Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

No meio da tarde

Se Brutos não pulasse com seus 40 kg em cima de mim, com certeza eu teria acordado só para o jantar.

- Saiiii cara... – falei com o cachorro, tentando me virar.

Ele lambia minha testa, minha sombrancelha.

-Mas pareeee... – finalmente me virei, empurrando aquela cabeça enorme do meu labrador preto. – Cara, você é muito chato. – Falei olhando para ele, que respirava ofegante, com a língua de fora. Ri, acariciando-o nas orelhas.

Olhei para o relógio, 15:40, me estiquei na cama, me espreguiçando.

-Ahhhhhhhhhhhhhhhhh.... – gemi de preguiça e me levantei... escovei os dentes, retoquei o lápis dos olhos e também o rimel, duas coisas que não vivia sem.  Troquei a roupa, colocando um shorts jeans e uma regata que deixava um decote expressivo. Por mais que eu tivesse 14 anos, sempre fui bem dotada de curvas e seios, poderia facilmente ser confundida com uma mulher de 20 anos, isso é, se não fosse a minha cara de bebe cheirando a leite, claro.

Desci as escadas correndo, entrando logo na cozinha e seguindo para a lavanderia. Peguei a coleira de Brutus, que ao ouvir o barulho saiu disparado em minha direção. Me apoiei na parede para que não caísse quando Brutus enlouquecidamente pulasse contra meu corpo.

- Tudo bem, tudo bem... agora respireee... – Brinquei, colocando a coleira no cão.

Gritei para Mirtiz, a empregada, dizendo que iria dar uma volta com o cachorro e logo voltaria.

Passei na casa de Leka, gritando para ela, que apareceu na janela.

- Vamo dar um “role”...

- Ah... sério? Mas tá sol... – Disse ela, com a cara amassada, marcada do travisseiro.

- Ah... mas é uma preguiçosa mesmo... precisamos conversar.... – falei rindo, e logo fiquei mas seria – mas tá... eu passeio com o Brutus e daqui a pouco eu venho aqui... pra gente terminar o papo do MSN.

Leka riu. – Ah, ta interessada na minha tese heim... venha que eu te falo tudo que acho, vejo, sinto e presinto.- fechou a janela.

Amarrei meu cabelo, pois o calor estava intenso.  Olhei para Brutus, que abanou o rabo para mim.

- Vamos correr rapaz.

Eu tinha que pensar... mas não agüentava mais, o melhor seria apagar qualquer imagem da minha cabeça, e pra isso eu tinha que suar.

Atravessei a rua, indo para o outro lado, aonde tinha uma ciclovia. Comecei a correr com Brutus, que era um ótimo acompanhante, já que meu pai saia para correr com ele todos os dias pela manha.

Corremos durando uns 20 minutos sem parar, até chegarmos na pracinha principal da cidade. Aquelas que vimos em filmes e novelas, aonde tem um mercadinho, uma igreja gigante e a prefeitura ao lado.

Brutus me arrastou até a fonte da cidade, mergulhando o corpo todo na agua. Coloquei a mão na cabeça, esse cachorro ainda ia me matar de vergonha. Puxei-o, tirando-o de dentro da fonte, ele se chaqualhou, respingando um pouco de agua pelo meu corpo.

Comprei duas garrafas de agua, dei uma para Brutus, que lambia o gargalho desesperadamente, até secar toda a garrafinha. Tomei metade da minha quase em um gole só.  Passei um pouco de agua no rosto, pra tirar um pouco do suor e me refrescar.

Descansamos um pouco, andando pela pracinha. Soltei Brutus para que ele pudesse se sentir mais a vontade. Não sei da onde esse cão tirava tanta energia. Correu mais um pouco pela praça, entrou novamente na fonte, bebeu água da fonte. Chemei-o, coloquei sua coleira e quando deu 17:20, fomos voltando para casa.

Ao virarmos a esquina dei de frente com Paula. Admito que levei um susto, dando uma puxada em Brutus.

Paula abriu um sorriso enorme para mim e abaixou seu olhar para Brutus, que ainda estava um pouco úmido.

- Oh, e quem é esse amigão? – Falou sorrindo e acariciando a cabeça de Brutus, que abanava o rabo freneticamente.

- Esse é o chato – Brinquei... – Se chama Brutus, meu cachorro, bom, na verdade do meu pai, mas ele é meu também. – Ri.

- Ah, que lindinho – Disse sem parar de acariciar o cão – Ei Brutus, você tem que conhecer o Ralph. – conversou com o cão.

- Viu Brutus... já recebeu um convite heim... – Brinquei, fazendo com que Paula risse e se levantasse, me olhando. – Tudo bem Micka, você pode ir também.

- Ah, muito obrigada... achei que só o Brutus que estava com moral. – Ri.

Paula riu também, mas se silenciou quando seu celular tocou. Ela o pegou, olhando no visou. Também dei uma olhadinha, estava escrito Cláudia.

- Pare de me ligar... eu não suporto você – Gritou Paula e desligou o telefone.

Arregalei meus olhos, olhando-a assustada.

Paula deu uma risadinha.

- Ah... já avisei mais de 1000 vezes para parar de me ligar.

- Eita... mas o que ela fez de tão mal pra você?

- Putz... longa historia...

- Bom, eu tenho que levar Brutus pra casa...

Paula me olhou. – Tudo bem... eu te conto outro dia.

- Não... se você quiser me acompanhar... temos uns 30 minutos de caminhada... – falei sorrindo.

- Nossa... só vou porque seu super parceira heim. – Sorriu.

- Ok, ok parceira... vamos – puxei ela ao meu lado, e fomos andando para minha casa. – agora diz... o que a Cláudia fez. – Sorri.