Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Quarta Agitada

O apartamento estava perfeito para mim,

As fotos estavam espalhadas pela casa, todas com seu porta retrato.

Algumas pelúcias de cavalos estavam distribuídas pelo meu quarto,

Pelo escritório e até um, bem mole, branquinho e peludo sobre o sofá da sala de estar.

Entrei em um dos quartos de hospedes,

Tudo estava impecável para a chegada da minha querida Eleonora.

É quarta feia ainda mas já estou bem cansada de ficar sozinha por aqui,

O estágio começa apenas na segunda feira após o almoço,

Irei trabalhar com cavalos atletas, na sociedade hípica paulista.

Não é o foco que procuro, mas de um jeito tenho que estrar no mundo veterinário dos cavalos.

Estava a brincar com meus pensamentos quando meu celular tocou.

- Oiiii meu anjo. – Atendi empolgada ao ver o telefone de Marina no visor.

- Oi meu eterno amor. – Ela riu. – Como está a vida de gente grande???

- Um tédio... – Eu ri, acompanhada da cantora mais linda que já conheci. – E você por onde anda???

- Eu to fazendo um lanche em um shopping aqui no Rio de Janeiro, hoje vou gravarr no altas horas, nada de tao especial, mas vou cantar umas musiquinhas.

- Po, você ta louca? – Gritei toda animada. – Já é muito top, vou super assistir, passa sábado né?

- É... – ficou um tempo quieta. – Paula....

- Hum...- Quando me chamavam de Paula eu já sabia que vinha bomba.

- Sinto sua falta. – Falou com a voz baixinha, mortinha.

- Eu também meu bem. – Não era mentira, eu sentia falta de Marina. – Mas a vida esta empurrando a gente para lugares tao opostos. – Ri, mais de nervoso do que de qualquer outra coisa.

- Isso é verdade. – Finalmente riu. – Mas a saudades é complicada... ainda estou ligada a você...

- Relaxa, já já encontra alguma famosa pelos camarins da globo e nem lembra mais que existo. – Brinquei, a verdade era que gostava de Marina, tentei ama-la mas meu coração é burro, ele gosta é de sofrer.

- Só se for a Alinne Moraes. – Riu. – Ai nem lembro seu nome...- Soltou outra gargalhada. – Pode ser a Cleo Pires também...

- Nossa, Cleo Pires? – Ri. – Com essa eu esqueço até meu nome. – voltei a rir acompanhada de Marina.

Conversamos por mais um bom tempo, ela ficou me contando do seu ultimo show, da gravação do cd que estava terminando, que ira tocar uma musica com Ana Carolina, aonde brinquei que seria mais uma das “Madonas” que a cantora top iria  “comer”.

Eu adorava passar horas ao telefone com essa morena,

Ela animava meus dias, mesmo terminadas, mesmo sendo e-namoradas e agora amigas,

Era gostoso saber da vida dela, saber que estava bem, saber que estava feliz.

Desligamos quando ela disse que tinha que ir para o estúdio da globo,

Aproveitei para tomar banho e me jogar na cama, hoje passaria a tarde toda assistindo filmes.

Estava rindo com meu Malvado Favorito 2 quando meu celular tocou novamente.

- Ah, lembrou que tem melhor amiga? – Ri, brincando com Leka, assim que atendi o telefone.

- Não, tenho duas. – falou nervosa.

- O que foi? – Já fiquei apreensiva.

- Estou indo pra São Paulo, to pegando o busao agora. – Falou rápido. – Micka não esta bem, to sentindo. Ela não me atende, liguei na casa dela e da Julia e Julia me disse que não sabe da Micka, que foi trabalhar e quando voltou Micka não estava mais em casa, suas roupas todas não estavam mais la... ela simplesmente sumiu. – Estava a chorar no telefone.

- Calma... como assim? Ela sumiu? Isso não ta bem contado.

- Não sei Paula... Julia garantiu que não aconteceu nada, que de manha estava tudo bem e no dia seguinte quando voltou do plantão a Micka já não estava mais.

- Julia deve ter feito algo. – Falei mais para mim do que para Leka. – Ela não tem nocao aonde Micka esta?

- Não...

- Me passa o telefone da casa delas...

- Julia saiu pra trabalhar já... me deixou o celular.

- Passa...

Leka me passou o numero de Julia e disse que era para busca-la na rodoviária.

Pronto, minha quarta feira tinha acabado.

Aonde estaria Micka?

Levantei da cama, tirei meus pijamas, vesti calça jeans e uma blusinha polo, bem básica.

Peguei as chaves do carro, minha carteira, o celular, tranquei o apto e desci até a garagem.

Liguei algumas vezes para Julia, que não atendeu.

Já no carro busquei na minha memória, que nunca me falhou o endereço de Carol e em pouco tempo estava na frente daquele sobrado de pintura descascada.

Sai do carro e apertei a campainha.

Não demorou muito e aquela mesma senhora, da primeira e única vez que estive aqui atendeu.

- O que você quer? – Me perguntou em uma educação louvável.

- Olá, por favor, poderia falar com a Carol?

- Hum... tá... entra. – Disse me chamando com a mao, olhei para meu carro, recém comprado, um camaro branco agora. Me doeu um pouco deixa-lo lá fora, com todos os perigos desse bairro. Respirei fundo, entrando naquele cubículo mal decorado que cheirava a vinho com sexo.

- Carolina.... – a senhora gritou. – Visita...

Carol apareceu correndo pela escada que levava ao andar de cima.

- Paula... – Falou surpresa.

- Oi, Carol. – Falei séria. – Podemos conversar, por favor?

- Claro, vem, sobe, vamos até meu quarto. – Disse já subindo para o andar de cima novamente.

A segui, evitando encostar nas paredes, o quarto dela era pequeno, tinha uma cama de solteiro, uma estante dessas de laboratório, aonde estavam suas roupas dobradas, uma mesa com um computador e uma janela, aonde conseguia ver meu carro.

Encostei na janela, enquanto Carol arrumava algumas roupas espalhadas.

- Não liga a bagunca, cheguei agora pouco em casa.

- Sem problemas. – Respondi. – Vim aqui por causa...

- Da Micka. – Completou a minha frase.

- É... – Sorri um pouco sem graça.

- Soube o que aconteceu? – Me perguntou, sentando-se em sua cama.

- Hum... só sei que ela sumiu.

- É... depois que pegamos a Julia ficando com a Gabi no barzinho.

- Que? – Abri a boca, nunca imaginei que alguém pudesse trair Micka.

- Pois é, já havia um tempo que eu estava encontrando com Julia sem querer em um barzinho, ela estava sempre com a Gabi, um dia peguei-as aos amassos, não aguentei... Micka é minha melhor amiga, melhor pessoa que conheço, então a chamei lá para ver com seus próprios olhos, pois se contasse ela não acreditaria, até por que, Julia mente muito bem...

- Filha da put*! – Falei com os dentes cerrados.

- Pois é, depois disso Micka correu para casa, tirou suas roupas... e ontem me ligou, dizendo que queria morrer, que não poderia ter se enganado tanto... e disse que estava em um hotel até criar forças e coragem de ir para casa.

- Sabe que hotel ela esta?

- Hum... – Carol mordeu os lábios. – Ela disse que queria ficar sozinha....

- Carol, me fala a porra do hotel. – Estava sem paciência para joguinhos da Micka.

- Esta em um hotel perto do estádio do Corinthians... é um hotel pequeno, se chama Stuart Hotel.

- Stuart? – Ri por um tempo, que nome era esse?

- Pois é... é um hotel bem simples. – Deu de ombros. – Sabe chegar lá?

- Meu coração me leva. – Falei por impulso, já indo para a escada.

- Paula... – Me chamou, me fazendo parar de andar e olhar para ela. – Já te disse que te acho demais?

- Não... – A olhei nos olhos. – Mas obrigada. – Sorri, descendo correndo as escadas do sobrado..