu sabia que vocês iam acabar juntas. - Falou Leka nadando ao nosso lado.
- E por que? - Perguntei rindo.
- Porque eu sei de tudo. - Riu, acompanhada de mim, Marina e Maxxie.
Não sei como explicar o que aconteceu, nem o que estou sentindo mas posso dizer que meu coração esta tão acelerado que se eu abraçar Marina nesse momento ela vai sentir no peito dela ele bater.