Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Acorrenta-se um coração.

Indignada já não era mais um adjetivo para mim, eu estou completamente decepcionada.

Tudo bem, eu causei isso, sou refém do seqüestro de mim mesma. Eu errei sem pensar nas conseqüências que poderia ocasionar.

Michaella se mostrou curada, enquanto eu me lamento de cada palavra que lhe disse, ela me apresenta sua namoradinha nova?!! Joga na minha vida essa visita indesejada e espera sorrisos de minha parte?

Quando a vi, parada na frente do colégio meu sangue ferveu como lava de vulcão, tive que repensar 10 mil vezes no que espero para mim para não despencar em pleno choro. Eu surtei.

Surtei quando me deparei com seus lábios encostados, com Michaella entregue, doada para aquela estranha. Meu coração entrou em colapso. Eu, tão independente dos meus sentimentos me vi perdida, enciumada, com um nó na garganta, uma vontade nojenta de chorar.

Eu não iria chorar, eu não vou chorar. Engoli cada lagrima que desejava escapar. Me mantive forte, calculando minhas ações, controlando minha respiração.

Me fiz guerreira de uma batalha que o derrotado era o meu coração e o vencedor era meu amor próprio.

Assim que o novo casal se mandou eu pude aliviar minha tensão, subi para o quarto de Leka, na companhia dessa e me pus a pensar.

Como a vida complica, estava tudo cômodo, tudo andando, devagar, mas se indireitando. Eu estava confiante, talvez pudéssemos tentar novamente. Não hoje, não agora. Mas em breve. E então tudo é inundado por uma onda de tsunami.

Mordia minhas unhas, balançava meus pés. Eram tantas frases, tantos momentos passando pela minha mente que despluguei do meu interior quando ouvi pelo meu subconsciente pela quinta vez leka falar:

- Tá tudo bem com você?

- Desculpa, estava viajando. – Sorri.- Claro que estou bem, tenho motivos para o contrario?

- Hum, tem... vários.

Mordi o canto direito do meu lábio inferior. Pensei em mil e uma desculpas para fugir desse papo, mas incrivelmente estava amolecida, parecia uma mantega derretida, incapaz de fugir do que me magoava.

- Eu vi Michaella e Max se beijando.

- Nossa. – Eleonora colocou a mão na cabeça. – Aqui? Beijão?

- Sim, aqui, o que achei completamente desrespeitoso, porém não vem ao caso. Estavam se beijando, de língua.

- Caramba, isso quando você veio chama-las né? Ficou tão quieta no almoço.

- Certo. Fiquei, estava me controlando. Não gosto de fraquezas mas infelizmente hoje não deu para ser forte. – Respirei fundo, controlando as lágrimas.

- Nem sempre podemos ser fortes amiga. – Eleonora veio para perto de mim, me puxando para um abraço.

Detesto quando fazem isso, esse tipo de ação me arranca um tipo de reação de desprezo. Eu perco o auto-controle e quando percebo estou aos prantos, parecendo mais uma dessas menininhas apaixonadas.

Chorei, não agüentei mais a pressão das lágrimas. Estava com o lápis de olho borrado, a cara inchada. Arruinada.

- Ela não podia ter feito isso Leka.

- Mas amiga, você deu um pé na bunda dela.

- Não... quer dizer... sim! – Me soltei do abraço, ficando cara a cara com Leka. – Mas mesmo assim, ela não podia ter feito isso.

- Amiga. – Leka riu. – Vocês tem que parar com isso. Olha só, se você gosta da Micka, corre atrás. Tenho certeza que ela larga a Maxxie e volta pra você.

- Que? – Eu gargalhei. – Eu correr atrás? – Gargalhei mais uma vez. – Prefiro morrer em constante lamúria do que me rastejar.

Acredito que assustei Eleonora, pois me olhou me fuzilando, balançou a cabeça e disse:

- Quando você tiver coragem... será tarde demais.

Não a retruquei, fiquei pensando em seus conselhos, pensando em Michaella, pensando no beijo.

Tudo aquilo que estava guardado para nós desmoronou. Um castelo de areia que uma onda do mar levou.

Se antes teria uma chance de voltarmos, agora já estava roxa, morta, afogada.

Michaella seguiu a vida, certo? Então nada mais justo do que eu seguir a minha. E não me contentarei apenas com uma surfistinha.