Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

O mundo de Paula.

Após Michaella revelar ter ficado com alguém eu entendi a besteira que estava fazendo.

Meu coração ainda estava machucado, sangrando a ponto de me tronar medrosa. Meu medo da decepção me fez abrir mão de um sentimento que estava clareando meus dias.

Tentei disfarçar minha tristeza enquanto ela e Eleonora estiveram aqui em casa, fiquei puxando assuntos banais como os professores do nosso colégio, ou então sobre a saudades que sentia de comer feijão.

Assim que nos despedimos, me tranquei no quarto e deixei minhas lágrimas sujarem a fronha limpa do meu travesseiro.

Meu ciúmes era tanto que minhas unhas foram devoradas em puro desespero e ansiedade.

Quem era essa tal de Max? Como ela seria? Como seria Michaella com ela? Será que sorria com o seu melhor sorriso? Olhava-a com aqueles olhos claros de princesa? Minha mente bagunçava toda a razão que eu achei ter até esse momento.

Será que seu eu ligasse, implorasse ela largaria essa Max? Mas implorar seria impossível. Ligar seria doloroso. Meu orgulho me obriga ficar quieta, vendo a “minha” menina em outros braços.

Tentei dormir mesmo sem sono, rolei pela cama até desistir.

Vesti um casaco e sai pela porta a fora de casa. Passei por Ralph que estava ao lado da cadeira de balanços na varanda. Ele me viu abanando aquele seu rabo plumoso. Afaguei-o na cabeça e orelhas. Me abaixei, ficando na sua altura. Olhei em seus olhos procurando a ternura de um cuidado. Abracei-o deixando mais lágrimas escorrerem de meus olhos.

- Porque heim Ralph? Por que a gente não pode ser feliz? – Sussurrei ao meu fiel melhor amigo, na esperança que esse pudesse me desvendar um dos mistérios da vida.

Levantei-me, caminhando pelo quintal de casa. Ralph sempre ao meu lado. As luzes das cocheiras estavam acesas, como um convite. Fui até elas, cautelosamente para não pisar em nenhum buraco pelo caminho, já que estava escuro aqui fora.

Entrei nas cocheiras, sendo recebida por relinchos dos cavalos que lá estavam. Desde que viajei não os via. Menino, meu cavalo branco, colocou sua cabeça simetricamente perfeita para fora. Me debrucei em sua porta, acariciando seu rosto.

- Ei grandão. – Sorri para ele, sem muita vontade.

Fiquei ali, acariciando-o e lembrando do dia em que Micka o montou. Minha mente voou baixo, até os fenos espalhados pelo seleiro,me fazendo recordar do nosso primeiro beijo. Fechei meus olhos e foi como sentir o toque de seus lábios molhados nos meus.

Ralph latiu me fazendo sair do transe em que me encontrava.

- Oi seu Zé. – Cumprimentei o cavalariço que trabalhava para meus avós desde muito antes do meu nascimento.

- Como vai sinhazinha?

- Dando um passo de cada vez. – Sorri, saindo das cocheiras e voltando para casa.

Ao chegar no meu quarto, percebi que meu celular brilhava mais do que as placas de Las Vegas. Peguei-o, lendo a mensagem que tanto berrava nele.

“Espero que você esteja bem amiga. Não sei se Micka percebeu, mas eu senti o gelo que seu coração levou. Precisando me liga. Beijos Leka.”

Respirei profundamente, eu já fui melhor em disfarçar meus sentimentos. Pelo menos Michaella era desligada demais para notar.

Pensei por um tempo se ligaria para Eleonora ou não, como precisava aliviar meu coração disquei para seu celular e passamos até a metade da madrugada conversando.

Ela tentando me convencer a ser menos orgulhosa e eu rebatendo dizendo que Michaella já estava em outra, outra que fazia-a bem.