Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Muitos dias depois.

Os dias passaram a galope, no dia seguinte da festa, Leka e Paula me zoaram o tempo todo, na verdade isso durou a semana inteira.

No colégio fugi de Lucas como um gato foge de um cão, eu sabia que teria que por um fim concreto na nossa “relação”, mas eu ainda não sabia como começar a falar, ou melhor, não sabia o que falar.

Eu e Paula estávamos mais unidas do que nunca, todos os dias ela almoçava na minha casa, ou então almoçávamos na casa de Leka, passávamos a tarde conversando, namorando e a noite, bom, as noites eram difíceis. Eu deitava na minha cama, fechava os olhos e sentia Paula pesando seu corpo no meu, sentia seus beijos, seus carinhos e isso me fazia masturbar-me antes de pegar no sono.

Os finais de semanas eram perfeitos, assim que acabavam as aulas já seguíamos para a caminhonete de Paulinha e ficávamos até domingo a noite na sua casa, curtindo a natureza, os cavalos, esse último final de semana levei Brutus, que parecia conhecer Ralph a vida toda, entraram na piscina, no lago, correram no quintal, atrás dos patos... Foi delicioso.

A vida estava muito boa para parecer real, eu estava me sentindo em um conto de fadas, nesses que a história toda parece final, pois nunca acontecem coisas ruins e os personagens só sabem se amar e amar e amar loucamente.

As provas do colégio enfim começaram, primeiro a de matemática, depois a de história, depois a de química... Eram cadernos para um lado, livros para o outro, a calculadora, tadinha, já estava ficando louca de tantos números.

Para prova de português fomos estudar todas juntas na casa de Leka, almoçamos como de costume na casa dela e logo após o almoço abaixar sentamos todas na sala para quebrarmos a cabeça com crases e pretérito perfeito.

Abri meu caderno, Leka abriu o seu, Paula nem tocou em sua mala.

- Não vai pegar seu caderno não? – Leka perguntou para Paula.

- Ah, certamente que vocês tem mais matéria que eu. – Riu, meio sem jeito.

- Você nunca copia nada ne? – Perguntei em busca das respostas que me intrigam desdo primeiro dia que vi Paula.

- Hum, as vezes, mas não com muita freqüência... apenas quando a matéria é muito complicada e não tem como gravar.

- Gravar? – Leka coçou a cabeça. – Você grava tudo na cabeça?

- É... não? – Paula riu.

- Ah, mentira... você vive escrevendo no seu caderno, ou desenhando. Como que presta atenção na aula ao mesmo tempo? – Bati de frente.

Paulinha soltou uma gargalhada carregada, daquelas que pareciam estar presas a anos, trancada nos pulmões.

- Fuxiquenta amor...- ainda sem parar de rir. – Eu presto atenção assim, desenhando, rabiscando, mas quando eu escrevo, bom, é porque a matéria é muito fácil ai me dou ao luxo de desligar-me do mundo e viver meus sentimentos...- pausou. – no papel.

Eu e Leka nos olhamos, olhamos para Paulinha. No meu rosto logo apareceu um sorrisinho malicioso, minha meta do dia seria ler esse caderno.

- Deixa? – Perguntei sem fazer a pergunta.

- Deixo... mas o que? – Riu Paulinha.

- Deixa mesmo? – Sorri super maliciosa.

- Ai, fiquei com medo agora. – Riu, me abraçando. – O que você quer meu amor. – Me beijou no rosto.

- Ver o seu caderno. – Falei assim mesmo, na lata.

- Ai... não sei. Quer dizer... claro que pode, mas já? Meio cedo. – riu.

- Hum. – Falei pensativo.

- Juro deixar o caderno com você quando eu for viajar.

- Viajar? – Leka e eu perguntamos juntas.

Paulinha arregalou os olhos.

- Calma. – riu- Serão apenas alguns dias.

Franzi a sombrancelha, não gostei dessa noticia, muito menos do jeito que foi contada.

- Que viagem é essa Paula? – Perguntei seca.

- Ui... – Falou me olhando nos olhos. - Brava?

- To esperando a resposta. – Passei por cima da sua pergunta.

- Semana que vem é meu aniversário de 15 anos, lembram? – Sorriu de canto de lábio. – Eu escolhi viajar para Disney.

- E ia esperar para falar só quando chegasse na Disney? – Perguntei irritada, tudo bem, não namorávamos, mas poxa ela estava comigo, nos víamos todos os dias e também, ah, também éramos amigas, eu merecia saber antes.

- Mas... ei... calma... eu fiquei sabendo que ia hoje. – Respondeu ficando brava já.

- E não nos vimos desde de manha né? – retruquei.

- Michaella, você esta falando sério? Vai querer brigar por isso? – Paula já estava ficando alterada.

Leka estava só nos olhando, quieta, as vezes fingia ler o caderno. Ela estava super sem jeito, no meio da nossa primeira briga.

- Ah, claro que não amorzinho. Você apenas vai viajar, não me conta,  e claro, eu tenho que entender com o sorriso mais lindo no meu rosto.

- Você sempre tem o sorriso mais lindo no rosto. – Sorriu Paulinha, provocando. – Eu te contei, contei para as duas agora. Desculpem eu esqueci por um tempo que ia viajar. Mas poxa, to contando cara. Que droga, é só uma viagem ninguém morreu.

- Você não da valor nenhum para mim. – Eu estava tão magoada, não sabia o que estava me deixando tão brava, se era a viagem de Paula, ficar longe dela, ou se era realmente por ela ter se atrasado para contar.

- Ah não, não tenho que escutar isso. – Se levantou. – Olha só... não sou eu quem não contei para meu “ficantezinho” de merda que namoro com a minha amiga. – Paula estava muito nervosa, falava alto e rápido. – Oh, fui. – Disse pegando sua mala e saindo porta a fora.

Fiquei olhando para a porta batendo, eu estava com muita raiva, estava magoada, confusa, irritada.

- É... – Leka falou, logo parando e ficando um tempo quieta. – É.... brigaram.- Concluiu séria. Séria ao ponto de me arrancar uma risada rápida.

- Ah, olha o tipo. – Olhei para a Leka e depois para a porta novamente. – Mina louca.

- Falo nada. – leka, erguendo as mãos mostrando estar neutra na situação.

Tentamos estudar, mas minha mente ficou só na Paula, na viagem e no jeito patético com que saiu da casa de Eleonora.